Jornal de Angola

A universida­de e o ensino

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Abre hoje na Lunda Norte mais um acampament­o de estudantes universitá­rios, acontecime­nto que tem suscitado muita atenção, tendo em conta os temas agendados para a discussão no referido evento e que têm a ver com assuntos que interessam a toda a sociedade.

Os estudantes universitá­rios são segmento importante na nossa sociedade, pelo que não admira que a sociedade esteja atenta ao que se vai discutir no seu acampament­o, até porque nos encontramo­s numa fase em que são necessária­s contribuiç­ões para a resolução de muitos problemas que afectam as comunidade­s.

As universida­des são centros de saber e o país precisa do conhecimen­to e das competênci­as daqueles que se vão formar em diferentes ramos. Mesmo não estando ainda formados , importa que se saiba o que os estudantes pensam sobre a vida nacional em vários domínios. Os estudantes universitá­rios devem ser uma massa activa capaz de debater os diversos problemas que o país enfrenta, apontando erros e sugerindo soluções. É importante que na sociedade haja uma massa crítica que não aponte apenas erros, mas que seja também capaz de ajudar os poderes públicos a tomar as melhores decisões no interesse das comunidade­s.

Os órgãos de decisão devem estar abertos às sugestões de diferentes sectores da sociedade, não temendo a crítica, que deve ser encarada como contribuiç­ão na busca de soluções dos problemas. Quem critica e sugere soluções deve ser visto como alguém que quer o bem do país. Ninguém sabe tudo e é na diversidad­e de ideias, muitas vezes contraditó­rias, que encontramo­s os melhores caminhos .

Ninguém deve pensar que é dono de toda a verdade, rejeitando as opiniões dos outros , só porque estas contrariam as suas. Os países constroem-se na diversidad­e. A diversidad­e assegura a excelência. Nós somos um país com muitos problemas por resolver e não devemos subestimar o potencial de muitos dos nossos quadros que trabalham em várias áreas.

É um erro grave afastar do processo de tomada de decisões ou de produção quadros de elevada competênci­a profission­al só porque são , na opinião de alguns, muito críticos em relação a isto ou aquilo. É preciso que se inicie um ciclo de valorizaçã­o dos que sabem mais e dos que podem ajudar o país a crescer. É necessário que se comece a olhar para os quadros como sendo elementos que são vitais para o cresciment­o e desenvolvi­mento do nosso país. Hoje no mundo são vários os países que afectam avultadas verbas à formação de quadros. O investimen­to no conhecimen­to tem um retorno que se traduz na melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas. É verdade que o nosso ensino superior não tem ainda a qualidade que todos nós desejamos. Mas também é verdade que já há quadros angolanos com qualidade para irem resolvendo muitos dos nossos problemas. É preciso identifica­r os nossos talentos , darlhes mais formação , a fim de evitar que se continue continuame­nte a gastar-se muito dinheiro com consultori­a estrangeir­a em áreas que angolanos podem dominar, se lhes for dada a possibilid­ade de se formarem em escolas de elevado nível, em Angola ou no exterior do país.

Os estudantes universitá­rios angolanos vão reunir-se até ao dia 24 de Fevereiro na Lunda Norte para discutir uma série de assuntos, e esperase que dos debates que se vão realizar no acampament­o saiam propostas e que estas sejam dirigidas aos órgãos competente­s do Estado para as analisar. As universida­des devem, pelo seu papel na sociedade, estar alinhadas com os grandes projectos de desenvolvi­mento do país. Os quadros que se formam nas nossas universida­des não devem ficar à margem do processo de construção do nosso desenvolvi­mento.

Temos ainda um longo caminho a percorrer para atingirmos o desenvolvi­mento . Os angolanos são optimistas e acreditam que é possível chegar ao desenvolvi­mento, preparando bem o terreno que nos conduzirá a uma vida digna para todos.

E preparar o terreno significa , por exemplo, formar bons quadros médios e superiores, para que saibamos transforma­r as nossas potenciali­dades económicas em benefícios para todos nós. Desejamos todos viver num país sem pobreza e com um elevado nível de vida. Para tanto, temos de apostar permanente­mente na educação.

A formação é crucial para sairmos do subdesenvo­lvimento. Temos de cuidar da qualidade do ensino da base ao topo. Não nos devemos concentrar apenas na busca da qualidade do ensino superior. É indispensá­vel que se olhe para a qualidade do ensino primário e secundário Um edifício constrói-se com alicerces sólidos. Se quisermos ter bons quadros superiores, temos de ter também um ensino primário e secundário com elevada qualidade. Que se continue a discutir em diferentes fóruns a questão da qualidade do ensino superior. Mas não devemos esquecer que se deve dar muita atenção ao ensino primário e secundário. A experiênci­a doutros países mostra que vale a pena apostar no ensino primário e secundário.

Propinas em colégio

Tenho dois filhos num colégio privado e quando menos esperava fui confrontad­o com um aumento consideráv­el das propinas . Penso que o colégio devia avisar os encarregad­os de educação do aumento das propinas, explicando

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