CARTAS DO LEITOR
Sociedade e academia
Há dias, ouvi com atenção o psicólogo Carlinhos Zassala, quando se referia às condições sociais vividas pelos académicos, dizendo alto e em bom som que “a sociedade não valoriza os académicos.” Tratou-se de um desabafo que dá muito que pensar. Na verdade, os nossos académicos passam ainda por dificuldades, como de resto a maioria dos outros profissionais liberais. Trata-se de um processo, essa questão das dificuldades económicas e sociais, em que nos encontramos e que, em minha opinião, vai ser gradualmente superada. Quanto aos académicos, estes têm que aprender a fazer mais para a sua valorização. Em todo o caso, vale dizer também algumas verdades em função do referido desabafo, segundo o qual “a sociedade não valoriza os académicos.” Em minha opinião, grande parte da alegada ausência do valor que a sociedade deve ou devia conceder aos académicos tem a ver também com a contrapartida que a sociedade não recebe. Noutras sociedades, grande parte dos problemas e desafios enfrentados são resolvidos pelos chamados centros do saber. Vivemos numerosos problemas, alguns dos quais que merecem soluções simples, que deviam ser propostas por académicos, mas que a população não nota. Com a devida excepção de trabalhos de investigação de alguns estudiosos, não vemos os nossos académicos a empenharem-se de tal maneira que o reconhecimento viesse natural e espontaneamente. Não se pode esperar que a sociedade valorize quem, por incumbência das suas actividades, não agrega valor ao seu saber ao ponto de trazer soluções para os seus problemas. Para terminar, gostaria de felicitar aqueles investigadores que, independentemente das dificuldades por que passam, não cessaram de fazer o seu trabalho na certeza de que em primeiro lugar está a investigação e depois o reconhecimento.
Limpeza das ruas
Sou munícipe de Luanda e escrevo pela primeira vez para abordar a questão do lixo. Há dias, fui surpreendido com uma viatura, creio que, dos serviços técnicos das administrações a fazer a recolha do lixo em determinadas zonas da capital. Confesso que a nova imagem que a cidade começa a ter com a recuperação em termos de limpeza das suas vias constitui uma grande empreitada. O casco urbano começa a ficar apresentável com menos lixo e penso que é possível revertermos a presença de resíduos nas ruas de Luanda. Em todo o caso, espero que as famílias, as pessoas e as comunidades possam desempenhar um papel cada vez mais activo relativamente ao lixo. Não se pode deixar unicamente as operadoras sozinhas na medida em que o lixo não diz respeito somente aos que têm a função de recolher e tratar dos resíduos. É preciso que as famílias tenham hábitos saudáveis, sobretudo na disciplina dos mais novos para que estes aprendam desde mais cedo a melhor gerir os resíduos.
Infra-estruturas urbanas
Sou arquitecto formado no exterior e estou muito contente com o número de projectos para mudar as infra-estruturas que temos no país. Sigo com atenção todos os desenvolvimentos ligados à construção e às infra-estruturas em todo o país. Ainda bem que as autoridades angolanas não perdem tempo com iniciativas no sentido da recuperação do tempo perdido em tempo de guerra. A realização do II fórum sobre “Investimentos em infra-estruturas urbanas africanas”, há mais de um ano, permitiu diagnosticar o estado das infra-estruturas e repensar na sua modernização.
Como angolano, sinto-me feliz pelo facto de o nosso Executivo ter implementado uma série de projectos, alguns altamente ambiciosos, que estão a mudar a panorâmica imobiliária das cidades e das zonas rurais. Numa altura em que Angola caminha para modernizar as suas infra-estruturas, tenho a certeza de que estamos em presença de um amplo projecto que visa dar dignidade e condições de habitabilidade a cada família.