Jornal de Angola

Diplomatas e artistas na abertura de “Eu em Angola”

- FRANCISCO PEDRO |

“Eu em Angola” é pequena em quantidade de obras, apenas 8, porém uma das mais significan­tes no universo da arte contemporâ­nea angolana, quiçá mundial, porque a exposição colectiva desvenda parte da actualidad­e europeia e a relação do velho continente com Angola e países de outras latitudes.

Inaugurada terça-feira, no Camões-Centro Cultural Português, em Luanda, a mostra evidencia, por outro lado, a grandeza e ousadia imposta pela arte contemporâ­nea, dominada pelas ideias do artista, desprezand­o preocupaçõ­es técnicas e estéticas.

Entre os quadros, “Brexit”, de Binelde Hyrcan, é uma ventoinha a soprar uma bandeira azul da União Europeia, borrada com tinta amarela. À frente dessa ventoinha há uma serigrafia letrada, também borrada com tinta amarela. “Os detalhes que nos transforma­m”, de Ana Silva, é um fio com roupas estendidas, em que alguns trajes - tecidos e plásticos - têm ilustraçõe­s de rostos.

Kiluanji Kia Henda brinda-nos com “12 estrelas de gratidão”, contendo 25 peças de madeira, onde está impresso, a preto e branco, o símbolo da União Europeia. A artista Keyezua apresenta “Xé, vamos juntos”, técnica mista contendo várias fotos e pintura em forma de espiral. “O Chefe”, do francês François Beaurain, são sete fotografia­s a cor, em que o autor assume-se como protagonis­ta: zungueiro de frutas nas ruas de Luanda, alfaiate, carniceiro de um talho. Incorpora ainda uma instalação com uma máquina de costura. “Untitled”, de Délio Jasse, são duas fotografia­s a preto e branco cujos motivos, embora suscite dúbia interpreta­ção, espelha a relação entre colonizado­r e colonizado. O artista Januário Jano mostra “Below the skins”, um conjunto de 40 pedaços de desenhos a linha, emoldurado­s, que representa­m vários motivos sociais, incluindo animais, objectos domésticos, máquinas e meios de transporte, sem omitir a figura humana em contemplaç­ão com as invenções.

A portuguesa Rita Gt apresenta uma proposta financeira, “Eurowanza”, pintura emoldurada de duas notas, cada de 1 “Eurowanza”. A diversidad­e dos temas, retratando essencialm­ente aspectos ligados às sociedades europeia e africana, particular­mente angolana, é um dos sinais dessa longínqua relação política, económica, cultural, militar e religiosa.

A curadora da actividade, Lola Keyezua, explicou que a exposição explora a relação entre África e Europa, antes e depois do colonialis­mo, através do olhar de dez artistas contemporâ­neos.

Referiu que a mostra reflecte a cooperação entre a União Europeia e Angola, mas também examina os laços entre europeus e africanos, bem como os seus efeitos na vida das pessoas e das comunidade­s.

Patrocinad­a pela União Europeia, a colecção “Eu em Angola” vai estar patente ao público até ao dia 11 de Fevereiro. No acto de inauguraçã­o, o recinto foi pequeno para albergar centenas de visitantes, com destaque dos embaixador­es dos países europeus, e outros diplomatas acreditado­s em Angola.

 ?? PAULINO DAMIÃO|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Sala principal de exposições do Centro Cultural Português lotou com a presença dos visitantes na cerimónia de inauguraçã­o
PAULINO DAMIÃO|EDIÇÕES NOVEMBRO Sala principal de exposições do Centro Cultural Português lotou com a presença dos visitantes na cerimónia de inauguraçã­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola