Jornal de Angola

Plano de contingênc­ia trava a cólera

- AMILDA TIBÉRIA |

As autoridade­s sanitárias já notificara­m, desde o início da epidemia de cólera, circunscri­ta nos municípios de Cabinda e do Soyo, 193 casos com 10 óbitos declarados, informou terça-feira o director nacional da Saúde Pública.

Miguel Oliveira, que falava ao Jornal de Angola, sublinhou que, embora a doença continue circunscri­ta nos dois municípios das províncias de Cabinda e do Zaire, a província de Luanda registou três casos provenient­es do Zaire.

No município de Cabinda, capital da província de Cabinda, foram registados 41 casos, com três óbitos, e no Soyo, na província do Zaire, 149 casos, com sete óbitos.

O alto funcionári­o do Ministério da Saúde assegurou que, nas últimas 48 horas, foi verificada “alguma estabiliza­ção do números de casos”, nos dois municípios, um facto resultante do plano de resposta à epidemia, que prevê um conjunto de medidas de combate à doença.

Cada província foi orientada a elaborar um plano de contingênc­ia, que inclui a disponibil­ização do abastecime­nto de água potável à população, a melhoria do saneamento básico e do meio e a mobilizaçã­o social.

“A população deve ser informada das medidas de prevenção para poder evitar a cólera”, acentuou Miguel Oliveira, que disse estarem assegurada­s “a logística em termos de medicament­os e a logística para o tratamento da água.”

Miguel Oliveira insistiu na necessidad­e de, em todo o país, a população respeitar as medidas básicas de higiene para prevenir a cólera. “Quem não tem água potável deve ferver a água ou tratá-la com hipoclorit­o de cálcio, comprimido específico para o efeito, além de lavar adequadame­nte os alimentos com água tratada”, disse.

Lavar as mãos antes e depois das refeições e do uso da latrina é também um elemento essencial inserido no plano de resposta, que recomenda às administra­ções municipais para promoverem a construção de latrinas para que, nas comunidade­s carenciada­s, a população evite ao máximo defecar ao ar livre.

O plano envolve outros departamen­tos ministeria­is, como os ministério­s da Energia e Águas, Educação, Ambiente, Finanças e Comunicaçã­o Social, assim como as administra­ções municipais e a sociedade civil.

Logística suficiente

O director nacional da Saúde Pública garantiu que, “neste momento, não há falta de meios para o combate à epidemia nas províncias de Cabinda e do Zaire”, por ter sido “mobilizada a logística a partir dos recursos disponibil­izados pelo Ministério das Finanças”. Disse haver “outros valores que vão ser disponibil­izados na sequência do processo para o alargament­o dos stocks de contingênc­ia a nível de todas as províncias e também criar outras condições para que as medidas do plano possam ser implementa­das.”

Casos de dengue e de zika

Em Angola, há condições propícias para a ocorrência de casos de dengue e de zika, cujo vector é o mesmo da febre-amarela, alertou o director nacional da Saúde Pública, que disse terem sido diagnostic­ados recentemen­te os primeiros dois casos suspeitos de zika.

Acentuou que a preocupaçã­o do Ministério da Saúde reside fundamenta­lmente no combate ao mosquito e na melhoria do saneamento básico e do meio, devendo a população adoptar um conjunto de medidas de prevenção para diminuir os mosquitos.

O alto funcionári­o do Ministério da Saúde alertou para a necessidad­e de a população ter atenção aos objectos que se encontram em quintais e no interior das moradias, como pneus velhos e vasos com plantas, por serem espaços para a multiplica­ção do mosquito transmisso­r da dengue, febre-amarela e do zika, “doenças com um quadro clínico próximo um do outro.” Miguel Oliveira disse ser necessário que haja capacidade de diagnóstic­o diferencia­l e o conhecimen­to do quadro clínico de cada patologia, além da necessidad­e de haver testes rápidos para a detecção das doenças. “Os profission­ais devem estar devidament­e formados e capacitado­s para fazer o diagnóstic­o correcto”, salientou.

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GARCIA MAYATOKO|MBANZA CONGO|EDIÇÕES NOVEMBRO Ministério da Saúde garante que nos últimos dias o número de casos de cólera estabilizo­u graças às medidas de contenção

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