ONU elogia diversificação económica angolana
Modibo Turé avaliou com o embaixador Daniel Rosa a actual situação social do país
O representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Modibo Turé, elogiou na terça-feira, na cidade de Bissau, as autoridades angolanas pelas acções em prol da diversificação da economia e pelos esforços que têm sido empreendidos para a melhoria das condições de vida da população.
O reconhecimento foi feito durante um encontro com o embaixador de Angola na Guiné-Bissau, Daniel Rosa, no quadro da auscultação que faz aos países da CPLP sobre a situação sociopolítica da Guiné-Bissau. Durante o encontro, os dois diplomatas falaram sobre a actualidade social, política e económica do país.
Modibo Turé revelou ter viajado para Angola em quatro ocasiões, que lhe permitiram ver os progressos alcançados pelo país. Em tais circunstâncias, manteve encontros ao mais alto nível, sobretudo, com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que lhe permitiram identificar no Estadista angolano uma visão extraordinária e estratégica, não apenas para Angola, mas para o continente no geral.
“Daí o respeito que tem merecido de outros Chefes de Estado, pela sua personalidade. Por isso, continua a presidir a Conferência Internacional Sobre os Grandes Lagos”, lê-se na nota de imprensa da representação diplomática de Angola na Guiné-Bissau.
Informado sobre a actualidade económica de Angola, o diplomata elogiou as acções em torno da diversificação da economia, um modelo que disse poder servir de referência para outros países e regiões.“Que Angola continue a servir de modelo para a pacificação e para o desenvolvimento”, enfatizou.
Satisfeito com a posição de Angola sobre a situação sociopolítica na Guiné-Bissau, principal motivação do encontro, realizado na sede da Embaixada de Angola em Bissau, comprometeu-se a transmitir fielmente ao SG da ONU e consequentemente ao Conselho de Segurança essa posição.
Disse partilhar da mesma posição que considera honesta, realista e que vai de encontro ao que tem constatado em outras consultas.
A mesma posição é partilhada pelo grupo dos P-5 , um fórum de concertação integrado pela UA, UE, ONU, CEDEAO e CPLP, informou, referindo que isso ficou bem patente nos encontros realizados e nas suas constatações.
Modibo Turé manifestou preocupação pela deterioração da situação nas últimas semanas, particularmente com os ataques e troca de acusações mútuas, por via da imprensa, entre os principais intervenientes do processo político guineense. Considerou o Acordo de Conacri como único instrumento válido para a solução da crise neste país. Garantiu, no entanto, que a comunidade internacional vai continuar a fazer pressão para que as autoridades da Guiné-Bissau façam cumprir o Acordo de Conacri.
Saída da crise na Guiné
Angola considera válidos os acordos de Bissau e de Conacri, como instrumentos únicos para a solução da crise política e institucional reinante na Guiné-Bissau.
O embaixador Daniel Rosa, que expressou a opinião ao representante especial do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau, defende, diante do impasse político da GuinéBissau, a CEDEAO, a União Africana, Nações Unidas, União Europeia e a CPLP, entre outros parceiros internacionais, a continuidade da pressão, às autoridades competentes, para a saída da crise mediante a implementação do Acordo de Conacri.
A persistência de ataques verbais em discursos por via dos órgãos de comunicação social, sobretudo, nos blogs, que usam linguagem imprópria, não ajudam para o diálogo e consequente reconciliação nacional. “Há tendência de incitação à violência e à desordem pública, o que pode ser perigoso quando tendem a envolver os órgãos de defesa e segurança do país”, sublinhou o diplomata angolano, citado na nota de imprensa da Embaixada de Angola na Guiné-Bissau.
Apesar disso, considera que a comunidade internacional não deve abandonar a Guiné-Bissau e, particularmente Angola, pelos laços históricos que unem os dois países e povos.
O diplomata angolano saudou a assumpção da presidência rotativa da União Africana pelo Presidente da Guiné, Alpha Condé, o que pode influenciar, de forma positiva, na solução da situação da Guiné-Bissau, enquanto mediador da CEDEAO para a crise neste país.
Angola foi convidada e representada a nível ministerial pelo secretário de Estado do Ministério das Relações Exteriores, Manuel Augusto, de 11 a 14 de Outubro de 2016, na reunião de concertação sobre a situação politica na GuinéBissau, orientada por Alpha Condé. O encontro inscreveu-se no quadro da implementação do Roteiro da CEDEAO para a saída da crise, intitulado “Acordo para uma saída de crise política na GuinéBissau”, assinado em Bissau no dia 10 de Setembro de 2016.
Nos termos do Acordo de Conacri, o procedimento consensual estabelece a escolha de um primeiroministro, que tenha a confiança do Presidente da República, que deve exercer funções até às eleições legislativas de 2018.
Reserva ainda a formação de um governo inclusivo, de acordo com um organigrama negociado, de forma consensual, entre os partidos políticos representados na ANP, com base no princípio da proporcionalidade, que deve implementar um programa elaborado durante uma mesa redonda de diálogo nacional, nos 30 dias posteriores à nomeação do primeiro-ministro.
Reserva igualmente a reintegração efectiva dos 15 deputados dissidentes do PAIGC, sem qualquer condicionalismo e conforme os estatutos deste partido.