Medidas desalinhadas no combate ao terrorismo
Britânicos recolhem assinaturas para impedir visita do Presidente Donald Trump ao país
A Chanceler alemã, Angela Merkel, em reacção às medidas dos Estados Unidos, afirmou que a luta global contra o terrorismo não é desculpa para proibir que refugiados ou pessoas de países de maioria muçulmana entrem nos Estados Unidos.
A apreciação de Merkel foi tornada pública no domingo através do seu porta-voz. “A Chanceler está convencida de que mesmo a necessária e decisiva batalha contra o terrorismo não justifica colocar pessoas de um passado ou fé específicos sob suspeita geral”, disse o porta-voz Steffen Seibert.
Angela Merkel, que está em desacordo em muitas matérias com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lamenta a proibição da entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, que vai rever as consequências para os “cidadãos alemães com dupla nacionalidade e que a Alemanha representa os seus interesses, se necessário, em relação aos parceiros dos EUA”. Steffen Seibert expressou preocupações com as medidas de Trump durante um telefonema, no sábado, e lembrou que as Convenções de Genebra exigem que a comunidade internacional receba refugiados de guerra por motivos humanitários.
As declarações de Seibert são os primeiros indicativos de discórdia entre Merkel e Trump sobre o tema, depois de outros como a NATO e as políticas de comércio com a União Europeia.
Theresa May
A primeira-ministra britânica Theresa May disse que o seu país discorda das restrições do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à imigração depois de ser criticada por parlamentares do seu próprio partido por não condenar o decreto quando questionada inicialmente.
Em visita à Turquia no sábado, May foi questionada três vezes sobre a medida de Trump para proibir temporariamente a entrada de pessoas da Síria e de outros seis países de maioria muçulmana, ao justificar que a medida protege os norte-americanos de extremistas.Theresa May chegou à Turquia proveniente dos Estados Unidos, onde foi a primeira líder estrangeira a encontrar-se com o novo Presidente dos EUA para conversações que ela classificou de “bem-sucedidas”.
A primeira-ministra britânica referiu que Washington é responsável pela sua política de refugiados. Após ser criticada dentro do seu próprio partido, o porta-voz de May disse que o Reino Unido discorda da proibição de Donald Trump. “A política de imigração nos Estados Unidos é uma questão do Governo dos Estados Unidos, assim como a política de imigração para este país deve ser definida pelo nosso Governo”, disse o porta-voz de Theresa May. “Mas não estamos de acordo com este tipo de abordagem e não é um caminho que vamos seguir. Estamos a estudar este novo decreto presidencial para ver o que significa e quais são os efeitos jurídicos e, em particular, quais são as consequências para os cidadãos do Reino Unido”, disse May.
Rejeição em Londres
Mais de um milhão de pessoas assinaram uma petição que solicita ao Governo do Reino Unido que retire o convite para que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visite Londres e seja recebido pela Rainha Isabel II. A petição foi iniciada antes de a primeira-ministra britânica, Theresa May, ampliar o convite a Trump para uma visita de Estado, na sexta-feira, o que significa que ele visita ao país a convite da Rainha Isabel II.
Donald Trump deve visitar o Reino Unido no final do ano. Mas a campanha para impedir a visita de Estado ganhou ímpeto depois que o Presidente dos Estados Unidos adoptou uma proibição de quatro meses à entrada de refugiados nos EUA a partir da Síria e de seis outros países de maioria muçulmana.
“Donald Trump deve ter permissão de entrar no Reino Unido na condição de líder do Governo dos EUA, mas não deve ser convidado a fazer uma visita de Estado oficial porque isso provoca constrangimentos a Sua Majestade, a Rainha”, lê-se na petição.
Quando uma petição ultrapassa as 100 mil assinaturas, o Parlamento britânico deve debatê-la. Deputados do Partido Conservador e da oposição criticaram a medida de Donald Trump.
O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, disse que a visita de Estado deve ser suspensa, até que alguns pontos sejam esclarecidos.