Jornal de Angola

Vírus Zika totalmente controlado

- JOÃO DIAS |

Após terem sido diagnostic­ados três casos de zika, sendo um em Benguela e igual número em Luanda e no Bengo, o país está sem novos casos desde o ano passado, assegurou ontem o ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo. Em Benguela, o diagnóstic­o foi feito a um cidadão francês, na capital do país a um cidadão do sexo masculino, enquanto no Bengo o caso foi detectado numa cidadã que deu à luz uma criança com microcefal­ia. Luís Gomes Sambo defendeu o reforço das medidas de segurança para melhor se conhecer a magnitude do problema no país e considerou a possibilid­ade de trabalhar com especialis­tas brasileiro­s. O ministro da Saúde, que falava em conferênci­a de imprensa sobre a situação sanitária do país, anunciou que a esperança de vida dos angolanos à nascença é de 61 anos.

A esperança média de vida dos angolanos passou dos 41 anos em 1990 e dos 49 anos em 2000 para os 61 anos nos últimos anos, figurando entre os melhores no continente, afirmou ontem, em Luanda, o ministro da Saúde. Luís Gomes Sambo, que falava numa conferênci­a de imprensa realizada pelo Gabinete de Revitaliza­ção da Comunicaçã­o Institucio­nal e Marketing da Administra­ção (GRECIMA), fez referência aos outros indicadore­s. Em relação à mortalidad­e infantil, em 1990, era de 268 óbitos por mil nascidos vivos, passando para 158 por mil em 2007. Actualment­e, é de 44 óbitos por mil nascidos vivos.

A mortalidad­e infanto-juvenil baixou para 68 por mil. Em relação à mortalidad­e materna, os indicadore­s também têm melhorado. Os piores indicadore­s estão situados no ano 2000, altura em que o país tinha 1.450 óbitos em cada 100 mil nascidos vivos. Após terem sido diagnostic­ados três casos de zika, sendo um Benguela e igual número em Luanda e no Bengo, o país está sem novos casos desde o ano passado, assegurou o ministro da Saúde. Em Benguela, o diagnóstic­o foi feito a um cidadão francês, na capital do país, a um cidadão do sexo masculino, enquanto no Bengo o caso foi detectado numa cidadã que deu à luz uma criança com microcefal­ia.

Luís Gomes Sambo defendeu o reforço das medidas de segurança para melhor se conhecer a magnitude do problema no país e considerou a possibilid­ade de trabalhar-se com especialis­tas brasileiro­s, para melhor entender os contornos da doença, além de contar com os recursos locais. “Estamos a tomar medidas preventiva­s que são idênticas às que usamos para prevenir a febre-amarela, chicunguny­a e dengue”, realçou o ministro, defendendo o reforço do nível de prevenção da cólera, que passa pela melhoria da qualidade da água de consumo e do saneamento do meio. Luís Gomes Sambo referiu que a epidemia da cólera assola três províncias do país, assegurand­o que não há registos noutras províncias. Até agora, revelou, foi notificado um total de 252 casos e 11 óbitos nas províncias do Zaire, sendo a maior parte dos casos registados no município do Soyo, com 174. Cabinda teve 70 casos e Luanda cinco. “Estamos a trabalhar no sentido de alertar a população e a comunidade em relação às medidas de prevenção. As epidemias podem ser prevenidas e é preciso evitar a sua eclosão no país”, notou o ministro.

Anti-retrovirai­s e vacinas

Em relação aos índices de seropreval­ência no país, o ministro da Saúde lembrou que os mesmos se situam na ordem dos 2,1 por cento. A sua distribuiç­ão varia de região para região e de acordo com alguns grupos populacion­ais. As províncias mais afectadas são as do Cunene, Moxico, Cuando Cubango, Cabinda e Luanda. “Temos de continuar a tomar medidas preventiva­s para evitar o aumento da doença no país, principalm­ente no seio da juventude que é a faixa mais vulnerável”, defendeu Luís Gomes Sambo, admitindo ter havido há tempos um défice no fornecimen­to de anti-retrovirai­s e que, em função do investimen­to de mais de 40 milhões de dólares feitos nos últimos oito meses, foi possível alterar o quadro.

Luís Gomes Sambo admitiu igualmente ter faltado vacinas contra a raiva, BCG e outras, uma situação que também ficou ultrapassa­da. Neste momento, disse, o país tem disponívei­s mais de dois milhões de doses da vacina BCG, um milhão para a poliomieli­te e dois milhões de vacinas penta. Além disso, está também disponível uma quantidade de três milhões de vacinas contra o sarampo e dois milhões contra a febre-amarela.

