Economia mundial com baixas expectativas
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu na quinta-feira as suas previsões para a economia mundial em baixa, justificando esta nova leitura no fraco investimento comercial, no abrandamento da procura e nos riscos de instabilidade do sector financeiro, que continuam a ser “substanciais”.
Assim, em vez de 3,3 por cento, o PIB mundial deve crescer este ano apenas três por cento. Esta revisão em baixa estende-se à generalidade das grandes zonas económicas. Na zona euro, a organização estima agora que a economia não vá além dos 1,4 por cento em 2016. Um dos países da moeda única que mais contribui para esta queda das expectativas é a Alemanha. Apesar de o país liderado por Angela Merkel ser o que mais vai crescer entre as três maiores economias do euro (1,4 por cento), é também aquele onde as projecções mais recuam, na ordem de menos 0,5 pontos percentuais.
Nos Estados Unidos da América e no Japão, a projecções apontam agora para um desempenho da ordem de dois e 0,8 por cento, o que traduz uma diminuição de 0,5 por cento e de 0,2, respectivamente. “Os riscos da instabilidade financeira permanecem substanciais, como pode observar-se nas recentes quedas das acções e obrigações a nível mundial”, alerta a organização, acentuando ainda que esta situação aumenta a vulnerabilidade de algumas economia emergentes, o que vai ter um forte impacto nas economias norteamericanas e da zona euro.
A esta questão junta-se o abrandamento da procura, que acentua o clima de preços baixos e de crescimento fraco dos salários e empregos, o que leva a OCDE a concluir que os indicadores “apontam para um crescimento mais lento nas principais economias, apesar do aumento dos preços baixos do petróleo e taxas de juro baixas”.
“Devido aos riscos descendentes significativos causados pela volatilidade do sector financeiro e à dívida de mercados emergentes, é necessária uma abordagem política colectiva mais forte, direccionada numa maior utilização das políticas estruturais que promovam o crescimento e reduzam os riscos finan- ceiros”, referiu o economista-chefe da OCDE Catherine L. Mann. Entre os países emergentes, o Brasil é aquele onde a revisão em baixa é de maior magnitude.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê um recuo de quatro por cento da economia brasileira em 2016. A instituição ainda apontou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ficar estável em 2017, quando começar a dar sinais de crescimento novamente.
Em Janeiro, o FMI também tinha agravado a sua previsão sobre a economia brasileira. Segundo o FMI, o PIB do país deve recuar 3,5 por cento este ano e em 2017.