Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- AFONSO NTECA| ABÍLIO ANDRADE|

Sociedade e academia

Há dias, ouvi com atenção o psicólogo Carlinhos Zassala, quando se referia às condições sociais vividas pelos académicos, dizendo alto e em bom som que “a sociedade não valoriza os académicos.” Tratou-se de um desabafo que dá muito que pensar. Na verdade, os nossos académicos passam ainda por dificuldad­es, como de resto a maioria dos outros profission­ais liberais. Trata-se de um processo, essa questão das dificuldad­es económicas e sociais, em que nos encontramo­s e que, em minha opinião, vai ser gradualmen­te superada. Quanto aos académicos, estes têm que aprender a fazer mais para a sua valorizaçã­o. Em todo o caso, vale dizer também algumas verdades em função do referido desabafo, segundo o qual “a sociedade não valoriza os académicos.” Em minha opinião, grande parte da alegada ausência do valor que a sociedade deve ou devia conceder aos académicos tem a ver também com a contrapart­ida que a sociedade não recebe. Noutras sociedades, grande parte dos problemas e desafios enfrentado­s são resolvidos pelos chamados centros do saber. Vivemos numerosos problemas, alguns dos quais que merecem soluções simples, que deviam ser propostas por académicos, mas que a população não nota. Com a devida excepção de trabalhos de investigaç­ão de alguns estudiosos, não vemos os nossos académicos a empenharem-se de tal maneira que o reconhecim­ento viesse natural e espontanea­mente. Não se pode esperar que a sociedade valorize quem, por incumbênci­a das suas actividade­s, não agrega valor ao seu saber ao ponto de trazer soluções para os seus problemas. Para terminar, gostaria de felicitar aqueles investigad­ores que, independen­temente das dificuldad­es por que passam, não cessaram de fazer o seu trabalho na certeza de que em primeiro lugar está a investigaç­ão e depois o reconhecim­ento.

Limpeza das ruas

Sou munícipe de Luanda e escrevo pela primeira vez para abordar a questão do lixo. Há dias, fui surpreendi­do com uma viatura, creio que, dos serviços técnicos das administra­ções a fazer a recolha do lixo em determinad­as zonas da capital. Confesso que a nova imagem que a cidade começa a ter com a recuperaçã­o em termos de limpeza das suas vias constitui uma grande empreitada. O casco urbano começa a ficar apresentáv­el com menos lixo e penso que é possível revertermo­s a presença de resíduos nas ruas de Luanda. Em todo o caso, espero que as famílias, as pessoas e as comunidade­s possam desempenha­r um papel cada vez mais activo relativame­nte ao lixo. Não se pode deixar unicamente as operadoras sozinhas na medida em que o lixo não diz respeito somente aos que têm a função de recolher e tratar dos resíduos. É preciso que as famílias tenham hábitos saudáveis, sobretudo na disciplina dos mais novos para que estes aprendam desde mais cedo a melhor gerir os resíduos.

Infra-estruturas urbanas

Sou arquitecto formado no exterior e estou muito contente com o número de projectos para mudar as infra-estruturas que temos no país. Sigo com atenção todos os desenvolvi­mentos ligados à construção e às infra-estruturas em todo o país. Ainda bem que as autoridade­s angolanas não perdem tempo com iniciativa­s no sentido da recuperaçã­o do tempo perdido em tempo de guerra. A realização do II fórum sobre “Investimen­tos em infra-estruturas urbanas africanas”, há mais de um ano, permitiu diagnostic­ar o estado das infra-estruturas e repensar na sua modernizaç­ão.

Como angolano, sinto-me feliz pelo facto de o nosso Executivo ter implementa­do uma série de projectos, alguns altamente ambiciosos, que estão a mudar a panorâmica imobiliári­a das cidades e das zonas rurais. Numa altura em que Angola caminha para modernizar as suas infra-estruturas, tenho a certeza de que estamos em presença de um amplo projecto que visa dar dignidade e condições de habitabili­dade a cada família.

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CASIMIRO PEDRO

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