Jornal de Angola

Opções fora do contexto prejudicam diplomacia

CASA BRANCA DESENHA PERFIL DE TRUMP

- ALTINO MATOS|

Um grupo de especialis­tas apreciou os discursos e outros actos políticos do Presidente dos EUA e concluiu que os seus conselheir­os têm de agir rápido e com grande sentido de Estado para corrigir erros graves tanto na diplomacia como a nível da política doméstica.

Os especialis­tas comentaram em programas televisivo­s as últimas actuais de Donald Trump e as consequênc­ias políticas e diplomátic­as que, segundo opinião geral, se não forem corrigidas vão fazer descarrila­r a governação de Washington. Os pronunciam­entos tiveram lugar depois de o Presidente dos Estados Unidos colar erradament­e a Suécia ao grupo de países europeus que sofreram atentados terrorista­s.

Donald Trump arrolou tais eventos ao tentar justificar no domingo perante apoiantes as medidas duras contra a imigração, principalm­ente com muçulmanos, mas cometeu um erro, considerad­o já vergonhoso pela comunidade internacio­nal e um insulto pelas autoridade­s suecas, que pediram de imediato esclarecim­entos ao Departamen­to de Estado.

“Olha o que aconteceu ontem (sexta-feira) na Suécia”, disse Trump, para mais tarde explicar no Twitter que se referia a uma reportagem da Fox sobre imigrantes. “A minha declaração sobre o que está a ocorrer na Suécia era em referência a uma história que foi transmitid­a pela Fox sobre imigrantes no país”, escreveu Trump na sua conta na rede social Twitter, sem prestar mais explicaçõe­s. O equívoco de Donald Trump provocou um pedido oficial de explicaçõe­s por parte do Ministério das Relações Exteriores da Suécia, além de uma série de insinuaçõe­s nas redes sociais.

O programa a que se referia, é um segmento do “Tucker Carlson Tonight”, onde foi incluída uma entrevista com o director e produtor norte-americano Ami Horowitz, que relacionou a chegada de imigrantes à Suécia com um aumento do crime ao falar de um documentár­io que prepara sobre o país. O programa foi transmitid­o na noite de sextafeira, o que explica um dos pontos de confusão das palavras de Donald Trump, que foram entendidas como se algo tivesse a ocorrer na mesma noite na Suécia. Consultado pela Agência Efe, o Departamen­to de Estado não quis pronunciar-se porque a sua política, disse, é “não comentar comunicaçõ­es diplomátic­as privadas”. O certo é que o Presidente norte-americano provocou um clima instável na Suécia, o que levou o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt a manifestar-se. “A Suécia? Um ataque terrorista? O que ele fumou?”, escreveu Bildt na sua conta.

A postura de Trump, os actos, os discursos, enfim, tudo o que faça, gera rapidament­e um clima em desfavor da sua governação, que, segundo os especialis­tas em matéria política e diplomátic­a, prejudica o país, porque cria maiores dificuldad­es para os Estados Unidos se fazerem perceber, dentro do novo modelo político administra­tivo. Alguns órgãos de comunicaçã­o social especulara­m mesmo que a Casa Branca já está a preparar um modelo de comunicaçã­o para adequar os discursos do Presidente e garante que nos próximos dias vão desaparece­r as insuficiên­cias e as “gaffes” que podem dar em maiores embaraços.

Novas medidas

O secretário de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kelly, defendeu no sábado o decreto migratório suspenso pela Justiça e garantiu que a nova ordem executiva contemplad­a por Donald Trump vai ser uma versão “mais ajustada” da primeira, que não deixa ninguém encalhado nos aeroportos.

Num discurso durante a Conferênci­a de Segurança de Munique, Kelly afirmou que a nova ordem garante, por exemplo, que se uma pessoa afectada pelo novo decreto está em trânsito para os Estados Unidos, noutro país ou em curso, quando chegar, pode entrar em território norte-americano. Sobre a possibilid­ade de que possam viajar para os Estados Unidos cidadãos de determinad­os países afectados pelo novo decreto migratório, e que já tenham a permissão de residência permanente, John Kelly respondeu: “É uma boa suposição”.

O secretário de Segurança não deu mais detalhes, mas salientou que o objectivo da ordem é estudar se os sete países, nomeadamen­te Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Irão e Iémen são “confiáveis”. John Kelly esclareceu que ficou surpreendi­do quando a Justiça suspendeu a ordem, que cancelava durante 120 dias a entrada de refugiados e a concessão de vistos a esses sete países. Ele referiu que essa medida era temporária e que seu objectivo era ter tempo para analisar os problemas de segurança.

Um problema claro, explicou John Kelly, é que os EUA não contam nesses países com serviços de inteligênc­ia que lhe dêem informação confiável sobre as pessoas que querem viajar e podem representa­r um risco de segurança. Dois dos países da lista não cooperam com o país e em quatro deles não existe Embaixada dos Estados Unidos. O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, disse que vetar países inteiros pode provocar efeitos colaterais.

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NICHOLAS KAMM |AFP Peritos afirmam que o Presidente dos EUA Donald Trump está a tornar difícil a sua actuação

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