Cortes da OPEP confirmam expectativas
O acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que visou o corte da produção para reanimar o mercado, correspondeu às expectativas, afirmou ontem o seu presidente em exercício. Para Mohamed Saleh al-Sada, também ministro da Energia do Qatar, “o mercado reagiu bem e vocês podem ver o declínio da oferta.”
Membros e não-membros da OPEP acordaram, no final do ano passado, cortar a produção de petróleo em cerca de 1,8 milhões de barris por dia, inicialmente para seis meses a contar desde o início deste ano. No acordo ratificado em Dezembro em Viena, os 13 países da OPEP comprometeram-se a reduzir em 1,2 milhões de barris por dia a produção nos primeiros seis meses de 2017, com a Arábia Saudita a aceitar grande parte da redução. Outros 11 países produtores alheios ao grupo – como a Rússia, o México ou o Cazaquistão – uniram-se ao corte e acordaram tirar do mercado 558.000 barris adicionais, fazendo com que no total a produção venha a reduzir em 1,758 milhões de barris por dia.
Como resposta, o petróleo terminou 2016 com uma forte recuperação graças a esse acordo para reduzir a produção, deixando para trás a debilidade que se viveu durante parte do ano passado, com o barril a negociar abaixo dos 28 dólares.
A S&P Global Platts, uma das fontes secundárias que a OPEP vai usar para determinar se o acordo de Novembro de 2016 está a ser cumprido, divulgou os seus números para Janeiro de 2017. De acordo com esses dados, todos os países membros da OPEP com cortes mandatários (Líbia, Nigéria e Irão receberam isenção) diminuíram a produção de petróleo.
Alguns países ainda precisam de implantar os seus cortes de produção por completo, mas apenas o Iraque continua a produzir além da quota. A taxa de conformidade está em 91 por cento, um sinal aparentemente positivo no caminho para solucionar a sobre oferta, mas os observadores do mercado podem não ter a mesma visão. A taxa de redução actual é de 1,14 milhão barris por dia (em comparação ao eventual corte de planeamento de 1,2 milhões de bpd).
Para alcançar as taxas actuais, a Arábia Saudita, Angola e o Kuwait cortaram mais do que o previsto no acordo. Isso ajudou a compensar minimamente a maior produção da Argélia, Gabão, Catar, Emirados Árabes Unidos e Venezuela e, mais significativamente, a do Iraque.
O acordo da OPEP pode ser considerado um sucesso, enquanto a média de produção para os primeiros seis meses de 2017 chegar a 1,2 milhão bpd. Isso significa que a média de produção para o primeiro semestre deve determinar uma taxa de média 1,2 milhões de bpd a menos do produzido antes do acordo.
O verdadeiro teste para a OPEP, diz o estudo, é se esses cortes vão reflectir sobre os preços mais altos de petróleo durante esse semestre. Em Janeiro, o corte além do previsto dos maiores produtores da Arábia Saudita e da Rússia contribuíram para manter os preços do petróleo elevados. Fundos hedge (de protecção) parecem apostar que as condições que empurram os preços para cima devem continuar, no mínimo, por muitos meses. Eles podem estar a reagir às notícias de que a Venezuela não garantiu o investimento necessário para a sua indústria petrolífera e agora prevê que a sua produção caia em mais de 200 mil bpd.
Para a S&P Global Platts, não é certo que esse movimento para acabar com a sobre oferta vá continuar, mas “existem muitos sinais que apontam para um sobre preço do petróleo nesse momento.” Alguns factores que podem resultar numa correcção do preço apesar do acordo da Opep. A produção do petróleo xisto norte-americano parece estar pronta para crescer nos próximos 24 meses.
O relatório da Agência Internacional de Energia revelou que a gasolina, o diesel e as reservas de petróleo nos EUA estão na verdade mais altos do que neste mesmo período no ano, mostrando aumento no excesso de oferta. Números de produção da Líbia para a Nigéria (países isentos de cortes da OPEP) mostraram sinais de crescimento.
A Rússia reduziu além do compromisso de 300.000 barris por dia devido ao Inverno rigoroso. Com o fim do Inverno, essas questões devem ser resolvidas e o país passa a estar sujeito à tentação de aumentar novamente a produção.