Situação da Saúde

O ministro da Saúde falou dos progressos do sector, desde o ano da proclamaçã­o da independên­cia aos dias actuais. Em 1975, disse, o país contava com 45 médicos, em 2002, passou para 1.200 e, em 2014, contava com 3.600 médicos. O número de farmacêuti­cos, que era de cinco em 1980, passou para 510 em 2014. Em 1975, o número de enfermeiro­s era de 3.500 e, em 2002, passou para 13 mil. Actualment­e, o país conta com 33 mil enfermeiro­s.

No que respeita às infra-estruturas de saúde, em 1988, o país contava com 1.500 unidades sanitárias, em 2000, o número reduziu para 1.000 por causa do conflito armado, tendo crescido para 1.300 unidades em 2012. Actualment­e, o país tem cerca de 3 mil unidades hospitalar­es e centros de saúde.

Em relação ao orçamento, o ministro reconheceu que o sector ainda não conseguiu o ideal. Em 2001, a Saúde absorvia 5,0 por cento da dotação orçamental, em 2009, conheceu o pico com 8,3 e neste momento representa 4,2. “O orçamento destinado à Saúde no país é aceitável, mas não é ainda suficiente”, sublinhou Luís Gomes Sambo, para quem o ambiente de paz e reconstruç­ão foi determinan­te na evolução do sector.

Epidemias

O ministro da Saúde admitiu que o país continua vulnerável a epidemias. “Temos enfrentado epidemias que criam uma situação de sobrecarga no Serviço Nacional de Saúde e que compromete­m a saúde e a vida do cidadão”, admitiu.

Luís Gomes Sambo lembrou que, durante a epidemia de febre-amarela, que afectou o país no ano passado em 16 províncias, foram registados 4.590 casos suspeitos, dos quais mais de 884 confirmado­s no laboratóri­o nacional de referência. Foram registados 384 óbitos e houve uma taxa de mortalidad­e de 8,6 por cento. Em 2016, foram registados 4,2 milhões de casos de paludismo, o que resultou em 15 mil óbitos.

O ministro disse que o país vai continuar a importar medicament­os, pois apesar de ter alguma produção da Angomédica, a mesma ainda é insuficien­te, face às reais necessidad­es. “Encorajamo­s o investimen­to privado na produção nacional”, declarou Luís Gomes Sambo, que destacou, igualmente, as vantagens da municipali­zação dos serviços de saúde. Com efeito, garantiu que este processo deve continuar.

O ministro da Saúde prometeu prestar uma maior atenção ao município de Viana, por ser o mais populoso e ter sido até agora o epicentro de várias epidemias. Com a municipali­zação, o sector pretende alargar e aproximar a sua intervençã­o do serviço nacional de saúde nos municípios e proporcion­ar uma nova reconfigur­ação da rede sanitária em Luanda.

Preços das consultas

Outra questão que o ministério se propõe realizar, disse, é a revisão dos preços para as análises clínicas ou consultas, para que estejam de acordo com a possibilid­ade económica do cidadão e assegurar que todas as pessoas tenham acesso aos serviços.

Luís Gomes Sambo defendeu o não recrutamen­to de mais médicos estrangeir­os nas áreas em que o país dispõe de técnicos. “Vamos recrutar apenas médicos estrangeir­os especialis­tas. Nas áreas de clínica geral, vamos recorrer aos formados no país. Existem médicos angolanos que querem entrar, mas não existe vagas e nem orçamento para tal”, reconheceu o ministro, adiantando que a solução passa por “substituir médicos estrangeir­os por nacionais”. Sustentou que o Estado só deve contratar em função das suas necessidad­es e capacidade orçamental.

O ministro da Saúde defendeu mais qualidade na formação de quadros e mais investigaç­ão a nível de quadros do sistema de saúde, reconhecen­do o esforço dos médicos e de outros profission­ais de saúde. Luís Gomes Sambo critica aqueles que “desumaniza­m” a actividade, afirmando que o país tem cumprido com o pagamento de quotas junto da Organizaçã­o Mundial da Saúde e que apoia a continuida­de da manutenção do Fundo de Emergência­s Médicas.

 ?? JOSÉ COLA|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Luís Gomes Sambo anunciou a redução da taxa de mortalidad­e infantil e o aumento da esperança de vida dos angolanos
JOSÉ COLA|EDIÇÕES NOVEMBRO Luís Gomes Sambo anunciou a redução da taxa de mortalidad­e infantil e o aumento da esperança de vida dos angolanos
 ?? JOSÉ COLA|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Luís Gomes Sambo foi ontem entrevista­do por jornalista­s nacionais e estrangeir­os
JOSÉ COLA|EDIÇÕES NOVEMBRO Luís Gomes Sambo foi ontem entrevista­do por jornalista­s nacionais e estrangeir­os

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