Directores anunciam planos para revitalizar teatros
Os teatros Volksbühne e Berliner Ensemble, na capital alemã, têm novos directores que anunciaram a implementação de um conjunto de acções, este ano, para revitalização desses espaços culturais, entre os mais prestigiados da Europa.
No Volksbühne (Palco do Povo), o curador belga Chris Dercon, da Tate Gallery of Modern Art de Londres, vai assumir a chefia no lugar de Frank Castorf, e anunciou que deseja extrapolar os limites físicos do prédio levando a arte à rua, com o intuito de olhar para um público que não tem o hábito de assistir às peças ali apresentadas. No Berliner Ensemble, o novo director, Oliver Reese, promete fazer transformações nesse histórico espaço fundado por Bertolt Brecht, destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX, num centro de produção contemporânea, na tentativa de descobrir grandes talentos entre novos autores.
Oliver Reese, que assume o cargo em Agosto, apontou como pontos fortes a inovação do espaço com a criação de uma oficina de teatro, e um enfoque maior em Bertolt Brecht e nos seus discípulos, como o dramaturgo Heiner Müller.
“Brecht é a nossa marca, assim como o Berliner Ensemble é uma das marcas mais famosas de Berlim”, disse o director Reese, prometendo um palco que expresse as contradições existentes na sociedade e que seja aberto a novos autores, ao contrário do modelo de Claus Peymann, considerado conservador, com um pouco de Brecht requintado por outros autores já consagrados. Com essa ideia, Reese tem em vista destacar-se entre a concorrência de mais 149 teatros que existem em Berlim. Peymann, que ficou famoso como director do Burgtheater de Viena, apostou mais nos autores e directores famosos, fazendo do palco situado no centro histórico de Berlim um ímã de público, com uma média de 90 por cento da casa lotada nos espetáculos. Reese deseja abrir mais espaço a novos criadores e fazer do teatro uma experiência mais de acordo com os tempos actuais. A imprensa local, em Berlim, aponta que a cena teatral da cidade, com casas altamente subsidiadas, tem oferecido pouco espaço a autores contemporâneos, comparando a troca de directores no antigo teatro de Brecht à sucessão do Papa Bento XVI no Vaticano por Francisco I. Segundo o semanário “Die Zeit”, trata-se de “uma batalha no Vaticano da cultura: o cardeal tradicionalista Peymann contra o reformador Oliver Reese”.