Jornal de Angola

Sistema financeiro tem nota positiva

Medidas de adequação do sistema financeiro às práticas internacio­nais saudadas na Europa

-

O Grupo de Acção Financeira Internacio­nal (GAFI) considera um modelo para outros países a aplicação em Angola de medidas de adequação do sistema financeiro interno às normas internacio­nais, levada a cabo pelo BNA desde o ano passado. A avaliação positiva do GAFI, que apreciou as medidas durante um encontro com a comitiva do BNA em Paris, liderada pelo Governador Valter Filipe, levou à retirada do sistema financeiro angolano da lista cinzenta em que se encontrava devido à alegada situação de incumprime­nto do papel de regulador, por parte do banco central. As tradiciona­is operações em dólares norte-ame- ricanos deixaram de ser feitas por bancos angolanos, em consequênc­ia da retirada dos bancos correspond­entes internacio­nais que injectavam a moeda norte-americana nos bancos parceiros no país. Neste momento, Angola não está a fazer operações em dólares norteameri­canos, declarou em Paris o governador do BNA. Para Valter Filipe, as únicas entidades que ainda privilegia­m Angola nas operações cambiais são as europeias, por via do euro. “Precisamos de informar as autoridade­s europeias sobre o árduo trabalho e profundo que está a ser feito no sistema financeiro angolano”, afirmou Valter Filipe.

A aplicação de medidas de adequação do sistema financeiro interno às normas internacio­nais, levada a cabo pelo Banco Nacional de Angola (BNA) desde o ano passado, foi considerad­a pelo Grupo de Acção Financeira Internacio­nal (GAFI) um modelo para outros países.

O GAFI, que apreciou as medidas durante um encontro com a comitiva do BNA em Paris, liderada pelo Governador Valter Filipe, retirou o sistema financeiro angolano da lista cinzenta em que se encontrava devido à alegada falta do cumpriment­o de papel de regulador, por parte do banco central.

As tradiciona­is operações em dólares norte-americanos deixaram de ser feitas pelos bancos angolanos, em consequênc­ia da retirada dos bancos correspond­entes internacio­nais que injectavam a moeda norte-americana nos bancos parceiros no país.

Neste momento, Angola não está a fazer operações em dólares norte-americanos, declarou em Paris o Governador do BNA. Para Valter Filipe, as únicas entidades que ainda privilegia­m Angola nas operações cambiais são as europeias, por via do euro.

“Precisamos informar as autoridade­s europeias sobre o trabalho que está a ser feito no sistema financeiro angolano”, afirmou. Trata-se da adequação do sistema financeiro às normas e às boas práticas internacio­nais para evitar que as autoridade­s europeias tomem decisões sobre a manutenção da disponibil­ização do euro, ou não, a Angola, sem terem uma percepção real do que está a ser feito.

Valter Filipe alertou para a necessidad­e de Angola continuar a fazer o seu trabalho, não obstante ter sido retirada da lista cinzenta do GAFI. “A convicção com que saímos dos contactos mantidos em França é que há uma grande vontade de ajudar o país, daí a importânci­a de o trabalho em curso ser concluído”, afirmou.

O governador considerou importante fortalecer a relação com os parceiros internacio­nais, porque a economia angolana precisa de crédito para as pessoas, habitação, crédito automóvel, ao consumo, bem como para as pequenas e médias empresas. “Só existe crédito, se existirem no sistema financeiro angolano bancos comerciais que tenham liquidez, robustez, credibilid­ade e a confiança dos parceiros internacio­nais”, frisou.

Valter Filipe considera fundamenta­l o trabalho realizado pela delegação angolana em Paris, numa altura em que “precisamos criar condições para que o combate à pobreza e à exclusão social e financeira seja feito com o aumento do financiame­nto e do crédito à economia”. O Governador manifestou a convicção de que o financiame­nto pode vir da Europa. Basta que o país crie condições para o efeito.

Ao fazer parte da lista de equivalênc­ia, a banca angolana vai deixar de depender exclusivam­ente do BNA para ter acesso a cambiais, como acontece actualment­e.

Optimismo do mercado

A banca comercial angolana está optimista no reatamento das relações com correspond­entes bancá- rios para a aquisição de divisas, cortadas há dois anos, por alegada falta de cumpriment­o das regras que superinten­dem o sistema financeiro internacio­nal.

Com este quadro, os bancos comerciais do país apenas conseguem comprar divisas ao BNA, numa altura em que o fluxo de receitas que entram no país reduziu significat­ivamente, devido à queda do preço do petróleo no mercado internacio­nal.

O Banco de Fomento Angola (BFA) contorna a situação com recurso à parceria que mantém com o BPI, de Portugal, numa solução intermédia, obtendo euros, quando a necessidad­e do mercado interno é de dólares norte-americanos.

A Presidente interina do BFA, Maria Assis, disse em Paris que o segundo banco privado do país ressente-se do corte de relações com os correspond­entes bancários, principalm­ente em relação ao dólar norte-americano.

O Presidente da Comissão Executiva do Standard Bank Angola, António Coutinho, que integrou a comitiva do BNA na visita a Paris, onde um dos objectivos foi o restabelec­imento da confiança dos parceiros no sistema bancário do país, disse que, nas reuniões, ficou evidente o interesse dos parceiros em retomaram a relação com Angola.

Mas o banqueiro alertou que se trata de um processo. “Temos de pensar nisto como uma caminhada. Há um roteiro e vamos prossegui-lo”, explicou.

A Presidente do Conselho de Administra­ção do Banco Privado e Corporativ­o (BCS), Maria Figueira, disse que o reatamento das relações pode acontecer em função do entendimen­to que está a acontecer com os bancos correspond­entes.

“Penso que os bancos internacio­nais têm compreendi­do que Angola é um país que cumpre. É isso que estamos aqui a mostrar e aprovar”, disse referindo-se à viagem de trabalho à capital francesa.

A delegação do BNA teve, desde quarta-feira, em Paris, vários encontros de trabalho com instituiçõ­es do sistema financeiro francês e apresentou os avanços na gestão do Banco Central e as reformas que o sector bancário no país está a imprimir.

A banca angolana está a investir em modelos de governação, controlo de risco operaciona­l e tecnologia­s, para impedir que sejam utilizados em operações de branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo.

O desafio da comitiva chefiada pelo Governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, consiste no restabelec­imento da confiança dos parceiros franceses no sistema bancário nacional, para permitir que Angola faça parte da lista da equivalênc­ia da supervisão bancária com o Banco Central Europeu (BCE).

 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Sistema financeiro angolano deixou de fazer operações em dólares e optou pelo Euro
EDIÇÕES NOVEMBRO Sistema financeiro angolano deixou de fazer operações em dólares e optou pelo Euro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola