Está lançada a sorte
Está lançada a sorte para as formações políticas que, daqui a cerca de 200 dias, vão arregaçar as mangas para disputar as Eleições Gerais, as quartas da História democrática angolana para fazer avançar Angola.
Podemos dizer que o país entra para uma fase pré-eleitoral, razão pela qual os partidos políticos terão já tomado importantes decisões não apenas para “afinar” as suas máquinas partidárias, mas igualmente preparálas para o tiro de largada. O trabalho interno e externo dos partidos políticos, independentemente das condições em que operam, tem sido visível a todos os níveis e um pouco por todo o país.
E isso é muito positivo porque, como se disse, as formações políticas estão para as democracias como o sangue está para o corpo humano. As sociedades democráticas não vivem sem o papel de luta pela conquista, o exercício e a manutenção do poder político por parte dos partidos políticos. É normal que notemos já uma ampla movimentação e acções dos partidos políticos angolanos. E, nesta circunstância, evidenciam-se aquelas formações políticas com uma grande capacidade de mobilização, organização e experiência política suficiente para junto do eleitorado colher empatia, adesão e voto de confiança.
O fundamental é que as condições para a realização do pleito eleitoral estão devidamente criadas, passando pelo bem sucedido processo de actualização do registo eleitoral e inscrição dos novos eleitores. É salutar saber que o processo geral do Registo Eleitoral, até Janeiro, chegou às zonas de difícil acesso e, numa altura em que se encontram registados mais de sete milhões de futuros eleitores, tudo corre como delineado. É ainda animador saber que todo o Plano de Actividades e o Cronograma de Execução do Plano de Actividades da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) foram recentemente aprovados e, como era de esperar, dados a conhecer aos partidos políticos. Tudo está a decorrer como mandam as regras elementares de um processo eleitoral normal e dentro das balizas legais, inclusive a tomada de posse dos presidentes das comissões eleitorais provinciais.
Todo este processo decorre com a transparência e tranquilidade que fazem de Angola um país exemplar e não há dúvida de que os angolanos caminham para cada processo eleitoral com estabilidade e tranquilidade. Como é natural, as reclamações e inquietações que ocorrem são, regra geral, fruto da natureza humana imperfeita, sendo o mais importante a abertura, o diálogo e a resolução dos problemas com recurso às leis e às instituições. Não se pode olhar para os problemas decorrentes da organização do actual processo eleitoral com argumentos que extravasam a dimensão e o âmbito dos mesmos, acompanhados da habitual fabricação de factos políticos. Insistimos que, para as situações pontuais que suscitem dúvidas, reclamações ou protestos, os partidos políticos e os seus representantes têm as instituições que existem para o efeito. Haja razoabilidade suficiente para se não imputar às instituições do Estado e, muito particularmente ao partido no poder, o que se pode revelar como indícios claros de insucessos na competição política. Mais do que reclamar o que não existe, é preciso que os partidos políticos maximizem as condições que estão a ser criadas para que todas as formações políticas marchem em pé de igualdade junto das praças eleitorais e de todas as outras.
A experiência de democratização do país, nas condições e factores que temos, está a ser conduzida de forma exemplar como um processo contínuo de aperfeiçoamento e amadurecimento. Nisto, o papel da população e dos políticos tem sido uma espécie de complemento que serve como variável indispensável em todo esse processo. O povo amadureceu e, contrariamente ao que sucede noutras paragens do globo, continua a exercer o seu papel como partícipe activo para a democratização de Angola.
Uma palavra de apreço vai igualmente para os nossos políticos que, independentemente das circunstâncias em que se faz política em Angola, têm sabido desempenhar o seu papel. A experiência adquirida, o domínio da legislação sobre a atribuição e função dos partidos políticos, bem como a sensibilização e mobilização dos seus militantes e simpatizantes indicam que estamos no bom caminho.
Ao contrário do que alguma oposição reclama, alegando intolerância política por tudo e por nada, o passado recente que o país viveu deve servir mais para os historiadores e menos para condicionar a maneira como os fazedores de política traçam as suas estratégias futuras. Nenhuma formação política, militantes ou simpatizantes, está impedida, dentro dos marcos legais, de exercer acção política de sensibilização ou de mobilização em todo o território nacional.
Com os dados lançados, acreditamos que todas as forças políticas estão em condições de, à semelhança de Júlio César, tomar a importante decisão de travessia não do Rubicão, mas de todo o processo político e eleitoral até Agosto próximo. Por isso, dissemos que, relativamente a todos os partidos políticos e aos próximos desafios eleitorais, a sorte está lançada.