Dignificar o serviço de táxi
O serviço de táxi, a todos os níveis, constitui um elemento insubstituível e grande complemento aos esforços das instituições do Estado no asseguramento das condições para o seu exercício. Hoje, atendendo aos factores de mobilidade humana, enquanto variável importante na marcha da vida económica e social, é impensável conceber que o Estado garanta com meios de transporte a movimentação de toda a população. Os taxistas associados e as empresas de táxi personalizado, entre outros, constituem todos parceiros relevantes do Estado na medida em que asseguram a mobilidade, actividade comercial e económica.
Vale a pena repensar a forma como os operadores de táxi, congregados nas mais variadas associações ou empresas, exercem as suas actividades.
Nas grandes cidades, como Luanda, Benguela, Lubango, Huambo, Malanje e Cabinda, o grosso da população, que representa uma maioria qualificada de toda a população de Angola, é transportado pelos operadores de táxi para os mais variados destinos. Não precisamos de fazer um grande esforço para compreender que a actividade de muitas empresas, o comércio e, de uma maneira geral, o funcionamento da economia deve muito também aos taxistas.
E reconhecemos todos que este serviço precisa de conhecer maior fluidez, ausência de constrangimentos que resultam da lida com os agentes reguladores de trânsito e estado das vias, entre outras situações menos boas.
Em tempos, foi matéria de estudo as perdas económicas que resultam do tempo que as pessoas permanecem no trânsito por causa de factores conhecidos.
Não é preciso fazer um levantamento junto dos taxistas para ter uma ideia sobre as condições em que operam, numa altura em que a preocupação generalizada passa pelo que denunciam como comportamento irregular dos agentes que deviam regular, melhoria das estradas e, mais importante, pela definição de paragens oficiais. Este último item constitui, na zona urbana da cidade de Luanda, o problema principal por que passam os operadores de táxi, sobretudo os que circulam com viaturas de marca Hiace. Não é aceitável que para estes operadores, que carregam diariamente milhares de pessoas, simplesmente não haja paragens oficiais ou que não sejam permitidos parar, ainda que devidamente, ali onde seja possível. Em determinadas zonas do casco urbano, os operadores de táxi com viaturas Hiace não podem parar nas paragens para os outros operadores, uma situação muito questionável.
É verdade que esta problemática tem levado a várias reflexões e ao ensaio de medidas em determinadas partes da cidade de Luanda para levar a uma solução definitiva. Mas precisamos de evoluir rapidamente para soluções sustentáveis porque, como mostram estudos e avaliações feitas a priori, o serviço de táxi tem um impacto significativo na economia do país. Para evitar que os operadores de táxi, sobretudo os que fazemos referência aqui, vulgo candongueiros, não sejam forçados a manobras pouco ortodoxas em plena via para deixar ou levar passageiros, urge repensar muitas das suas reclamações. Numerosos acidentes podem ser evitados e muitas vidas podem deixar de correr risco por causa de manobras perigosas e de paragens indevidas, se algumas medidas forem avaliadas e tomadas.
O encontro entre o Governo da província de Luanda, a Associação dos Taxistas de Luanda, a Nova Aliança, a Polícia Nacional e a construtora Costa Angola constitui um passo encorajador na busca de soluções para os problemas reivindicados pelos associados.
Defendemos uma espécie de novo pacto entre todos os intervenientes para que o serviço de táxi tenha mais dignidade, à medida que cada uma das partes se comprometa, de jure e facto, com novos procedimentos.
A ideia avançada no encontro no sentido da identificação de locais que deverão servir para paragens é um bom começo, porque as coisas não estão muito bem no que ao exercício de táxi nas grandes cidades diz respeito. É igualmente do conhecimento de todos que nem sempre o comportamento dos taxistas e cobradores, na sua maior parte, corresponde ao esperado. Há também da parte dos beneficiários dos serviços de táxi, dos outros automobilistas e dos agentes reguladores numerosas reclamações pela condução e comportamento dos operadores de táxi.
Para bem da mobilidade na cidade e segurança na circulação de pessoas e automóveis, esperamos o empenho e responsabilidade de todos os intervenientes para que o serviço de táxi conheça melhorias. Desejamos que as grandes cidades, particularmente Luanda com a densidade populacional que tem, não resvalem para o caos em matéria de circulação de táxis. Afinal, o serviço de táxi sempre existiu e, embora tenha conhecido o desenvolvimento que todos assistimos com a entrada em cena dos chamados candongueiros, nada justifica que se encare os taxistas como um segmento a anular ou a dispensar. Pelo contrário, toda a sociedade deve apoiar os esforços do Governo da província de Luanda, a Associação dos Taxistas de Luanda, a Nova Aliança e a Polícia Nacional para dignificar o serviço de táxi.