Horta alerta para cansaço com o impasse na Guiné
O antigo líder timorense e representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, alertou quinta-feira, em Bissau, os líderes guineenses para o cansaço da comunidade internacional perante o que diz ser um “imbróglio político” no país.
Convidado de honra para um simpósio internacional sobre a reconciliação entre os guineenses, José Ramos-Horta reuniu com o líder do Parlamento, Cipriano Cassamá, de quem disse ter recebido informações sobre a crise política que assola a Guiné-Bissau há mais de dois anos.
“É urgente que os irmãos da Guiné-Bissau encontrem uma solução para este imbróglio”, defendeu José Ramos-Horta, até porque “os doadores podem ficar cansados e alguns já o estão.”
O antigo Presidente de TimorLeste afirmou que, perante a conjuntura internacional “difícil e complexa”, dificilmente, a crise política e institucional na GuinéBissau poderá captar a atenção do Conselho de Segurança ou do Secretário-Geral das Nações Unidas. Mesmo não sendo emissário de qualquer entidade da comunidade internacional, José Ramos-Horta prometeu falar com os líderes políticos guineenses durante a sua estada em Bissau, inclusive com o Presidente da República, José Mário Vaz, a quem disse que vai pedir que “faça mais um esforço” para promover o diálogo.
Também disse não ser necessário dramatizar a situação porquanto, notou, o país não se encontra em guerra e “apesar do imbróglio político” registou um crescimento económico, afirmou.
José Ramos-Horta defende serenidade e compromissos entre todos, até porque, disse, faltam apenas dois anos para a realização de novas eleições legislativas.
Para já, entende que realizar eleições legislativas antecipadas, por si só, não iria resolver o problema, já que a comunidade internacional não estaria disponível para as financiar. Timor-Leste foi um dos principais financiadores das eleições gerais (presidenciais e legislativas) ocorridas em 2014 e, na altura, José Ramos-Horta empenhou-se pessoalmente na realização do escrutínio.