Teerão adverte Washington
O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohamad Javad Zarif, alertou ontem os Estados Unidos para que não criem “novas tensões” por causa do programa de mísseis balísticos do Irão.
“Esperamos que a questão do programa de defesa do Irão [...] não seja utilizada como um pretexto” pela nova administração americana para “provocar novas tensões”, declarou Zarif em conferência de imprensa com o seu homólogo francês, Jean-Marc Ayrault.
Na noite de segunda, o primeiroministro israelita, Benjamin Netanyahu, denunciou o novo lançamento de um míssil balístico por parte do Irão e informou que tratará deste assunto com o Presidente norteamericano, Donald Trump, no encontro previsto para acontecer em 15 de Fevereiro em Washington.
“O Irão lançou de novo um míssil balístico”, anunciou Netanyahu na sua página no Facebook, o que constitui - segundo ele - “uma flagrante violação da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
Em função da denúncia, o Conselho de Segurança da ONU reuniuse de emergência para discutir a questão, a pedido dos Estados Unidos depois do embaixador de Israel na ONU ter pedido uma acção dessa instituição.
A Rússia, entretanto, afirmou que o ensaio de míssil de médio alcance por Teerão não constitui uma violação da resolução da ONU sobre o programa nuclear iraniano.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, denunciou a reunião de emergência do Conselho de Segurança como uma tentativa de “envenenar a situação”. “A Resolução 2231 do Conselho de Segurança não define qualquer proibição para o Irão de realizar estas acções e comporta apenas um apelo ao Irão para que não efectue ensaios de mísseis capazes de serem armados com uma ogiva nuclear”, disse à agência noticiosa russa Interfax.
“Um apelo não é semelhante a uma proibição. Não é a mesma coisa”, acrescentou Riabkov.
O governante russo lembrou que o acordo de Julho de 2015 submetia o programa nuclear de Teerão a um “controlo internacional rigoroso”.
Riabkov denunciou a convocação da reunião do Conselho de Segurança da ONU como uma tentativa de “envenenar a situação e utilizá-la para alcançar fins políticos”.
O Irão afirmou que os seus mísseis nunca seriam armados com ogivas nucleares e garantiu não ter a intenção de desenvolver um programa de armas nucleares.