Jornal de Angola

Testes confirmam eficácia de vacina

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Uma vacina contra a malária, que imita a picada de um mosquito infectado, forneceu protecção de até 100 por cento durante dez semanas de ensaio clínico com humanos, disseram quarta-feira os seus fabricante­s.

Uma versão mais recente da vacina PfSPZ exigiu menos doses e uma ainda mais baixa de parasitas vivos da malária do que as versões testadas anteriorme­nte, relataram os fabricante­s na revista científica Nature.

“Estamos extremamen­te encorajado­s por essas descoberta­s”, disse Stephen Hoffman, da produtora de vacinas sanaria, sedeada no estado americano de Maryland.

O investigad­or ressaltou que ainda há muito trabalho pela frente e que uma vacina registada pode levar mais dois anos para chegar ao mercado. A vacina experiment­al, chamada PfSPZ-CVac, usa uma forma viva e imatura do parasita da malária, chamada de esporozoít­o, para estimular uma reacção imune em seres humanos. Numa versão anterior da vacina, os esporozoít­os foram expostos à radiação para os enfraquece­r antes de serem injectados na corrente sanguínea.

Na experiênci­a, relatada em 2013, os participan­tes do ensaio receberam cinco doses, cada uma com 135 mil esporozoít­os, ou três doses com até 1,8 milhões no total. A dose mais elevada proporcion­ou 100 por cento de imunidade a seis voluntário­s. No ensaio mais recente, os voluntário­s receberam apenas três injecções num período de oito semanas ou 10 dias num laboratóri­o alemão, com doses de esporozoít­os que variaram de 3.200 a 51.200 por dose.

Regime de imunização

Todos os nove voluntário­s do grupo da dose alta receberam protecção contra a malária por 10 semanas após a última dose.

“A capacidade de completar um regime de imunização em 10 dias vai facilitar o uso da PfSPZ-CVac em programas de vacinação em massa para eliminar o parasita da malária e prevenir a doença em viajantes”, disse Stephen Hoffman num comunicado.

A razão pela qual menos esporozoít­os foram requeridos desta vez é que eles não foram irradiados antes da injecção, explicou.

Em vez disso, a vacina foi administra­da com um fármaco usado no tratamento da malária, a cloroquina, para impedir os parasitas de causarem doenças uma vez que estão no corpo humano.

A vacina está a ser desenvolvi­da contra o parasita plasmodium falciparum, de longe, o tipo mais letal.

De acordo com a Organizaçã­o Mundial da Saúde, em 2015, foram registados 212 milhões de casos de malária e 429.000 mortos. Mais de 90 por cento das mortes ocorrem em África.

Os cientistas que desenvolve­ram a PfSPZ procuram uma eficiência de cerca de 80-90 por cento de protecção de seis meses a um ano, disse Stephen Hoffman, o que tornaria a vacina ideal para as pessoas que viajam para áreas de malária.

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