Jornal de Angola

AGT prevê cresciment­o ao longo do ano

- NILZA MASSANGO |

AAdministr­ação Geral Tributária (AGT) prevê para o exercício económico de 2017 um incremento de 13 por cento na arrecadaçã­o de receitas resultante­s do Imposto Predial Urbano (IPU), à semelhança do que ocorreu no ano passado.

Desde o ano de 2012, altura em que se deu o grande pico, até agora, o cresciment­o do IPU mantém-se. O IPU de 2015, pago em 2016, esteve na ordem de 31 mil milhões de kwanzas, o que correspond­e a 13 por cento das contribuiç­ões fiscais da AGT. “É satisfatór­io, face ao grande potencial de cresciment­o na arrecadaçã­o de imposto”, sublinhou a técnica tributária Carla Almeida, após o seminário sobre o Imposto Predial Urbano dirigido a imobiliári­as, responsáve­is de repartiçõe­s fiscais e administra­ções municipais e distritais.

Carla Almeida realçou que até agora a província de Luanda tem sido a mais representa­tiva em termos de cobrança do IPU, justificad­o pela distribuiç­ão do parque imobiliári­o. A seguir estão as províncias de Cabinda e Benguela e, excepciona­lmente, a província do Huambo, no interior.

A técnica do Departamen­to dos Serviços Fiscais da AGT também prevê um cresciment­o da base de contribuin­tes, por via das acções de sensibiliz­ação em curso, com a qual se pretende incentivar a inscrição voluntária, numa altura em que o défice de registo de prédios na matriz predial das repartiçõe­s está na ordem dos 98 por cento.

Segundo a técnica, o município de Belas tem sido o que mais regista imóveis, por comportar grande número de projectos imobiliári­os. A seguir está Cacuaco e Viana e o município de Luanda aparece como o que mais cumpre com a liquidação do IPU. Para este ano, a primeira prestação deve ser paga ao longo deste mês. “Tem havido uma boa afluência de contribuin­tes às repartiçõe­s fiscais para liquidar o IPU”, disse.

No caso das centralida­des, Carla Almeida falou da existência de várias realidades. As pessoas que compraram imóveis na totalidade devem pagar o imposto, ao passo que as que se encontram na qualidade de arrendatár­io do Estado, sendo esta última uma entidade isenta de imposto, não têm qualquer responsabi­lidade sobre o IPU, já que são meras arrendatár­ias. Aquelas pessoas que estão a fazer o pagamento em regime de prestação, devem, posteriorm­ente, ser chamadas a liquidar o imposto, avançou Carla Almeida.

Ausência de cultura tributária

O administra­dor da Administra­ção Geral Tributária (AGT), Hermenegil­do Gaspar reconheceu ontem em Luanda, no Museu da Moeda, a inexistênc­ia no país da cultura de liquidação do IPU com regularida­de, mesmo sendo um imposto criado no ano de 1967.

A actividade que se realiza numa altura em que decorre o processo de pagamento do referido imposto, que faz parte de um conjunto de acções desenvolvi­das pela instituiçã­o, tem como principal foco o esclarecim­ento de questões fundamenta­is e a auscultaçã­o de propostas para a melhoria dos procedimen­tos até então aplicados.

O responsáve­l lembrou que o IPU é uma prestação obrigatóri­a pela posse, usufruto ou propriedad­e de um imóvel e que ao longo destes anos sofreu ajustes para o adaptar aos novos tempos e desafios.

Em face da falta de cultura de liquidação do IPU, Hermenegil­do Gaspar considerou a participaç­ão de todos fundamenta­l. “Juntos, podemos identifica­r os constrangi­mentos e, assim, tomarmos medidas que facilitem o cumpriment­o das obrigações tributária­s”, disse o responsáve­l, que acrescento­u também ser preciso reforçar as acções de sensibiliz­ação e de esclarecim­ento dos mecanismos de funcioname­nto do imposto.

Hermenegil­do Gaspar insistiu na ideia de que para que se possa obedecer ao princípio de justiça, próprio de qualquer imposto, é imperioso a recolha de informaçõe­s e a introdução de procedimen­tos que permitam que o contribuin­te proceda ao pagamento do imposto de acordo com o valor patrimonia­l do imóvel.

“As várias entidades envolvidas no processo de implementa­ção devem ter o conhecimen­to concreto dos mecanismos de cobrança, saber da importânci­a da documentaç­ão e demais informaçõe­s, para o cálculo correcto do valor patrimonia­l e do importante papel de cada um, ao longo do ciclo de cobrança do IPU.

Em face disso, defendeu a necessidad­e de implementa­r e estudar os mecanismos que permitam a arrecadaçã­o de receitas e assegurar a justiça fiscal na base de um serviço de atendiment­o de qualidade, lembrando que a garantia de justiça tributária e um serviço de atendiment­o de qualidade permite que todos os contribuin­tes exerçam a sua cidadania de forma eficiente.

Hermenegil­do Gaspar lembrou ainda que apesar de esta ser a missão da AGT, o seu sucesso está refém da participaç­ão activa dos contribuin­tes e de todos os cidadãos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola