Angola vendeu menos a Portugal
Angola é dos poucos países que venderam menos para o mercado português, no ano passado, devido à queda do preço do crude no mercado internacional, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística de Portugal.
Em 2016, Portugal exportou 1,5 mil milhões de euros para Angola, o que representa uma quebra de 28,4 por cento face ano anterior, uma contracção que se seguiu a uma quebra de 33,9, registada em 2015. Em apenas dois anos, o valor das exportações portuguesas de mercadorias para Angola caiu para menos de metade.
A história das vendas portuguesas para Angola tem sido contada com crescimentos sucessivos. Entre 2000 e 2014, só houve um ano de queda. Em todos os outros, as exportações avançaram e quase sempre com variações de dois dígitos. Em 1999, Angola comprou a Portugal 276 mil euros em mercadorias. Quinze anos depois, em 2014, esse valor ascendia a quase 3,2 mil milhões de euros.
Do lado das importações, assiste-se a um fenómeno semelhante. Estão a cair há três anos consecutivos, tendo registado em 2016 o mais baixo volume de compras a Angola desde 2010.
Entre os 20 principais clientes de Portugal, Angola teve o maior recuo homólogo no ano passado (-28,4 por cento), seguida pela China (19,3%). Essas quebras foram compensadas por ganhos importantes nos dois principais compradores de bens portugueses: as exportações para Espanha e França, avançaram 5,6 e 4,9 por cento, respectivamente. As importações portuguesas de bens também perderam algum gás no ano passado: estavam a crescer 2,2 por cento em 2015 e no ano seguinte apenas 1,2 por cento, diz o Instituto Nacional de Estatística no estudo sobre o fecho de 2016.
O INE lembra que Portugal continua a ser um país comercialmente deficitário, isto é, importa sempre mais do que exporta, pelo que este défice voltou a aumentar em 2016 (281 milhões de euros).
As exportações totais de mercadorias desaceleraram fortemente em 2016, tendo crescido apenas 0,9 por cento em termos nominais no conjunto do ano, o pior registo em sete anos, mostra o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em 2015, a expansão tinha sido de 3,7 por cento.
Em 2016, as empresas exportadoras portuguesas venderam ao estrangeiro qualquer coisa como 50,3 mil milhões de euros em mercadorias, valor que compara com os 61 mil milhões em bens importados. E mesmo sem contar com os combustíveis, dos quais Portugal é muito dependente (quer nas exportações, quer nas importações), o cenário ainda é pior.
O INE diz que “o défice da balança comercial excluindo os combustíveis situou-se em 7,641 mil milhões de euros, correspondente a um aumento de 1,405 mil milhões de euros face a 2015”. Isto acontece porque as importações sem componente de energia cresceram ao dobro do ritmo das exportações desse mesmo tipo. As primeiras avançaram 4,8 por cento, ao passo que as vendas portuguesas sem combustíveis apenas subiram 2,4 por cento. O ambiente mais turbulento e incerto a nível internacional, marcado na Europa pelo “brexit”, pelas pressões proteccionistas de alguns países, pela retoma retardada em muitos deles, mas também a falta de investimento em novos projectos e em aumentos de capacidade em Portugal, fazem com que as vendas portuguesas se ressintam.
O referido aumento de 0,9 por cento nas exportações totais é o pior registo em sete anos, desde 2009, ano em que afundaram mais de 18 por cento em termos anuais. As exportações até aceleraram um pouco entre 2014 e 2015 (o crescimento passou de 1,6 para 3,7 por cento), mas essa dinâmica durou pouco. O Instituto Nacional de Estatísticas faz ainda uma análise mais detalhada sobre o comércio internacional no final do ano e diz que, em Dezembro de 2016, os maiores aumentos homólogos nas exportações aconteceram nos “combustíveis e lubrificantes (+55,9 por cento)”, nos “fornecimentos industriais (+8,3) e no material de transporte e acessórios (+19,7)”.