Jornal de Angola

ONU quer prolongar missão para ajudar nas eleições

Conselho de Segurança analisa as recomendaç­ões do Secretário-Geral sobre a crise política guineense

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O mandato da Missão da ONU para Consolidaç­ão da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) pode ser prolongado por mais um ano e focar-se nas próximas eleições, refere um relatório que vai ser analisado amanhã pelo Conselho de Segurança.

“Recomendo que o mandato da Missão da ONU para Consolidaç­ão da Paz na Guiné-Bissau seja prolongado por mais um ano, até 28 de Fevereiro de 2018”, refere-se no documento subscrito pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

O relatório diz que a missão “deve concentrar os seus esforços políticos no apoio a um processo atempado para as eleições legislativ­as e presidenci­ais de 2018 e 2019”, respectiva­mente.

Deve ainda “explorar formas de apoiar projectos cruciais de reforma na preparação das eleições, em especial, a revisão constituci­onal, reforma do sector da segurança, alterações do código eleitoral e da legislação sobre partidos políticos”.

Advertênci­a contra o impasse

O documento também tem um alerta: se até ao final da actual legislatur­a e mandato presidenci­al não houver progressos significat­ivos, o Conselho de Segurança deve reconsider­ar as opções para o futuro papel da Missão da ONU para Consolidaç­ão da Paz na Guiné-Bissau.

Apesar do aplauso generaliza­do da comunidade internacio­nal para o processo eleitoral de 2014, a Guiné-Bissau entrou novamente numa crise política sem solução à vista depois de o Presidente da República, José Mário Vaz, ter demitido o primeiro-ministro eleito, Domingos Simões Pereira em Agosto de 2015.

De acordo com o relatório subscrito pelo Secretário-Geral da ONU, os objectivos da missão para os próximos três anos passam por “implementa­r reformas-chave para o êxito das eleições e para um período pós-eleitoral estabiliza­do”. O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, acusou sábado último o Parlamento (dirigido por Cipriano Cassamá, do PAIGC) de ter bloqueado o normal funcioname­nto do país através da recusa da Mesa do órgão em permitir a discussão do programa do Governo.

No seu discurso de encerramen­to de um simpósio internacio­nal em Bissau sobre a reconcilia­ção entre os guineenses, José Mário Vaz, afirmou que a crise de que se fala existir na Guiné-Bissau “reduz-se a uma clara obstrução e bloqueio” da Assembleia Nacional Popular or parte da direcção do órgão.

Para o Chefe do Estado guineense, que falava no Parlamento, não existem problemas militares no país mas “uma crise iminenteme­nte político-institucio­nal” alimentada por uma franja do Parlamento que, segundo disse, se recusa a permitir a discussão de políticas que possam promover o desenvolvi­mento do país. A direcção do Parlamento, obedecendo ao posicionam­ento do partido maioritári­o, o PAIGC, tem-se recusado a discutir e aprovar o programa do Governo, sob a alegação de que o executivo é de iniciativa do Chefe do Estado, logo fora do âmbito constituci­onal.

O Presidente José Mário Vaz entende que a postura da Mesa que preside ao Parlamento “violenta a democracia” uma vez que o plenário do órgão não consegue se reunir para aprovar leis de acordo com o mandato que o povo concedeu aos deputados, observou.

Quanto à intenção da comissão de reconcilia­ção nacional, órgão instituído pelo Parlamento e liderado pelo padre Domingos da Fonseca, o líder guineense disse estar aberto a abraçar a iniciativa desde que seja para a busca da verdade.

José Mário Vaz pediu ao líder da comissão que lhe apresente um calendário de actividade­s que devem ser levadas a cabo até à realização da conferênci­a nacional de reconcilia­ção em data a ser marcada oportuname­nte.

O Presidente guineense pediu aos cidadãos do país que confiem nas potenciali­dades da Guiné-Bissau e que apostem no “trabalho sério” mais do que qualquer ajuda da comunidade internacio­nal, frisou.

José Mário Vaz aproveitou a ocasião para saudar o antigo Presidente de Timor-Leste e prémio Nobel da paz, José Ramos-Horta que, na qualidade de antigo representa­nte da ONU em Bissau, foi o convidado de honra do simpósio.

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JA IMAGEM|EDIÇÕES NOVEMBRO Parlamento guineense e Presidênci­a da República voltaram a trocar acusações de obstrução do programa do Governo

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