Frelimo enaltece solução interna na busca da paz
Executivo e partido Renamo anunciam estar preparados para a retomada das negociações
A Frelimo, partido no poder em Moçambique, considerou ontem a aposta na solução interna como o caminho para a resolução do conflito militar no país, agradecendo aos mediadores internacionais pelo papel que desempenharam nas negociações.
“A cessação temporária das hostilidades militares, recentemente alcançada e a introdução de novos termos de diálogo focalizados nas soluções internas revelam a capacidade que temos como moçambicanos de resolvermos os nossos problemas”, refere um comunicado da Comissão Política (CP) da Frelimo, enviado à comunicação social.
Para a CP da Frelimo, a indicação de grupos de trabalho especializados pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, Afonso Dhlakama, para prosseguirem o diálogo político, sem a presença dos mediadores internacionais, traduz a vontade das partes de mobilizar a capacidade interna para a resolução definitiva da crise política e militar no país.
“A Comissão Política endereça a sua gratidão aos mediadores internacionais pelo contributo que deram no processo do diálogo e reafirma os consensos alcançados como resultado, em parte, da sua valiosa contribuição”, lê-se na nota de imprensa.
Em finais de Dezembro, após conversas telefónicas com Filipe Nyusi, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como “gesto de boa vontade”, tendo, posteriormente, prolongando o seu prazo para 60 dias para dar espaço às negociações.
Na semana passada, o Presidente moçambicano anunciou o fim da fase das negociações que envolvem a medição internacional e, na segunda-feira, divulgou uma lista com os nomes que compõem Maputo organiza em breve a reunião entre o Governo e a Renamo sobre a descentralização do país e dos assuntos militares os dois grupos que, em separado, vão discutir a descentralização e os assuntos militares, principais temas da agenda negocial.
Espera-se que as negociações de paz entre as partes, agora neste novo modelo, sejam retomadas nos próximos dias.
Os dois novos grupos têm a missão de dar seguimento ao trabalho iniciado no processo negocial anterior, que integrava uma equipa de mediação internacional e que parou em meados de Dezembro sem um acordo sobre os principais pontos de agenda.
Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos militares no terreno, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição da Renamo, bem como a sua reintegração na vida civil.
Antes da cessação das hostilidades militares, o centro e o norte do país eram fustigados por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo, com ataques a alvos civis imputados pelo Governo ao principal partido de oposição.
As hostilidades foram desencadeadas pela recusa da Renamo em reconhecer a derrota nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de fraude no escrutínio.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou quinta-feira ter endereçado convites a entidades internacionais para acompanharem o reinício do diálogo político entre o Governo e a Renamo, o maior partido da oposição no país.
Ao discursar em Maputo, durante a cerimónia do seu aniversário natalício, Nyusi explicou ter mantido contactos com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tendo ambos chegado a um entendimento sobre a indicação de “assessores internacionais” para as partes.
“Enderecei convite àqueles que vão assessorar ou que vão assistir o processo (do diálogo)”, disse o Presidente, que completou 58 anos na quinta-feira. Filipe Nyusi disse que o líder da Renamo também já indicou os assessores que são da sua confiança e que foram aceites pelo Governo e que ele, enquanto Chefe de Estado, emitiu as cartas para os convidar nas conversações.
O Presidente Filipe Nyusi frisou que os especialistas e personalidades internacionais não vão mediar o diálogo político, mas sim contribuir para o processo de descentralização do país.
“Eles não são mediação, mas sim especialistas. Quando se discute a descentralização, existe aquilo que é o padrão universal num país com democracia. O mesmo sucede quando se fala de assuntos militares”, afirmou o Estadista citado pela agência moçambicana de notícias (AIM).
O Presidente disse tratar-se de peritos e apartidários que “até nem sequer conhecem bem a história (de Moçambique). Apenas conhecem bem os processos que vão monitorar”, vincou.
Na segunda-feira, após os consensos alcançados com Afonso Dhlakama, o Presidente da República indicou os membros que vão integrar a equipa do Governo que vai discutir com os delegados da Renamo matérias referentes à descentralização do Estado e aos assuntos militares.
Na sexta-feira última, Dia dos Heróis Moçambicanos, o Presidente Filipe Nyusi anunciou o fim da fase do diálogo político, envolvendo os mediadores internacionais, apelando-os para manifestarem disponibilidade caso voltem a ser solicitados no processo de busca da paz efectiva em Moçambique.
O Chefe de Estado moçambicano revelou ainda que o diálogo político entre o Governo e a Renamo vai reiniciar brevemente, devendo ser discutidos assuntos militares e a descentralização do país.