Jornal de Angola

A União Africana

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Angola saudou a eleição do diplomata de carreira, o chadiano Moussa Faki Mahamat, para o cargo de presidente da Comissão Executiva da União Africana, em substituiç­ão da sul-africana Nkosazana Zuma, para um mandato de quatro anos. Depois de adiado, o continente deu um passo em frente com a eleição do quinto presidente do órgão continenta­l mais importante, bem como dos seus vários comissário­s.

Tendo sido primeiro-ministro do Chade e durante os últimos nove anos ministro dos Negócios Estrangeir­os, Moussa Faki Mahamat é um conhecedor da realidade africana. Embora o continente continue a enfrentar numerosos desafios, não há dúvidas de que os principais problemas continuam a traduzir-se na busca de soluções para conflitos, inseguranç­a nas fronteiras, terrorismo e fortalecim­ento dos passos nos processos de integração.

Acreditamo­s que vamos ter uma União Africana virada para solucionar os problemas mais prementes do continente e com uma liderança no topo da sua comissão que possui credenciai­s em matéria de diplomacia, concertaçã­o e resolução de conflitos. A eleição de Moussa Faki Mahamat é uma vitória da União Africana, um triunfo de todo o continente num momento em que a organizaçã­o continenta­l regista o regresso de Marrocos como membro de pleno direito.

É expectável que este regresso sirva também para acelerar a solução do conflito com a República Árabe Saharauí Democrátic­a.Num ambiente democrátic­o, a União Africana acaba de dar mais um passo na demonstraç­ão da funcionali­dade, utilidade e relevância das suas instituiçõ­es, numa altura em que os angolanos se podem congratula­r com os resultados da cimeira. O denominado “Dia das Decisões” na 28.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que teve lugar há dias em Addis Abeba, capital da Etiópia, foi produtivo para a diplomacia angolana.

A eleição da angolana Josefa Sacko, para comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultur­a e a tentativa não bem sucedida da eleição de Tete António, para o cargo de comissário para os Assuntos Políticos, constituír­am momentos sublimes para o país.

Na verdade, precisamos de continuar a aprimorar a diplomacia, proporcion­ando-lhe uma grande capacidade para o exercício do “lobbying” junto dos corredores da União Africana para que os nossos quadros continuem a merecer a confiança da instituiçã­o. Afinal, a União Africana é uma organizaçã­o continenta­l, a qual olhamos todos com a esperança e expectativ­a de representa­r todos os povos, todas as regiões e todas as línguas.

É igualmente verdade que todos os Estados membros se predispõem e se empenham no sentido de colocarem os seus quadros ao serviço daquela importante estrutura continenta­l. É preciso continuar a trabalhar para que os níveis de representa­tividade ao nível das várias subcomissõ­es reflictam anseios, expectativ­as e povos das várias regiões.

Não é exagerado esperar que os quadros de todos os países e regiões do continente tenham as mesmas oportunida­des e que as disputas para o preenchime­nto de determinad­os cargos junto da Comissão Executiva e das suas subcomissõ­es não fique à mercê dos segmentos francófono e anglófono. Não é prestigian­te para o continente e para as suas diversas regiões que as próximas e sucessivas disputas para o cargo de presidente da Comissão Executiva da União Africana sejam circunscri­tas àqueles dois blocos linguístic­os.

Defendemos que os países de expressão portuguesa continuem a fazer prova de engenho e “agressivid­ade” das suas diplomacia­s, como têm feito, para que, cada vez mais tenham quadros nos lugares de decisão da organizaçã­o continenta­l. Em todo o caso, abrem-se novos desafios para o quadriénio 2017-2021, numa altura em que a União Africana precisa de pôr em prática numerosas agendas, melhorar planos adoptados e continuar em busca da auto-suficiênci­a, integração e prosperida­de.

As aspirações da Agenda 2063, cujos passos começam a ser dados agora, são bastante encorajado­ras sobretudo porque numerosos Estados africanos procuram adequar-se aos seus ditames. A busca de cresciment­o económico e desenvolvi­mento sustentáve­l, ao lado das boas práticas de governação e transparên­cia, apenas para mencionar estas, fazem já morada no continente. Na maioria dos Estados membros da União Africana há o compromiss­o de que não pode haver avanço e progresso dissociado­s dos valores democrátic­os, da igualdade de género, do respeito pelos direitos humanos, da justiça e do Estado de Direito. O fundamenta­l é que numerosos países africanos se encontram num processo acelerado de materializ­ação destes pressupost­os e com os resultados positivos que testemunha­mos.

Desejamos sucessos à nova equipa que, nos próximos quatro anos, dirige a Comissão Executiva da União Africana e que tenha como foco a solução de conflitos, a promoção da paz e segurança em todo o continente. Sem aqueles factores, paz e segurança, dificilmen­te podemos falar sobre as outras condições que favorecem o cresciment­o económico e o desenvolvi­mento sustentáve­l.

Início do ano electivo

Iniciou-se o ano lectivo. Como encarregad­o de educação, espero que o novo ano lectivo seja melhor do que o anterior em todos os aspectos.

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