Candidata angolana é comissária da União Africana
Engenheira Josefa Sacko obteve o voto da maioria depois da repetição do escrutínio
A candidata angolana ao cargo de comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultura, Josefa Sacko, foi ontem à noite eleita com 47 votos depois da anulação do primeiro escrutínio por irregularidades e a realização de outro.
De acordo com a comissão técnica ontem criada para a repetição do escrutínio, Josefa Sacko obteve o voto da maioria dos Estados africanos. Tete António, o candidato ao cargo de comissário para os Assuntos Políticos, não teve os votos necessários na repetição do escrutínio.
A União Africana passa a ser presidida desde ontem pelo Chefe de Estado da Guiné Conacri, Alpha Condé, enquanto a presidência da Comissão passa para o ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Moussa Faki Mahamat.
Estas decisões foram anunciadas ontem durante a 28.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, a decorrer até hoje em Addis Abeba, capital da Etiópia.
Moussa Faki Mahamat sucede no cargo à sul-africana Nkosazana Dlamini Zuma, que não se candidatou ao segundo mandato de quatro anos a que tinha direito. Moussa Mahamat venceu a ministra dos Negócios Estrangeiros do Quénia, Amina Mohamed Jibril, depois de sete idas ao voto.
O Presidente da Guiné Conacri, Alpha Condé, substitui no cargo rotativo de dois anos o Chefe de Estado do Chade, Idriss Déby. O agora presidente da Comissão da União Africana é um conhecido diplomata chadiano com experiência na resolução de conflitos e na luta contra o terrorismo, e esteve à frente da diplomacia do seu país nos últimos nove anos.
Os Chefes de Estado e de Governo aprovaram ontem a reintegração do Reino do Marrocos na União Africana. O líder da Frente Polisário e Presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, já saudou a decisão, considerando que só assim vai ser possível convencer Rabat a aceitar a realização de um referendo e ouvir o que pensam as populações dos territórios ocupados sobre o seu futuro.
Encontro com Guterres
O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, representa na Cimeira o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos. Manuel Vicente teve ontem durante o almoço um encontro com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que com o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, e o Vice-Presidente de Cuba, Salvador Valdez Mesa, são os convidados de honra desta Cimeira. No seu discurso em inglês, francês e português, na abertura da Cimeira da União Africana, António Guterres defendeu políticas de emprego para que os jovens africanos não sejam presas fáceis do terrorismo.
Ainda ontem, o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, teve um encontro de cortesia com a presidente cessante da Comissão da União Africana, Dlamine Zuma, a quem fez a entrega de uma estátua de mulher mumuíla, como sinal de reconhecimento dos seus esforços em prol da emancipação da mulher.
Assistiram ao acto, que decorreu no gabinete de trabalho de Dlamini-Zuma, no 18º andar da sede da União Africana, as ministras da Cultura, Carolina Cerqueira, da Família e Promoção da Mulher, Filomena Delgado, e o secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto.
Distinções na UA
A Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) distinguiu ontem Cabo Verde com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença, cuja taxa de incidência e mortalidade sofreu uma redução de 40 por cento no país.
Com o mesmo prémio foram ainda distinguidos, durante a abertura ontem da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, o Botswana, Ilhas Comores, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Swazilândia e Uganda, pelos resultados na redução da taxa de incidência e de mortalidade do paludismo. O Chade foi distinguido pelo seu papel de liderança na luta contra a malária.
Segundo a Aliança de Líderes Africanos contra a Malária, Cabo Verde fez grandes progressos e alcançou excelentes resultados no seu programa de controlo da malária e teve uma elevada classificação nos seus sistemas de gestão do sector público.