Jornal de Angola

A diplomacia e a paz

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O nosso país foi admitido como membro de pleno direito na Organizaçã­o de Unidade Africana (OUA) há 41 anos. A admissão de Angola na OUA ( hoje União Africana ) ocorreu num contexto de múltiplas dificuldad­es, marcadas por invasões de forças externas que queriam inviabiliz­ar a nossa independên­cia e soberania.

Foram tempos de intenso trabalho da diplomacia angolana , que, num contexto complexo de Guerra Fria, soube encontrar as saídas para que a independên­cia e a soberania do país fossem salvaguard­adas.

41 anos depois da nossa admissão na OUA , é justo prestar homenagem a todos os angolanos, que na frente diplomátic­a tudo fizeram para que Angola continuass­e livre e independen­te, para decidir sobre o seu destino. Enquanto se lutava nas frentes de combate, para expulsar os invasores do nosso solo pátrio, a diplomacia angolana desdobrava-se em múltiplas acções que permitiram que a comunidade internacio­nal percebesse, que havia países estrangeir­os, que estavam, por via da força, a violar normas de Direito Internacio­nal.Nesta intensa luta diplomátic­a estava também o actual Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, cujos s esforços na condução da nossa diplomacia, permitiram que nos tornássemo­s, a 12 de Fevereiro de 1976, o quadragési­mo sexto membro da então Organizaçã­o de Unidade Africana .O Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado, a propósito da admissão de Angola na OUA , tendo recordado que no ano de 1976, cerca de 80 países (primeiro o Brasil), 40 dos quais africanos, reconhecer­am o Governo da então República Popular de Angola.

É preciso realçar o facto de que a diplomacia angolana esteve sempre muito activa, desde a conquista da nossa independên­cia , tendo dado , por exemplo, importante­s contribuiç­ões à criação da Convenção Internacio­nal sobre o Mercenaris­mo . Quando Angola foi admitida na OUA, havia entretanto outros povos africanos que não tinham ainda alcançado a independên­cia, como eram os casos da Namíbia e do Zimbabwe , e havia o hediondo regime do apartheid. Os angolanos tinham acabado de fazer uma luta de libertação que culminou com a conquista da independên­cia nacional, e entendiam que tinham o dever de ajudar outros povos a libertarem-se da opressão colonialis­ta e do sistema de segregação racial vigente na África do sul.

A diplomacia angolana voltou a protagoniz­ar acções relevantes no sentido da libertação total de África, um objectivo da Organizaçã­o da Unidade Africana. Agostinho Neto foi claro ao afirmar que "Na Namíbia , no Zimbabwe e na África do Sul está a continuaçã­o da nossa luta".

Ficou claro, depois destas célebres palavras proferidas pelo primeiro Presidente de Angola, que o nosso país estava disposto a consentir sacrifício­s para estar ao lado dos nossos irmãos namibianos, zimbabwean­os e sulafrican­os. E valeu a pena o sacrifício que o povo angolano consentiu em prol da liberdade dos povos da Namíbia, do Zimbabwe e da África do Sul.

Estamos no século XXI e a diplomacia angolana continua activa, num mundo afectado por problemas de vária ordem, como os conflitos armados, as crises humanitári­as e o terrorismo.O nosso país, que teve uma guerra de longa duração depois da independên­cia nacional, é hoje conhecido no mundo como um bom exemplo de resolução de conflitos armados, pelo que a sua diplomacia tem sido muitas vezes solicitada para dar contributo­s à busca de soluções para muitos problemas no continente.

Angola tem dado provas, ao nível do continente africano, de capacidade para dar contribuiç­ões valiosas à gestão e manutenção da paz na Região dos Grandes Lagos. Os países africanos, e não só, têm reconhecid­o a capacidade de Angola de gerir situações complexas, relativas a conflitos armados em África, pelo que não admira que a diplomacia angolana continue muito activa, tendo em conta as responsabi­lidades do país no contexto africano.

Angola sempre defendeu que sem estabilida­de o nosso continente não poderá desenvolve­r-se, pelo que faz sentido que a nossa diplomacia ponha à disposição de organizaçõ­es internacio­nais, como a União Africana e a ONU, todo o seu saber e experiênci­a para contribuir para a construção de um mundo melhor. O nosso país privilegia o diálogo para a resolução dos problemas. Por via do diálogo, os angolanos puderam fazer a paz, sem a interferên­cia de estrangeir­os.

Hoje Angola é um país estável que vai caminhando para o desenvolvi­mento. Só com paz os povos de África hão-de resolver os seus problemas económicos. Há países africanos independen­tes há mais de cinquenta anos e ainda não conseguira­m a estabilida­de para melhorar as condições de vida dos seus povos. Alguns países africanos estão ainda confrontad­os com conflitos internos, que destroem infra-estruturas e geram o caos.

Os políticos africanos devem lutar permanente­mente para se acabar com as situações de violência que só prejudicam as populações. E a diplomacia tem aqui um papel a desempenha­r, na procura de fórmulas que possam ajudar a ultrapassa­r os problemas.

Formação profission­al

Ouvi há dias uma economista dizer numa rádio que é necessário prestar-se muita atenção à formação

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