O nosso ensino
O país assistiu ontem ao início oficial do ano lectivo, um acto tradicionalmente esperado todos os anos, em todo o país, e que marca o regresso às aulas. O ensino é dos pressupostos fundamentais para a modernização de Angola, para fomentar a mobilidade social e assegurar o desenvolvimento que pretendemos. Apenas assim seremos capazes de construir uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social, como impõe a Constituição da República.
A aposta do Estado na educação tem sido feita à medida das possibilidades e recursos, e não há dúvidas de que gostaríamos todos que tais variáveis aumentassem consideravelmente a cada ano. É certo que a componente social do Orçamento Geral do Estado conhece, ultimamente, acréscimos, facto que demonstra o esforço e o compromisso do Executivo.
Embora o sector da Educação viva ainda carências, nomeadamente o número de salas de aulas, dificuldade de material didáctico nas escolas e o número de professores em todo o país para assegurar a esperada cobertura escolar, entre outros, muito tem sido ultrapassado por parte das instituições do Estado. Do ponto de vista do número de alunos matriculados em todo o país, de professores e das salas de aula em todo o país, não podemos negar que muito mudou. O percentual de cobertura escolar em todo o país aumenta significativamente e, com os actuais esforços do Estado, vai ser possível efectivarmos as melhorias que se impõem para o sector da Educação. Na Educação como noutros sectores da sociedade, mais do que exigir o que não existe e não temos, precisamos de aprender a trabalhar com as condições que temos.
Embora seja normal e natural a exigência por mais e melhor, sobretudo quando há comprovado conhecimento e capacidade para efectivação de tais variáveis para o desempenho que todos esperamos, insistimos que devemos contar, sobretudo, com o que temos para trabalhar e fazer Angola avançar. Com a abertura de mais um ano lectivo e ultrapassadas que foram as situações menos boas que sucederam no acto de inscrição e de matrícula, é tempo de os professores, alunos, gestores escolares, encarregados e tutores desempenharem, cada um, o seu papel.
Tal como apelou o ministro da Educação, que presidiu ao acto oficial que decorreu em Benguela, é preciso que cada interveniente no processo de ensino e aprendizagem seja capaz de cumprir as suas atribuições para os resultados que esperamos. Pinda Simão defendeu uma maior interacção entre o triângulo formado pelo professor, encarregado e o aluno, realidade que, em nossa opinião, nem sempre ocorre por várias razões, entre elas o distanciamento a que se votam muitos encarregados. Como tem sido reconhecido por muitos gestores escolares, grande parte dos encarregados apenas aparece no início do ano lectivo, no acto de inscrição, na confirmação das matrículas e no fim, para se inteirar do resultado final. É verdade que alguns, mais zelosos e comprometidos com o desempenho escolar dos seus educandos, se fazem presentes ao longo dos três trimestres, mantendo, sempre que possível, o contacto com o professor ou professores.
E, caso a presença física e regular dos encarregados ou tutores seja dificultada por qualquer motivo, não podemos perder de vista que as comunicações encurtaram significativamente as distâncias, razão pela qual nada justifica a completa ausência de contacto entre pais e professores.
“É desejável que a presença e envolvimento dos pais e encarregados de educação seja de tal ordem que permita também contribuir para minimizar constrangimentos que as escolas enfrentam no domínio de meios e serviços para boa imagem, ambiente saudável, protecção e segurança”, disse o ministro Pinda Simão.
Um dos elementos que, defendemos nós, deve desempenhar um papel cada vez mais activo, para melhorar a actuação dos encarregados de eduacação, é a função e papel da associação dos encarregados de educação. Acreditamos que este importante corpo formado pelos pais e mães, bem como todos os que têm sob tutela pessoas em idade escolar, deve ser desdobrado em todos os estabelecimentos escolares. É preciso que a associação dos encarregados de educação tenha a influência necessária junto dos pais para que estes sejam motivados a fazer o acompanhamento que todos esperamos por parte daqueles que têm crianças, adolescentes e jovens em frequência escolar. Atendendo às dificuldades de ordem financeira e económica por que passamos todos, acreditamos que a intervenção dos encarregados pode ser vital para que as escolas resolvam milhares de problemas.
A expectativa de toda a sociedade é que sejam cumpridos os objectivos traçados para este ano lectivo e que melhorem os pressupostos em que se baseia a avaliação dos alunos e dos docentes, entre outros propósitos de um ensino qualitativo. Que tenhamos igualmente um sistema competente de avaliação e inspecção para o devido acompanhamento do processo docente. Atendendo à dinâmica do processo de ensino, é fundamental que aos nossos professores seja dada sempre a oportunidade de melhorar as técnicas didácticas e pedagógicas para que o nosso ensino tenha os melhores resultados.