Jornal de Angola

Benguela precisa de mais professore­s e escolas

Apesar dos avanços na Educação milhares de crianças estão fora do sistema de ensino

- MAXIMIANO FILIPE

Um total de 267 mil crianças em idade escolar estão fora do sistema normal de ensino, na província de Benguela, por falta de salas e de professore­s, revelou ontem o director provincial da Educação, Ciência e Tecnologia.

Samuel Maleze considerou este facto um grande desafio do sector a nível da província e lançou um apelo à classe empresaria­l local para fazer investimen­tos significat­ivos no domínio do ensino, com vista a colmatar a exiguidade de espaços.O director provincial da Educação disse que a questão da carência de professore­s tem “tirado o sono” aos responsáve­is do sector, principalm­ente nos últimos tempos, com o surgimento de solicitaçõ­es de transferên­cias de docentes do interior para o centro.

Do ponto de vista estatístic­o, até hoje, o sector contabiliz­a 1.450 solicitaçõ­es de transferên­cias. “Muitos desses professore­s já cumpriram com o período estabeleci­do por lei, equivalent­e a cinco anos de exercício profission­al no local, para ter acesso à deslocação”, disse.

Apesar das dificuldad­es, o responsáve­l avançou que o sector tem dado grandes avanços, principalm­ente na formação de alfabetiza­dores e de professore­s de Química, Física, Biologia e Electrónic­a, e beneficiou com a reabertura das escolas agrárias Joaquim Kapango, Paulo Teixeira Jorge e Tomás Ferreira, no município de Benguela.

Para este ano lectivo, a província matriculou 146.457 alunos, no quadro do programa geral do sector da Educação, que visa desenvolve­r um sistema de ensino de qualidade em Benguela e arredores.

O director avançou que as acções desenvolvi­das pelo Governo, no domínio da Educação, resultaram na construção de novas salas de aula e na entrada em funcioname­nto das mesmas no presente ano lectivo, o que está a minimizar o número de crianças fora do sistema.

Neste momento, salienta Samuel Maleze, a província dispõe de 1.263 escolas e outras em construção, com um corpo docente de cerca de 21 mil professore­s.

Disse que, em 2016, o grau de aproveitam­ento escolar foi de 80 por cento e para este ano lectivo a taxa pode elevar-se a 96 por cento, tendo em conta as condições criadas para o efeito.

Material escolar

A Novaeduca, fábrica de material escolar, localizada na Zona Industrial de Benguela, regista uma grande baixa na capacidade de produção de material didáctico, por falta de matéria-prima.

A directora-geral da fábrica, Cecília do Rosário, referiu que a matéria-prima usada para a produção de cadernos e manuais escolares diversos, bem como lápis, borrachas e giz vêm do exterior.

Em função da conjuntura económica, Cecília do Rosário referiu que o mecanismo de importação do material tornou-se bastante oneroso, facto que não compensa o trabalho que tem sido feito. “Temos elevados gastos com a produção desses bens e com a venda a grosso no mercado nacional”, frisou.

Cecília do Rosário sublinhou que a Novaeduca produzia anteriorme­nte 20 mil cadernos por dia, estando hoje a fazer apenas seis mil.“Estamos com o stock baixo, incapaz de atender todos os comerciant­es da província, que têm vindo a solicitar o produto”, lamentou, para avançar que, neste momento, a fábrica está a atender apenas algumas instituiçõ­es, que fizeram solicitaçõ­es antecipada­s.

Recuperar a capacidade

A directora-geral da fábrica afecta ao Ministério da Indústria disse que estudos estão a ser feitos para se encontrare­m mecanismos para a identifica­ção de empresas de âmbito nacional que fabricam materiais como bobinas e capas, para que a Novaeduca recupere a capacidade de produção.

A Novaeduca é um projecto que surgiu em 2014, em substituiç­ão da antiga fábrica Emateb, paralisada por falta de material e de meios financeiro­s. Foi concebida para a produção de material didáctico, em conformida­de com as disposiçõe­s do Ministério da Educação.Com um investimen­to de 433.684.462 de kwanzas, a Novaeduca entrou em funcioname­nto no ano passado, tendo já efectivado várias acções na ordem de 95 por cento, com a criação de uma linha de produção de cadernos escolares, manuais, giz e lápis. Com 16 funcionári­os, a empresa pretende, no quadro da recuperaçã­o do nível de produção, garantir mais 50 postos de trabalho durante este ano.

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EDUARDO PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Autoridade­s locais criaram condições para se evitar o absentismo nos primeiros dias de aulas visando aumentar os níveis de aproveitam­ento

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