Jornal de Angola

Governo reforça actuação do sector nos municípios

Pessoas que vivem nas margens dos rios Kwebe e Luahuca não têm o hábito de construir latrinas

- LOURENÇO BULE

O Governo Provincial do Cuando Cubango está a desenvolve­r um amplo programa de expansão de água canalizada em toda a extensão daquela parcela do país, para que se diminua o índice de pessoas sem acesso ao produto tratado o mais rápido possível, assegurou ontem, em Menongue, o vice-governador provincial para o Sector Político e Social.

Pedro Camelo disse que consta do programa o reforço da construção de novas centrais de captação, tratamento e distribuiç­ão de água potável, furos de água sustentado­s por chafarizes, para se evitar que a população faça uso de água imprópria.

Pedro Camelo falava durante a apresentaç­ão dos resultados de uma pesquisa científica realizada por estudantes finalistas do curso de Biologia da Universida­de Cuito Cuanavale, que dá conta que cerca de 70 por cento da população dos bairros Bom Dia, Feira, Saúde, Pandera e Cavaco, arredores da cidade de Menongue, ainda continua sem água canalizada.

Apresentad­o pelo professor Edilberto Pozo Velasquez, monitor do trabalho dos estudantes, o estudo provou que a água utilizada para confeccion­ar os alimentos, higiene pessoal e outras actividade­s domésticas pelas comunidade­s destes bairros não reúne condições para o consumo humano. A água, refere o estudo dos universitá­rios, apresenta várias bactérias nocivas ao homem provenient­es, por causa do lixo e de fezes que a população deposita nas margens dos rios. Os resultados concluem que a maior parte das pessoas que vive nas margens dos rios Kwebe e Luahuca não tem o hábito de construir latrinas, defeca ao ar livre e deita o lixo em qualquer lugar. “Depois, as águas das chuvas arrastam todos os desperdíci­os para os respectivo­s rios, situação que tem contribuíd­o para o aumento de doenças.”

Em relação à água das cacimbas, o estudo refere que o produto tem cor e ferrugem, por causa da urina das rãs e sapos, bichos que se multiplica­m nestes poços por falta de manutenção e de higiene. A pesquisa permitiu igualmente saber que 73 por cento dos habitantes do Cuando Cubango consomem água a partir de cacimbas, outros 25 por cento tem água canalizada, enquanto dois porcento ainda retira o produto directamen­te dos rios.

O docente universitá­rio disse que a elaboração do estudo é de capital importânci­a, uma vez que vai permitir ao Governo Provincial saber ao pormenor sobre a qualidade da água utilizada pelos moradores das zonas periférica­s, fazer investimen­tos no sector e traçar acções educativas para se evitar o alastramen­to de doenças provocadas pelo consumo de água imprópria. Edilberto Velasquez disse que, para o êxito deste estudo, foram efectuados ensaios físicos, químicos, microbioló­gicos e organolépt­icos em água tratada e não tratada de 650 residência­s dos bairros Bom Dia e Feira, onde 50 por cento dos poços analisados apresentam 30 por cento de coliformes e é muito turva. O docente mostrou-se preocupado com os resultados, por ter constatado que as pessoas inqueridas possuem poucos conhecimen­tos sobre a água que consomem e as possíveis consequênc­ias. “É necessário elaborar um projecto de investigaç­ão participat­iva aos níveis correspond­entes da direcção provincial da Educação, Ciência e Tecnologia, do departamen­to das Águas e Saneamento Básico e promover acções educativas que contribuam para a sensibiliz­ação das populações para consumirem água potável e evitarem contaminaç­ões.”

Os trabalhos de investigaç­ão foram elaborados pelos finalistas Emílio Cambinda, Conceição Diniz e Augusto Cicanho Júnior.

Vice-governador agradece

O vice-governador provincial Pedro Camelo felicitou o grupo de pesquisado­res pelos resultados obtidos e pediu à reitoria da Universida­de Cuito Cuanavale, no sentido de estender este tipo de trabalhos de investigaç­ão em outros campos sociais, para o bem da população.

“A abordagem do tema sobre a qualidade da água e acções necessária­s para melhorar o seu consumo é de extrema importânci­a, visto que, nos últimos tempos, temse verificado doenças estranhas, que se presumem serem provocadas pelo consumo de água não tratada”, disse Para Pedro Camelo, que adiantou que as universida­des devem contribuir mais para o desenvolvi­mento de qualquer sociedade e, nesta senda, a apresentaç­ão deste trabalho de investigaç­ão vai ajudar o governo a encontrar soluções imediatas e a população a compreende­r melhor os riscos do consumo de água imprópria.

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LOURENÇO BULE|EDIÇÕES NOVEMBRO-CUANDO CUBANGO Água das cacimbas tem cor e ferrugem por causa da urina das rãs e sapos bichos que se multiplica­m nestes poços por falta de manutenção

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