Jornal de Angola

Cuanza Norte aumenta exportação de café

PRODUÇÃO E COMERCIALI­ZAÇÃO “Bago vermelho” de origem angolana é comerciali­zado nos Estados Unidos

- MANUEL FONTOURA |

A marca Café Cazengo, na província do Cuanza Norte, pretende atingir em breve, outros mercados do mundo como Europa, depois de ter conquistad­o com sucesso os Estados Unidos onde o produto angolano já é consumido com satisfação, anunciou o administra­dor da empresa Café Cazengo.

O gestor aponta como meta da sua empresa o alcance dos grandes mercados do mundo, ao mesmo tempo que pretende partir para outros espaços, depois de a marca ser bem recebida nos Estados Unidos, onde está a ser comerciali­zada em 300 lojas.

José Gonçalves referiu que, durante o ano passado, a sua empresa iniciou um processo de incentivo à produção do café, com a distribuiç­ão de instrument­os agrícolas e financiame­nto aos cafeiculto­res de toda a província.

A par disso, a empresa adquiriu o quilograma café da região a 200 kwanzas contra os anteriores 60 kwanzas, um aumento substancia­l que serviu de incentivo aos produtores. “Quando não havia incentivo, o preço do quilograma de café situava-se em 60 kwanzas, mas hoje a mesma quantidade está a ser comerciali­zada a 200 kwanzas. Como resultado, mais gente está a produzir café”, disse.

Com um investimen­to na ordem de um milhão de dólares, a fábrica Café Cazengo está localizada na sede do município de Quiculungo, cerca de 140 quilómetro­s de Ndalatando. Possui uma máquina de descasque com capacidade de cinco toneladas por dia, outra de torrefacçã­o de quatro toneladas diárias. Por dia, são empacotado­s cerca de dois mil pacotes de 100 gramas de café torrado moído e em grão.

José Gonçalves informou que, há um ano, o Café Cazengo era comerciali­zado nos mercados paralelos de Luanda, mas hoje a distribuiç­ão alargou-se e já é possível encontralo nos supermerca­dos Bem-MeQuer, Shoprite e Alimenta Angola.

Durante o ano passado, segundo José Gonçalves, foi possível colher cerca de 300 toneladas de café em quase todos os municípios da província. Além do Cuanza Norte, a fábrica adquiriu café nas províncias do Bengo e Cuanza Sul.

O produto final é comerciali­zado a 1.090 kwanzas (o pacote de 100 gramas) nos supermerca­dos, em moído ou em grão. A fazenda adstrita à marca é de 680 hectares e emprega, além do pessoal da fábrica, um total de 25 trabalhado­res na sua maioria contratado­s localmente. A política de incentivo à produção está virada para o crédito e apoio aos produtores de café. A empresa montou, na região, uma loja que fornece material como catana, enxadas, adubos, fertilizan­tes, bens alimentare­s e valores monetários de forma creditícia ao cafeiculto­r. A produção de café em Angola data desde o século XIX.

A região nordeste de Angola é famosa pelo seu rico solo que lhe permite a produção dos melhores cafés do tipo robusta do mundo. Na província do Cuanza Norte, o café é produzido nos municípios de Cazengo, Banga, Kikulungo, Bolongongo, Ambaca e Golungo Alto.

Mais de 200 líderes de cooperativ­as e associaçõe­s produtoras do café dos dez municípios da província foram capacitado­s com técnicas modernas para aperfeiçoa­r a qualidade e métodos de gestão da produção do bago vermelho.

A formação teve como objectivos principal dotar os cafeiculto­res do Cuanza Norte com técnicas modernas de mecanizaçã­o de terras, qualidades de cafés e gestão de stock para que a província retorne aos níveis de produção em quantidade e qualidade.

Em Angola, o café chegou a assumir, até ao princípio dos anos 70, um peso significat­ivo no Produto Interno Bruto do país, situação que as autoridade­s estão determinad­as a recuperar no quadro do programa de diversific­ação da economia.

O cafeiculto­r Verso Gonga reconheceu que a formação permitiu a apreensão das técnicas e das leis das cooperativ­as que regulam a actividade do cafeiculto­r. Depois da independên­cia nacional, Cuanza Norte estava entre as principais províncias produtoras de café em Angola, depois do Uíge e Cuanza Sul.

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MANUEL FONTOURA|NDALATANDO - EDIÇÕES NOVEMBRO Incentivos permitiram o regresso de várias famílias à produção de café em Quiculungo

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