Cuanza Norte aumenta exportação de café
PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO “Bago vermelho” de origem angolana é comercializado nos Estados Unidos
A marca Café Cazengo, na província do Cuanza Norte, pretende atingir em breve, outros mercados do mundo como Europa, depois de ter conquistado com sucesso os Estados Unidos onde o produto angolano já é consumido com satisfação, anunciou o administrador da empresa Café Cazengo.
O gestor aponta como meta da sua empresa o alcance dos grandes mercados do mundo, ao mesmo tempo que pretende partir para outros espaços, depois de a marca ser bem recebida nos Estados Unidos, onde está a ser comercializada em 300 lojas.
José Gonçalves referiu que, durante o ano passado, a sua empresa iniciou um processo de incentivo à produção do café, com a distribuição de instrumentos agrícolas e financiamento aos cafeicultores de toda a província.
A par disso, a empresa adquiriu o quilograma café da região a 200 kwanzas contra os anteriores 60 kwanzas, um aumento substancial que serviu de incentivo aos produtores. “Quando não havia incentivo, o preço do quilograma de café situava-se em 60 kwanzas, mas hoje a mesma quantidade está a ser comercializada a 200 kwanzas. Como resultado, mais gente está a produzir café”, disse.
Com um investimento na ordem de um milhão de dólares, a fábrica Café Cazengo está localizada na sede do município de Quiculungo, cerca de 140 quilómetros de Ndalatando. Possui uma máquina de descasque com capacidade de cinco toneladas por dia, outra de torrefacção de quatro toneladas diárias. Por dia, são empacotados cerca de dois mil pacotes de 100 gramas de café torrado moído e em grão.
José Gonçalves informou que, há um ano, o Café Cazengo era comercializado nos mercados paralelos de Luanda, mas hoje a distribuição alargou-se e já é possível encontralo nos supermercados Bem-MeQuer, Shoprite e Alimenta Angola.
Durante o ano passado, segundo José Gonçalves, foi possível colher cerca de 300 toneladas de café em quase todos os municípios da província. Além do Cuanza Norte, a fábrica adquiriu café nas províncias do Bengo e Cuanza Sul.
O produto final é comercializado a 1.090 kwanzas (o pacote de 100 gramas) nos supermercados, em moído ou em grão. A fazenda adstrita à marca é de 680 hectares e emprega, além do pessoal da fábrica, um total de 25 trabalhadores na sua maioria contratados localmente. A política de incentivo à produção está virada para o crédito e apoio aos produtores de café. A empresa montou, na região, uma loja que fornece material como catana, enxadas, adubos, fertilizantes, bens alimentares e valores monetários de forma creditícia ao cafeicultor. A produção de café em Angola data desde o século XIX.
A região nordeste de Angola é famosa pelo seu rico solo que lhe permite a produção dos melhores cafés do tipo robusta do mundo. Na província do Cuanza Norte, o café é produzido nos municípios de Cazengo, Banga, Kikulungo, Bolongongo, Ambaca e Golungo Alto.
Mais de 200 líderes de cooperativas e associações produtoras do café dos dez municípios da província foram capacitados com técnicas modernas para aperfeiçoar a qualidade e métodos de gestão da produção do bago vermelho.
A formação teve como objectivos principal dotar os cafeicultores do Cuanza Norte com técnicas modernas de mecanização de terras, qualidades de cafés e gestão de stock para que a província retorne aos níveis de produção em quantidade e qualidade.
Em Angola, o café chegou a assumir, até ao princípio dos anos 70, um peso significativo no Produto Interno Bruto do país, situação que as autoridades estão determinadas a recuperar no quadro do programa de diversificação da economia.
O cafeicultor Verso Gonga reconheceu que a formação permitiu a apreensão das técnicas e das leis das cooperativas que regulam a actividade do cafeicultor. Depois da independência nacional, Cuanza Norte estava entre as principais províncias produtoras de café em Angola, depois do Uíge e Cuanza Sul.