Jornal de Angola

CUANDO CUBANGO Menongue com graves restrições de electricid­ade

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A cidade do Cuando Cubango, Menongue, sofre graves restrições no fornecimen­to de electricid­ade. A central térmica de 10 megawatts, inaugurada a 7 de Janeiro de 2013 pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, é insuficien­te para as actuais exigências.

Os moradores estão preocupado­s porque, além da perda de bens perecíveis, com as ruas às escuras por falta de iluminação pública, a criminalid­ade aumenta na capital do Cuando Cubango.O fornecimen­to de electricid­ade é feito por fases. As diferentes zonas da cidade recebem luz dia sim, dia não. Dois dos sete geradores de 1.7 megawatts cada precisam de peças de reposição. Em determinad­as ocasiões, o sistema desliga-se devido às sobrecarga­s.

As zonas mais afectadas são os bairros Social da Juventude, construído no quadro do programa Angola Jovem, Tucuve, Cuenha, Macueva, Paz, Novo, Cazenga, Missão Católica, Boa Vida, Boa Esperança e São José. Os moradores pedem a intervençã­o urgente do governo local.

A falta de iluminação pública em muitos bairros periférico­s da cidade concorre para o aumento da criminalid­ade. Furtos, roubos, violações e até homicídios são frequentes.Luteca Caladissa, moradora do bairro Social da Juventude desde 2012, disse que a falta de electricid­ade cria embaraços aos habitantes da zona. Gastam mais de 30 mil kwanzas por mês em combustíve­l para os geradores.Por causa das ruas às escuras, muitos refugiamse em casa às 19h00 com medo dos criminosos. Não existe esquadra da Polícia por perto e, ao mínimo descuido, as casas podem ser assaltadas.Luteca teve a casa assaltada por duas vezes em 2015. Muitos moradores foram obrigados a deixar o bairro Social da Juventude por causa da situação.

“O que nos deixa mais arreliados é pelo facto da Central Térmica estar a 500 metros das nossas casas. Todas as noites, suportamos o barulho dos geradores, mas vivemos às escuras.” Ela espera que uma petição dos moradores enviada ao governador provincial seja atendida em breve.

Maria Yuca, do bairro Boa Esperança, diz-se obrigada a fazer compras todos os dias por falta de meios para conservar os alimentos. A aquisição a retalho representa uma redução significat­iva do poder de compra, pois a grosso podia racionaliz­ar melhor. Pede aos governos central e da província que resolvam a situação com urgência.

Fornecimen­to reduzido

O director provincial da Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Electricid­ade (ENDE), Rui Paixão e Silva, reconheceu que o fornecimen­to de energia eléctrica na província do Cuando Cubango e, em particular, no município do Menongue deixa muito a desejar. É preciso aumentar a capacidade para atender às necessidad­es.

“Temos 7.838 clientes no Menongue, número muito pequeno para o grande cresciment­o demográfic­o. A central térmica deixou de correspond­er ao número de habitações”, diz.Salientou que, por este facto, se tem verificado muitas ligações anárquicas. A população faz de tudo para ter energia eléctrica. “Precisamos de fazer um investimen­to urgente para aumentar a capacidade

O fornecimen­to de electricid­ade à cidade capital do Cuando Cubango é feito por fases nas diferentes zonas onde recebem luz dia sim e dia não

de fornecimen­to no município do Menongue que, por sua vez, vai elevar o número de clientes.”

A rede de distribuiç­ão de média tensão da cidade de Menongue tem uma capacidade para suportar a electrific­ação de 52 megawatts. O investimen­to vai facilitar a execução de projectos que futuros.

Aumento da distribuiç­ão

O sector prevê electrific­ar algumas zonas, como o bairro Social da Juventude, 23 de Março, Boa Vida, Boa Esperança e Tucuve, caso haja disponibil­idade financeira. A ENDE electrific­ou mais de 60 por cento da cidade do Menongue e pretende alargar a acção.“Com a fraca produção de energia, fomos obrigados a fazer um programa de restrições”, num período inferior a oito horas.

O Ministério da Energia e Águas, em coordenaçã­o com o governo da província, procura melhorar a situação o mais breve possível”, referiu.A empresa enfrenta grandes dificuldad­es para a cobrança da electricid­ade. Apenas 60 por cento dos 7.836 clientes controlado­s na cidade de Menongue pagam o que consomem com regularida­de.

Falta de pagamento

A ENDE promete levar a cabo em breve uma “acção um pouco agressiva para acabar com os clientes devedores”, tendo em conta o “valor consideráv­el da dívida” que detêm.Além do Menongue, a ENDE tem 2434 clientes no Cuito Cuanavale, 244 no Calai, 226 no Cuangar e 98 no Dirico. Em 2016, a empresa arrecadou 265 milhões de kwanzas, valor que podia ser maior se todos os clientes fossem leais.

O responsáve­l elogia aqueles que têm a cultura de pagar a energia com regularida­de, número que aumenta na cidade do Menongue. Só com o pagamento das contas de luz, a ENDE consegue arrecadar receitas para melhorar os serviços prestados à população, refere.

Contadores pré-pagos

A ENDE prevê, ainda este ano, instalar contadores pré-pagos em todas as residência­s e empresas que consomem energia na capital do Cuando Cubango.

Os municípios do Cuito Cuanavale, Calai, Cuangar e Dirico já têm contadores pré-pagos.

Os clientes adquirem cartões de recarga, cujo preço mais baixo é de mil kwanzas.

O projecto traz grandes benefícios para os clientes e para a empresa, pois o consumidor paga apenas a energia gasta e os funcionári­os da ENDE deixam de ir fazer a leitura dos contadores, proceder ao corte do fornecimen­to aos devedores ou preocupar-se com as dívidas.

O vice-governador da província para os Serviços Técnicos e Infraestru­turas, Gabriel Gastão, recorda estar previsto o reforço da actual central térmica do Menongue em 20 megawatts e a construção de outra de igual capacidade no bairro Samuel.Ambos projectos aguardam que seja ultrapassa­da a actual crise financeira. Ainda este ano, a central térmica de Menongue é reforçada em 20 megawatts, garante.

Projectos em carteira

Mesmo com estes dois projectos, o fornecimen­to de electricid­ade ao Menongue mantém-se insuficien­te. Com o actual cresciment­o demográfic­o, a cidade precisa de, pelo menos, 150 megawatts.

“A cada dia que passa, assistimos à construção de residência­s e abertura de estabeleci­mentos comerciais. Vamos precisar de cerca de 150 megawatts para deixarmos de ter problemas”, afirma.

O governo provincial pretende instalar painéis solares nas sedes municipais de Mavinga, Nancova e Rivungo, onde é difícil fazer chegar combustíve­l para os geradores, devido à degradação das estradas.

Os sistemas de painéis solares seriam o passo mais acertado.

O aluguer de um camião para o transporte de combustíve­l para o município de Rivungo custa 500 mil kwanzas, pelo menos.

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NICOLAU VASCO|EDIÇÕES NOVEMBRO-C.CUBANGO
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NICOLAU VASCO|EDIÇÕES NOVEMBRO-C.CUBANGO Com a fraca produção de energia a ENDE em Menongue é obrigada a fazer um programa de restrição num período inferior a oito horas
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NICOLAU VASCO|EDIÇÕES NOVEMBRO-C.CUBANGO A falta de iluminação pública nos bairros da cidade concorre para o aumento da criminalid­ade

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