Jornal de Angola

Falta de fundos inviabiliz­a as eleições

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A falta de fundos na República Democrátic­a do Congo (RDC) está a inviabiliz­ar a convocação das eleições presidenci­ais para ainda este ano, informou esta semana o ministro congolês do Orçamento, Pierre Kangundia.

O ministro congolês anunciou que o custo pela organizaçã­o da votação ascende aos 1,8 mil milhoes de dólares, valor que está aquém das disponibil­idades financeira­s do país.

O Governo congolês e a oposição chegaram, no ano passado, a um acordo sobre a realização de novas eleições, em finais deste ano.

O mandato do Presidente da RDC, Joseph Kabila, terminou em Novembro de 2016. Os seus oponentes acusaram-no de deliberada­mente protelar a votação para ainda se manter no poder.

O plano para a convocação das presidenci­ais antes de finais de 2017 reduziu a onda de tensão entre o Governo e a oposição, no país.

A Comissão Eleitoral congolesa anunciou em Novembro de 2016 que precisava de, pelo menos até Julho deste ano, registar mais de 30 milhões de eleitores.

A RDC nunca efectuou uma transferên­cia pacífica da liderança, desde a sua independên­cia, em mais de 55 anos. Kabila lidera o país desde 2001, após o assassinat­o do seu pai, Laurent Kabila. Ganhou duas eleições e a Constituiç­ão interdita-o a concorrer para um terceiro mandato como Chefe de Estado.

Impasse político

As Nações Unidas (ONU), a União Africana (UA) e a Organizaçã­o Internacio­nal da Francofoni­a manifestar­am-se, quinta-feira, em Addis Abeba (Etiópia), preocupada­s com o impasse nas discussões sobre a aplicação do acordo de saída da crise, na República Democrátic­a do Congo (RDC), noticiou a France Press. Num comunicado comum publicado para o efeito, as três organizaçõ­es manifestar­am a sua preocupaçã­o com o persistent­e

Onda de violência diminuiu na RDC após a assinatura de um acordo entre o Governo e a oposição sobre as medidas de transição política

impasse no diálogo entre as partes políticas na RDC, e sobre as modalidade­s da aplicação do acordo político de 3 de Dezembro último.

Do seu ponto de vista, esta situação corre o risco de chocar com a vontade política que permitiu a assinatura do acordo.

Neste contexto, lançaram um apelo às partes, incluindo a maioria presidenci­al e a oposição, para a boa fé e para redobrarem os esforços com vista a terminarem as negociaçõe­s em curso.

A maioria presidenci­al e a oposição assinaram, a 31 de Dezembro, um acordo de co-gestão do país até à eleição do sucessor do Presidente Joseph Kabila, marcada para o final do corrente ano.

O acordo visa tirar o país do marasmo político, causado pela manutenção do Presidente Joseph Kabila no poder, mas a sua aplicação arrasta-se enquanto as negociaçõe­s para a partilha dos postos governamen­tais estão num impasse.

A morte, a 1 de Fevereiro, aos 84 anos, do opositor histórico, Étienne Tshisekedi, que deveria assumir a chefia do Conselho Nacional de Monitoriza­ção do Acordo de São Silvestre (CNSA), veio complicar ainda mais o processo, uma vez que abre o caminho para uma luta ao cobiçado posto de chefe da oposição.

Duas semanas após a sua morte, ainda não existe uma data de regresso dos seus restos mortais ao país, porque a sua família exige das autoridade­s congolesas garantias prévias, nomeadamen­te sobre o local de sepultura e a segurança no momento do funeral.

Apelo humanitári­o da ONU

As Nações Unidas e os parceiros humanitári­os na República Democrátic­a do Congo (RDC) lançaram um apelo de cerca de 750 milhões de dólares para ajudar seis milhões e 700 mil pessoas necessitad­as.

“É vital que não percamos de vista as múltiplas e urgentes necessidad­es humanitári­as”, indicou Rein Paulsen, chefe do Gabinete de Coordenaçã­o dos Assuntos Humanitári­os (OCHA) no país.

O OCHA refere, no seu comunicado divulgado no início dessa semana, em Kinshasa, que o apelo de 2017 está estimado em 748 milhões de dólares no quadro do novo plano de acção trienal “para responder às necessidad­es humanitári­as urgente de milhões de civis afectados por uma das crises mais graves e mais longas.”

A estratégia de três anos está conforme com os planos de desenvolvi­mento criados pelas autoridade­s nacionais, pelo sistema das Nações Unidas e pelo Banco Mundial, entre outros parceiros bilaterais.

O OCHA explica igualmente que o apelo visa as necessidad­es de mais de dois milhões e 100 mil pessoas deslocadas, entre as quais meio milhão de crianças de menos de cinco anos que sofrem de desnutriçã­o aguda. Milhares de pessoas sofrem igualmente de varicela e de cólera, entre outras doenças.

“Embora mais de 60 por cento das necessidad­es humanitári­as sejam identifica­das na parte meridional da RD Congo, as províncias situadas no oeste e no centro do país sofrem de uma pobreza generaliza­da que exige soluções que vão para além da assistênci­a humanitári­a”, declarou o OCHA.

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EDUARDO SOTERRAS|AFP

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