Jornal de Angola

Moradores bebem água em más condições

CONDUTA REBENTADA NA AVENIDA NGOLA KILUANGE

- GABRIEL BUNGA |

Os moradores da zona da Mabor, no município do Cazenga, em Luanda, estão a consumir água de uma conduta rebentada na estrada principal do Ngola Kiluange, por falta de água canalizada.

A fissura está localizada nas imediações da Fábrica Textang Dois, próximo do Cemitério do Catorze e existe há mais de sete meses. As águas ao longo da via transborda­m como as de um rio. Os carros abrandam a velocidade ao chegar ao local e o trânsito fica congestion­ado.

As águas aparenteme­nte límpidas induzem os moradores para o seu consumo. Às primeiras horas da manhã vários moradores acorrem ao local com bidões, baldes e banheiras. Muitos aproveitam o espaço para fazer a sua higiene pessoal.

Luísa Augusto, 59 anos, moradora há 34 anos no bairro Mabor, disse que a sua casa deixou de ter água canalizada em 1988. De lá para cá, Luísa Augusto consome água dos tanques abastecido­s por cisternas. Um bidão de vinte litros custa 50 kwanzas. O rigor nas palavras indicam a dura experiênci­a de viver a situação da falta de água há tantos anos.

O bairro dispõe de chafarizes montados em algumas zonas, mas Luísa Augusto refere que ficam distantes. Um bidão de 20 litros no chafariz custa dez kwanzas. Apesar da distância da casa para o local onde rebentou a conduta da água, Luísa Augusto faz o sacrifício de todos os dias acarretar a água recolhida a

A partir das primeiras horas da manhã mulheres e crianças vão com banheiras e bidões recolher a água que escorre da conduta danificada

céu aberto para diminuir os custos. Por dia, um morador no bairro Mabor pode gastar 1.500 kwanzas na compra de água.

Esperança gorada

Há cinco anos os moradores ganharam a esperança de ter água canalizada. No bairro foram instaladas várias torneiras. As torneiras foram testadas a 20 de Outubro de 2016, com a promessa de entrarem em funcioname­nto definitiva­mente a 20 de Novembro, mas até hoje isso não se verificou.

“Estamos a sofrer com a falta de água, há muita roupa suja por lavar”, disse, referindo que os moradores usam os detergente­s “Certeza” e lixívia para purificar a água.

A reportagem do Jornal de Angola viu um camião cisterna a descarrega­r água no tanque de uma casa do bairro Mabor. O camião de 11 mil litros custa dez mil kwanzas. Por dia os vendedores de água fazem, em média, três carregamen­tos. João Domingos, ajudante do camião cisterna, contou ao Jornal de Angola que retira da Girafa de Cacuaco.

Nadir Mpaca José é proprietár­ia de um tanque. De 37 anos de idade, disse que vive no bairro há cinco anos. Contou que a venda de água do seu tanque não é lucrativa. Cada bidão de 20 litros é vendido a 50 kwanzas e três bidões a 100 kwanzas. “Não sai ganho”, desabafou.

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FRANCISCO BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO

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