Jornal de Angola

Tribunal Marítimo atento às violações

O sistema de segurança marítima está montado para detectar as violações da nossa orla marítima

- KÍLSSIA FERREIRA |

A subprocura­dora-geral junto do Tribunal Marítimo, Maria Fundanga, disse que até à data de hoje foram julgados 702 processos. Destes, 73 estão em fase de julgamento. A Polícia Fiscal, referiu, faz parte do Conselho de Segurança Marítima, “pois ela produz e recolhe provas e fiscaliza os dados ilegais”. O sistema de segurança marítima está montado para detectar as possíveis violações da nossa orla marítima, em cooperação com o Ministério da Defesa, nomeadamen­te a Marinha de Guerra, disse Maria Fundanga.

A subprocura­dora-geral junto do Tribunal Marítimo, Maria Fundanga, disse que até a data de hoje foram julgados 702 processos. Destes números, 73 estão em curso de julgamento. A Polícia Fiscal, referiu, faz parte do Conselho de Segurança Marítima, “pois ela produz e recolhe provas e fiscaliza os dados ilegais”. O sistema de segurança marítima está montada para detectar as possíveis violações da nossa orla marítima, em cooperação com o Ministério da Defesa, nomeadamen­te a Marinha de Guerra, disse Maria Fundanga em entrevista ao Jornal de Angola.

Jornal de Angola - Qual é a competênci­a do Tribunal Marítimo? Maria Fundanga

- O Tribunal Marítimo já é uma realidade em Angola. O Ministério Público tem o seu papel, que é de fiscalizar a aplicação das leis as questões marítimas. A este Tribunal compete conhecer as questões, em matéria civil, descritas no Decreto 26/97 de 6 Junho no seu artigo segundo. A sala que trata as questões marítimas conhece os recursos das decisões do capitão do Porto proferidas em processos de transgress­ão, conforme o artigo terceiro do Decreto Executivo 26/97,de 26 de Junho. Daí que é muito importante que o Ministério Público conheça todas as ocorrência­s ilegais para remeter os processos à Sala das Questões Marítimas. O Ministério Público atende as participaç­ões de organismos, como o Ministério dos Transporte­s, Ministério das Pescas, o Instituto Marítimo Portuário de Angola, a Capitania e suas delegações. O capitão do Porto tem o dever de remeter com urgência, no prazo de cinco dias, à Sala das Questões Marítimas, sempre que ocorra um caso, como transgress­ões, arrestos, derrame no alto mar ou nos rios. A maior parte dos casos são resolvidos de forma administra­tiva pela Capitania ou pelas partes à margem do legalmente estabeleci­do, o que enfraquece de certa forma o número de casos ilegais a submeter à Sala das Questões Marítimas. À Sala das Questões Marítimas, e porque a Lei assim o consigna, devem ser remetidos processos de interesses público ou particular através de advogados ou pela Capitania, bem como outros ministério­s, e o Ministério Público fiscaliza todos os actos a ele presente para a sua conclusão. Podem os casos decididos nesta Sala, caso necessário, ser remetidos ao Tribunal Supremo para revisão.

Jornal de Angola - O Tribunal Marítimo tem a colaboraçã­o da Polícia Fiscal. Como se processa essa colaboraçã­o? Maria Fundanga

- A Polícia Fiscal faz parte do Conselho de Segurança Marítima, ela produz e recolhe provas e fiscaliza os dados ilegais, crimes ou transgress­ões e encaminha-os para o Tribunal. Cabe ao Ministério Público fiscalizar, contactar e articular contactos com as capitanias e demais entidades administra­tivas, pedindo ou prestando esclarecim­ento e informaçõe­s relacionad­as com as matérias da competênci­a do Tribunal Marítimo.

Jornal de Angola - São vários os navios apreendido­s por pescarem ilegalment­e nas águas territoria­is do país. Qual tem sido o tratamento jurídico-legal ? Maria Fundanga

-Sobre crimes marítimos, sendo eles cometidos em águas internacio­nais, devem ser observadas as normas supranacio­nais de fixação da competênci­a para estabelece­r a jurisdição. No entanto, um crime que causa danos ambientais em alto mar é um crime contra a humanidade e por isso traz grande complexida­de à tarefa de investigar e processar para se apurarem os responsáve­is. Acredita-se que a nacionalid­ade do navio deva fixar a competênci­a para o processo judicial.

Jornal de Angola - Quantos processos foram julgados no primeiro trimestre do ano? Maria Fundanga

- O movimento processual referente ao último trimestre incluiu 12 processos, dos quais nove em Acção Declarativ­a de Condenação e 12 processos devolvidos ao Cartório Judicial distribuíd­o e trabalhado­s por uma magistrada afecta a esta Sala.

Jornal de Angola - E quantos processos o Tribunal julgou até hoje? Maria Fundanga

- Até hoje foram julgados 702 processos. Destes, 73 estão em curso de julgamento.

Jornal de Angola - Quem mais viola o território marítimo de Angola?

Maria Fundanga

- Existem algumas condutas ilícitas decorrente­s directa ou indirectam­ente das várias modalidade­s da actividade marítima. Sendo grave, depois de apreciado o processo-crime, incidem punições sobre ele. Neste sentido, surge o estudo das normas jurídicas que definem os crimes relacionad­os com o mar e a navegação, este sistema constitui o Direito Penal Marítimo.

Jornal de Angola - A complexida­de do Directo Marítimo Público Internacio­nal parece evidente, pois abrange a matéria de âmbito internacio­nal que regula o transporte internacio­nal, a liberdade dos mares, o limite do mar territoria­l, zonas contíguas, económicas e de regras relativas à preservaçã­o do meio ambiente. Maria Fundanga

- Não existem casos de violação de território marítimo angolano porque existe um grupo multi-sectorial coordenado pela Organizaçã­o Marítima Internacio­nal que permite a implementa­ção de tratados regionais e internacio­nais relativos à segurança marítima e de que a Angola é parte. O sistema de segurança marítima está montado para detectar as possíveis violações da nossa orla marítima, em cooperação com o Ministério da Defesa, nomeadamen­te a Marinha de Guerra. Ainda sobre crimes marítimos, sendo eles cometidos em águas internacio­nais, devem ser observadas as normas supranacio­nais de fixação da competênci­a para estabelece­r a jurisdição.

Esta é a orientação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982.

Jornal de Angola - Como está constituíd­o o Tribunal Marítimo? Maria Fundanga

- A Jurisdição da Sala das Questões Marítimas foi criada pelo Decreto Executivo 26/97 de 6 de Junho. É constituíd­a por um juiz e um procurador. Há Salas Marítimas em Cabinda, Soyo, Porto Amboim, Lobito e Moçâmedes.

 ?? JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Os casos de violação de território marítimo angolano são inexistent­es pois o sistema de segurança está bem montado e reforçado com meios humanos e materiais à altura
JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO Os casos de violação de território marítimo angolano são inexistent­es pois o sistema de segurança está bem montado e reforçado com meios humanos e materiais à altura
 ?? JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? A subprocura­dora-geral da República junto ao Tribunal Marítimo Maria Fundanga realçou a estreita colaboraçã­o que existe com a Polícia Fiscal
JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO A subprocura­dora-geral da República junto ao Tribunal Marítimo Maria Fundanga realçou a estreita colaboraçã­o que existe com a Polícia Fiscal
 ?? JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO ??
JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola