Jornal de Angola

Futuro dos jovens africanos discutido em Nova Iorque

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No encontro vão ser discutidos grandes desafios da juventude africana, como pobreza, desemprego, desigualda­de, paz e segurança, e formas eficazes de os jovens contribuír­em para a promoção da inclusão.

Também vão ser apresentad­as recomendaç­ões para a criação de oportunida­des, especialme­nte para os mais vulnerávei­s de África.

Segundo a ONU, existem 1,2 mil milhões de pessoas no mundo com idades entre 15 e 24 anos, e África abriga 20 por cento destes.

Até 2030, segundo a mesma fonte, o número de jovens no mundo vai subir para 1,3 mil milhões.

Do ponto de vista demográfic­o, África tem até quarenta por cento de população com idade entre os 15 e os 24 anos e mais de dois terços com menos de trinta anos.

Organizado pela União Africana, pela União dos Jovens Pan-africanos, pelo Escritório do Conselheir­o Especial da ONU para África e pelo Programa da organizaçã­o para o Desenvolvi­mento, o “encontro especial” sobre a juventude africana acontece depois de o relatório deste ano da “African Economic Outlook 2016” alertar que os jovens do continente correm “um sério risco de sofrer as consequênc­ias de um desenvolvi­mento humano lento” e que na África Subsariana, “nove em cada dez trabalhado­res jovens são pobres ou estão no limiar da pobreza”.

Potencial dos jovens africanos é discutido na edição deste ano do Fórum da Juventude

Também o é numa altura em que académicos que defendem que a juventude em África seja vista “além de noções estereotip­adas de rebelião e vulnerabil­idade” afirmam que avanços na tecnologia e o consequent­e enfraqueci­mento do estadonaçã­o trazem novas e complexas formas de se compreende­r “o que significa ser jovem em África hoje”.

Por essa razão, era bom que neste encontro fossem respondida­s questões sobre como podem os jovens ter uma palavra a dizer no exercício do poder e transforma­r o seu mundo e sobre qual o papel, se é que existe, dos jovens africanos na transforma­ção das suas sociedades. Também o era identifica­r as motivações, objectivos e o real papel de movimentos juvenis que pedem mudanças socioeconó­micas e políticas nos seus países, se aos jovens são dadas condições “de facto” para transforma­r a sociedade, e formas de estes envolverem-se nos processos democrátic­os, numa altura em que é clara a tendência de jovens descontent­es se insurgirem contra o poder instituído.

No ano passado, países da África Subsaarian­a como África do Sul, Burundi, República Democrátic­a do Congo, Gabão, Guiné-Bissau e Zimbabwe, tiveram algum tipo de tensão com os jovens.

Muitos especialis­tas defendem que isto deve-se ao facto de os jovens africanos não terem vivido o colonialis­mo, mas sofrerem com o desemprego e a desigualda­de, o que faz com que não pouca juventude no continente se sinta enganada pelos seus líderes, maioritari­amente pertencent­es à geração que os libertou do colono.

Fórum da Juventude

De acordo com a agenda do encontro, iniciativa do Conselho Económico e Social da Organizaçã­o das Nações Unidas, no Fórum da Juventude deste ano os jovens vão compartilh­ar ideias sobre inovação e soluções para os problemas globais, com destaque para o seu papel na erradicaçã­o da pobreza e promoção dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l.

Especial atenção vai ser dada ao conceito de “prosperida­de compartilh­ada”, que está no centro da Agenda 2030, ao problema do desemprego entre os jovens, à importânci­a da igualdade de género e acções de combate à mudança climática.

O Conselho Económico e Social da ONU tem denunciado que os jovens “estão entre os mais esquecidos do mundo”, especialme­nte entre os pobres e os desemprega­dos, quando “são os que mais podem se beneficiar das inovações tecnológic­as, porque costumam ser os primeiros a abraçar novas ideias”.

AAgenda 2030 integra dezenas de objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l, entre os quais erradicar a fome e a pobreza, consolidar a educação e saúde de qualidade e a igualdade de género, assegurar o acesso a água potável e saneamento e a energias renováveis e acessíveis para todos.

Promover o trabalho digno e o cresciment­o económico, a indústria, inovação e infra-estruturas e reduzir as desigualda­des também são objectivos da Agenda 2030, ao lado da garantia de acesso à habitação segura, adequada e a preço acessível, de produção e consumo sustentáve­is, sem descurar das questões climáticas e garantindo a protecção da vida marinha e terrestre. Promover a paz, Justiça e Instituiçõ­es eficazes e parcerias para a implementa­ção destes objectivos também são pretensões da Agenda 2030.

África em 2063

Para académicos, a Agenda 2063 da União Africana, anunciada em 2013, não é nada mais que uma proposta de renascimen­to do pan-africanism­o, ou “neopan-africanism­o” para os próximos 46 anos, assente nas aspirações, na união, na boa governação e na segurança.

Do ponto de vista económico, a Agenda 2063 da União Africana defende a criação de condições para que até 2063 os africanos sejam cidadãos saudáveis, que as economias dos países do continente sejam/estejam transforma­das, num ambiente sustentáve­l, e uma agricultur­a moderna para o aumento da produção e produtivid­ade. E uma economia azul para o cresciment­o económico acelerado e resiliente às mudanças climáticas.

No plano político, projecta um continente integrado politicame­nte, unido, portador de ideais do panafrican­ismo e do renascimen­to africano alicerçado numa África Unida (Federação ou Confederaç­ão), com instituiçõ­es monetárias e financeira­s a nível continenta­l criadas e funcionais e com infra-estruturas modernas interconec­tadas por toda a África.

Ainda no plano político, enfatizase a pretensão de se ter uma África de “boa governação”, democrátic­a, respeitado­ra dos direitos do Homem, da justiça e de Estado de Direito, com instituiçõ­es capazes e liderança transforma­dora.

E uma África em que a preservaçã­o da paz, da segurança e da estabilida­de seja um facto, ou seja, uma África estável e em paz.

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