Administração do Seles manda desmatar terras
A administração municipal do Seles, Cuanza Sul, inicia este ano a devastação de dois mil hectares de terras aráveis destinadas à plantação do café, anunciou ontem à Angop, naquela localidade, o administrador municipal.
João Daniel Nunes disse que esta aposta vai permitir que se criem empresários agrícolas capazes de tornar o cultivo do café mais forte e sustentável. “Queremos que a produção do café atinja grandes colheitas e o município se torne um grande produtor, sobretudo de café arábica,” disse o administrador.
Assegurou que, a par da distribuição de terras, serão entregues as plantas de café. Na Comuna da Amboiva, Seles, cerca de 20 hectares de terras são cultivadas com a plantação de mais de 27 mil mudas.
Em Novembro, as autoridades do Seles iniciaram um projecto de relançamento da produção de café arábica em Amboiva, para a reinserção social e produtiva de ex-militares.Com um total de 68 hectares, o projecto contempla igual número de beneficiários. Na semana passada, pelo menos 20 hectares já tinham sido desmatados, permitindo que 20 ex-militares e respectivas famílias fossem inseridos no processo de produção.
O director-geral do Instituto Nacional do Café (INCA), João Ferreira Neto, visitou o local da desmatação na semana passada e manifestou satisfação com o curso do projecto, anunciando a expansão da iniciativa a Benguela, Huambo, Bengo e Cuando Cubango.
Na o casião, o mesmo responsável anunciou a estratégia de aumentar de mil para dois mil pés plantados por hectare. “Para rentabilizarmos as parcelas devemos plantar dois mil pés por hectare”, referiu João Ferreira Neto, que solicitou a intervenção do sector privado para o êxito do projecto que tem como principal objectivo apoiar os cidadãos que se engajaram na luta pela libertação e defesa da Pátria.
A 10 de Março do ano passado, o INCA lançou um programa com o objectivo de triplicar a produção cafeeira do país em dois anos. O Director Nacional do INCA afirmou à Angop, naquela altura, que o programa não é baseado no estímulo da cultura, mas no apoio aos que já produzem café no país. Desse modo, o instituto previa a entrega de 250 milhões de mudas, o que aumenta a produção anual do grão de dez mil para 30 mil toneladas.
Angola, que já chegou a ser o quarto maior exportador de café do mundo, vê hoje esse potencial como uma forte oportunidade de diversificação da produção. Estudos do INCA apontam que o país tem capacidade para, no médio prazo, produzir 50 mil toneladas de café comercial por ano. Actualmente, a matéria-prima é produzida numa área total de 18 mil hectares distribuídos em dez das 18 províncias.