Benguela precisa de mais professores e escolas
Apesar dos avanços na Educação milhares de crianças estão fora do sistema de ensino
Um total de 267 mil crianças em idade escolar estão fora do sistema normal de ensino, na província de Benguela, por falta de salas e de professores, revelou ontem o director provincial da Educação, Ciência e Tecnologia.
Samuel Maleze considerou este facto um grande desafio do sector a nível da província e lançou um apelo à classe empresarial local para fazer investimentos significativos no domínio do ensino, com vista a colmatar a exiguidade de espaços.O director provincial da Educação disse que a questão da carência de professores tem “tirado o sono” aos responsáveis do sector, principalmente nos últimos tempos, com o surgimento de solicitações de transferências de docentes do interior para o centro.
Do ponto de vista estatístico, até hoje, o sector contabiliza 1.450 solicitações de transferências. “Muitos desses professores já cumpriram com o período estabelecido por lei, equivalente a cinco anos de exercício profissional no local, para ter acesso à deslocação”, disse.
Apesar das dificuldades, o responsável avançou que o sector tem dado grandes avanços, principalmente na formação de alfabetizadores e de professores de Química, Física, Biologia e Electrónica, e beneficiou com a reabertura das escolas agrárias Joaquim Kapango, Paulo Teixeira Jorge e Tomás Ferreira, no município de Benguela.
Para este ano lectivo, a província matriculou 146.457 alunos, no quadro do programa geral do sector da Educação, que visa desenvolver um sistema de ensino de qualidade em Benguela e arredores.
O director avançou que as acções desenvolvidas pelo Governo, no domínio da Educação, resultaram na construção de novas salas de aula e na entrada em funcionamento das mesmas no presente ano lectivo, o que está a minimizar o número de crianças fora do sistema.
Neste momento, salienta Samuel Maleze, a província dispõe de 1.263 escolas e outras em construção, com um corpo docente de cerca de 21 mil professores.
Disse que, em 2016, o grau de aproveitamento escolar foi de 80 por cento e para este ano lectivo a taxa pode elevar-se a 96 por cento, tendo em conta as condições criadas para o efeito.
Material escolar
A Novaeduca, fábrica de material escolar, localizada na Zona Industrial de Benguela, regista uma grande baixa na capacidade de produção de material didáctico, por falta de matéria-prima.
A directora-geral da fábrica, Cecília do Rosário, referiu que a matéria-prima usada para a produção de cadernos e manuais escolares diversos, bem como lápis, borrachas e giz vêm do exterior.
Em função da conjuntura económica, Cecília do Rosário referiu que o mecanismo de importação do material tornou-se bastante oneroso, facto que não compensa o trabalho que tem sido feito. “Temos elevados gastos com a produção desses bens e com a venda a grosso no mercado nacional”, frisou.
Cecília do Rosário sublinhou que a Novaeduca produzia anteriormente 20 mil cadernos por dia, estando hoje a fazer apenas seis mil.“Estamos com o stock baixo, incapaz de atender todos os comerciantes da província, que têm vindo a solicitar o produto”, lamentou, para avançar que, neste momento, a fábrica está a atender apenas algumas instituições, que fizeram solicitações antecipadas.
Recuperar a capacidade
A directora-geral da fábrica afecta ao Ministério da Indústria disse que estudos estão a ser feitos para se encontrarem mecanismos para a identificação de empresas de âmbito nacional que fabricam materiais como bobinas e capas, para que a Novaeduca recupere a capacidade de produção.
A Novaeduca é um projecto que surgiu em 2014, em substituição da antiga fábrica Emateb, paralisada por falta de material e de meios financeiros. Foi concebida para a produção de material didáctico, em conformidade com as disposições do Ministério da Educação.Com um investimento de 433.684.462 de kwanzas, a Novaeduca entrou em funcionamento no ano passado, tendo já efectivado várias acções na ordem de 95 por cento, com a criação de uma linha de produção de cadernos escolares, manuais, giz e lápis. Com 16 funcionários, a empresa pretende, no quadro da recuperação do nível de produção, garantir mais 50 postos de trabalho durante este ano.