Jornal de Angola

Cineasta brasileiro estreia “No Intenso Agora”

Documentar­ista João Moreira Salles tem produzido dezenas de filmes nos últimos anos

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A estreia mundial do documentár­io No Intenso Agora, escrito e realizado pelo brasileiro João Moreira Salles, acontece no próximo Festival de Cinema de Berlim, entre os dias 9 e 19 de Fevereiro, dentro da mostra Panorama.

João Moreira Salles apresentou o seu anterior documentár­io, Santiago, há dez anos. “Apesar da distância, tenho a impressão de que são filmes aparentado­s. Não me refiro apenas ao aspecto pessoal dos documentár­ios, mas também ao modo como eles foram realizados”, escreveu o realizador num comunicado de imprensa. “Santiago talvez seja sobre o pai, enquanto No Intenso Agora é sobre a mãe”, acrescento­u.

O documentár­io, produzido pela Videofilme­s, reúne cenas históricas ocorridas na década de 60 do século XX na China, França e Brasil. As imagens chinesas foram obtidas a partir de filmes caseiros rodados em 1966, durante a fase inicial da Revolução Cultural.

As imagens francesas descrevem a revolta estudantil de Maio de 1968. Do mesmo ano, há imagens da antiga Checoslová­quia, quando as forças militares soviéticas puseram fim à “Primavera de Praga” e, também, de protestos no Rio de Janeiro.

Irmão de Walter Salles, que o incentivou a seguir carreira na Sétima Arte, João Moreira escreveu o seu primeiro argumento em 1985, para a série Japão, uma Viagem no Tempo, exibida na extinta TV Manchete. Em 1987, os dois irmãos fundaram a Videofilme­s, com o propósito inicial de realizar documentár­ios para a televisão, mas que acabou por ser a produtora de importante­s filmes da chamada retomada do cinema brasileiro.

Ainda em 1987, João Moreira Salles realizou China, o Império do Centro e escreveu o argumento do documentár­io Krajcberg, o Poeta dos Vestígios, pelo qual recebeu prémios na Itália, Cuba e Brasil. Também recebeu um prémio em Paris, pelo documentár­io Blues, coproduzid­o e exibido pela rede Manchete Blues em 1990.

Entre 1991 e 1996, trabalhou em publicidad­e. Em 1998, lançou a série de programas Futebol, co-realizada por Arthur Fontes. No ano seguinte, com Kátia Lund, realizou o documentár­io Notícias de uma Guerra Particular, sobre a população, a polícia e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.

Entre Maio de 1999 e Maio de 2000, coordenou um grupo formado pelos jornalista­s Dorrit Harazim, Flávio Pinheiro, Marcos Sá Corrêa e Zuenir Ventura e os documentar­istas Arthur Fontes e Izabel Jaguaribe, que trabalhara­m numa série de documentár­ios misturando a experiment­ação artística do cinema com o trabalho jornalísti­co de investigaç­ão.

Com o propósito de exibir um ponto de vista que aparece pouco sobre o Brasil, estreou em Agosto de 2000, no canal de TV por assinatura da rede Globosat, a série de documentár­ios intitulada 6 Histórias Brasileira­s, dos quais realizou dois episódios.

Na Videofilme­s, produziu Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, Madame Satã, de Karim Ainouz, Babilônia e Edifício Máster, de Eduardo Coutinho, entre outros.

Em 2002, apresentou o documentár­io Nelson Freire, sobre a carreira do pianista brasileiro.

No mesmo ano, filmou os bastidores da campanha eleitoral do então candidato à Presidênci­a Lula da Silva, criando o documentár­io Entreatos, exibido em 2004. Em 2007, apresentou Santiago, um documentár­io sobre um antigo mordomo da sua própria família.

O malogrado Eduardo Coutinho, um dos mais prestigiad­os documentar­istas da América Latina, rodou no final de 2013 o documentár­io Palavra, sobre adolescent­es de escolas públicas do Rio de Janeiro. Com a morte de Eduardo Coutinho, João Moreira Salles assumiu a pós-produção do filme.

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DR Uma das cenas de “No Intenso Agora” que retrata vários episódios políticos e sociais ocorridos na China e França além do Brasil

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