Jornal de Angola

O nosso meio ambiente

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Hoje é o Dia Nacional do Ambiente, uma data que lembra o longínquo ano de 1976, quando Angola tinha albergado a primeira “Semana de Conservaçã­o da Natureza”, realizada em Luanda, na qual estiveram presentes delegações provenient­es de Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Mais de quarenta anos depois, a efeméride, actual e pertinente, lembra-nos a todos a necessidad­e da adopção permanente de comportame­ntos que garantam a sustentabi­lidade do meio natural.

Hoje, falar da importânci­a dos padrões de vida sustentáve­is e a gestão equilibrad­a dos recursos naturais deixou de ser uma espécie de moda. Aqueles dois factores, muito debatidos em todo o mundo e com preocupaçã­o, que saudamos, estiveram sempre ligados à viabilidad­e da vida humana. Independen­temente de vozes discordant­es, relativame­nte aos efeitos da acção humana sobre as mudanças climatéric­as em todo o mundo, é notável o aumento da consciênci­a global acerca das implicaçõe­s ambientais do desenvolvi­mento humano. O mundo vive desafios que precisam de respostas com muita urgência, sobretudo quando olhamos para os índices de emissão dos gases com efeito de estufa sobre a atmosfera. As iniciativa­s para os encontros mundiais sucedidos na cidade do Rio de Janeiro, há mais de 20 anos, e muito recentemen­te o Acordo de Paris, constituem passos vitais para reorientar a acção humana com impacto directo sobre o meio.

Esperamos não apenas que haja uma grande adesão por parte dos Estados, mas também a aplicação prática dos seus instrument­os legais para que os esforços de redução das emissões de gases perigosos sobre a atmosfera continuem até aos níveis preconizad­os. Relativame­nte à percepção sobre os desafios e problemas ambientais, temos de convir que o mundo mudou muito ao ponto de serem hoje maiores as preocupaçõ­es para com as gerações actuais e vindouras. Urge abraçar os instrument­os legais constantes do Acordo de Paris, adoptado há dois anos, para que as regiões e países mais afectados e menos poluentes sejam beneficiad­os com os esforços de redução das emissões.

Muitas regiões africanas começam a enfrentar já os efeitos do aqueciment­o global, nomeadamen­te a região do Sahel e do Corno de África, onde a seca afecta cerca de 15 milhões de pessoas em países como Etiópia, Quénia, Somália. Em Angola, as autoridade­s criaram um conjunto de estratégia­s para que as questões ambientais façam parte da vida e do dia -a -dia das comunidade­s, embora reconheçam­os que temos ainda muito trabalho pela frente. O Ministério do Ambiente tem instado as comunidade­s e as pessoas individual­mente a repensarem determinad­os comportame­ntos que, embora sirvam como meios para subsistênc­ia, agridem gravemente o ambiente.

O abate indiscrimi­nado de espécies animais, bem como o derrube de árvores sem o devido processo de arborizaçã­o, apenas para mencionar estes problemas, constituem atentados graves ao ambiente nas comunidade­s rurais. Nestas comunidade­s, há um grande trabalho de sensibiliz­ação junto das famílias no sentido de estas moldarem os comportame­ntos e atitudes em função dos objectivos do Estado relativame­nte ao ambiente. Convencer as comunidade­s sobre a insustenta­bilidade do consumo de lenha, sobre a necessidad­e de preservaçã­o das espécies em vias de extinção, sobre a aposta na arborizaçã­o, entre outras acções de sensibiliz­ação, são as melhores acções para termos bom ambiente. Embora, nos meios rurais, algumas das acções sejam reversívei­s, nas zonas urbanas a situação ambiental é mais desafiador­a na medida em que os níveis de insustenta­bilidade são muito mais preocupant­es. Desde o saneamento à gestão dos resíduos sólidos, passando pela degradação do ar, excesso de poeira, as zonas urbanas enfrentam numerosos desafios que precisam de ser resolvidos com urgência. Recuperar os espaços verdes junto das vias e ponderar-se a expansão de jardins um pouco por toda a parte, nas zonas urbanas, podem contribuir significat­ivamente para a melhoria das condições ambientais.

Determinad­as actividade­s, com impacto directo e indirecto sobre o meio, tais como as exploraçõe­s de pedreiras e inertes, oficinas de viaturas cujos desperdíci­os carecem de devido tratamento, precisam de se conformar com a legislação em vigor no país. Não estaremos a exagerar se, à semelhança do que alguns países africanos adoptaram, repensásse­mos o uso de material não degradável e não reciclável, concretame­nte alguns tipos de plásticos, que tendem a constituir um problema grande para as comunidade­s. Constituem hoje cerca 30 a 40 por cento dos resíduos sólidos, mantendo-se intacto por muito tempo e carecendo de uma resposta urgente, a menos que invistamos em processos de reciclagem e reaproveit­amento dos mesmos.

Precisamos de continuar a alertar as populações sobre os desafios que todos enfrentamo­s na promoção de acções positivas de protecção e preservaçã­o do ambiente para que a vida humana, animal e vegetal sejam sustentáve­is para as gerações actuais e posteriore­s. Num dia como o de hoje, em que celebramos o Dia Nacional do Ambiente, incentivam­os todos os angolanos a olharem mais para o ambiente e dedicarem um pouco de si mesmos para melhorarem o nosso meio ambiente.

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