União Europeia apoia projectos no sector da agricultura
Ministro português garante apoio do seu país no relançamento da produção agro-pecuária
A União Europeia (UE) vai abrir uma linha de financiamento de 68 milhões de euros, com vista a garantir a segurança alimentar em Angola, num pacote a ser gerido com a ajuda de Portugal.
O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura, Floresta e Desenvolvimento Rural de Portugal à margem do fórum sobre agricultura em Angola que vinha a decorrer até sábado, em Lisboa, numa promoção do Banco BIC.
Luís Capoulas Santos revelou que, para a concretização da linha de crédito, está prestes a ser alcançado um acordo entre Angola e a UE. “Existe um mar de oportunidades no sector da Agricultura e Florestas em Angola. A alavanca principal para esta cooperação bilateral são os empresários dos dois países e o investimento privado. Para além dos recursos naturais há também a possibilidade de acesso a financiamento, já que o Governo angolano tem neste momento algumas linhas de financiamento em execução”, disse o ministro.
Do lado do Governo angolano, foi também confirmada a existência de carteiras de investimentos públicos e privados, crédito ao investimento e crédito agrícola, benefícios fiscais e incentivos financeiros, incluindo a isenção de impostos. “Existem muitas linhas de financiamento e incentivos postos à disposição dos empresários pelo Executivo angolano, através do programa Angola Investe, do Banco de Desenvolvimento da Agriculta e dos bancos comerciais”, reconheceu o ministro luso.
“Ao investirem, os empresários portugueses podem esperar bons resultados e ganharem muito mais dinheiro”, disse o ministro angolano da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que encerrou o Fórum.
Às empresas portuguesas que ainda não investem em Angola, o ministro deixou um convite para seguirem o exemplo daquelas que já o fazem com sucesso, como a Raporal, Agrolider, Vale da Rosa, Zêzerovo, entre outras que estiveram presentes nos painéis de debate.
Para atrair a atenção dos empresários portugueses, os responsáveis angolanos frisaram as oportunidades de negócios e investimentos no sector agro-pecuário e florestal em Angola. E para isso exibiram números. O país é o segundo maior da África subsariana, com 35 milhões de hectares de terras aráveis (35 por cento do total). Apenas cinco milhões de hectares dizem respeito à superfície cultivada.
Fazendeiros
Durante o fórum, fazendeiros angolanos e portugueses que trabalham em explorações agrícolas em Angola partilharam as suas experiências com mais de 200 empresários portugueses, que podem vir a ser potenciais investidores do mercado.
O evento organizado pelo Banco BIC congregou sinergias e criou parcerias entre empresários do ramo, com vantagens recíprocas para os dois povos, unidos por laços linguísticos e históricos de longa data. No encontro, apadrinhado pelos ministros da Agricultura de Angola e Portugal, respectivamente, Marcos Nhunga e Luís Capoulas Santos, ficou evidente o interesse dos empresários portugueses em investirem em Angola, um país que reúne condições para que o fazendeiro possa desenvolver colheitas durante todo o ano.
O português João Macedo, da Agro-lider, que trabalha há mais de 20 anos em Angola, encorajou os seus compatriotas a canalizarem investimentos para o sector agrícola angolano que “oferece inúmeras vantagens”.
Em Angola, a Agro-lider possui as maiores explorações de banana, hortícolas e frutas. No fórum, João Macedo informou ao auditório que produz 50 tipos de produtos e já co- meçou a exportar banana para a República Democrática do Congo (RDC) e Portugal, este último em regime experimental. No encontro, em que também participou José Alexandre, da Fazenda Santo António, ficou assente que, apesar da crise e de algumas dificuldades que os agricultores enfrentam ao longo do processo produtivo, há uma janela de oportunidades para os portugueses, porque as produções dos dois mercados se complementam.
O banqueiro Fernando Teles, promotor da aproximação dos empresários dos dois países, acredita que Angola pode passar para a categoria de grande produtor africano e mundial, se apostar nas parcerias, “porque as condições naturais estão lá”.
O gestor do banco BIC disse que o sector agro-pecuário, em Angola, absorve 10 por cento do crédito. Mais de 300 milhões de dólares norte-americanos já foram disponibilizados para o apoio e fomento da produção agrícola e pecuária em todo o país.
No quadro do plano de reconstrução das infra-estruturas e desenvolvimento do país, foram reabilitadas e construídas barragens hidro-agrícolas, canais de irrigação, acções que permitiram ter perímetros irrigados num total de 40 mil hectares.
“Para os próximos cinco anos, a meta é substituir as importações e a partir de 2022 partir para exportações, constituindo deste modo uma janela de oportunidades para os empresários portugueses que ainda não estão em Angola”, disse Nazaré Veloso, director nacional da Floresta.