Jornal de Angola

Governo reembolsou dívida do FMI

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As autoridade­s reembolsar­am quase na totalidade o empréstimo de 1,4 mil milhões de dólares (pouco mais de 230 mil milhões de kwanzas) obtido do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), em 2009, para estabiliza­r a balança de pagamentos, faltando pagar algo como dois milhões (acima 330 milhões).

A revelação foi feita ontem pelo representa­nte residente do FMI, Max Alier, ao programa económico Azimute da Rádio Nacional de Angola, no qual também participou o chefe de departamen­to de Relações Internacio­nais e Cooperação do Ministério das Finanças, Manuel Pedro, e a investigad­ora da Universida­de Católica de Angola Vissolela Gomes.

O representa­nte do FMI anunciou que o empréstimo será totalmente reembolsad­o este ano e que o Governo aplicou as medidas de política económica, associadas ao acordo “Standby” que viabilizou o empréstimo.

“Angola fez um grande esforço de ajustament­o fiscal, depois da queda do preço do petróleo”, afirmou Max Alier, que apontou a necessidad­e de o Governo manter o empenho na diversific­ação da economia. “Olhando para frente, para esta situação não voltar a acontecer, é importante diversific­ar as fontes de receita do Governo”, as quais “não devem depender só da receita petrolífer­a”, declarou o representa­nte do FMI.

O responsáve­l considerou que “há uma sintonia bastante grande entre as políticas que estão a ser implementa­das e a nossa [do FMI] visão.”

Max Alier revelou também que o FMI está a trabalhar para permitir que os bancos angolanos ultrapasse­m o problema do acesso aos dólares, até porque, disse, a instabilid­ade das relações de banca correspond­ente não é um problema exclusivo de Angola, posto que afecta instituiçõ­es financeira­s em todo o mundo. Os bancos globais que estabelece­m essa relação de banca correspond­ente mudaram o modelo de negócios por muitos terem sido sujeitos a multas muito altas pelo Governo dos Estados Unidos, explicou.

Max Alier estima que é uma questão de tempo até os bancos correspond­entes reduzirem o nível das preocupaçõ­es relativas à vigilância exercida em Angola sobre o branqueame­nto de capitais, o que vai ajudar o regresso às relações de banca correspond­ente. O representa­nte do FMI considerou importante que a evolução favorável dos preços do petróleo no curto prazo beneficie de um sistema bancário nacional mais estável, bem regulado e supervisio­nado, o que as autoridade­s devem aproveitar para financiar e diversific­ar a economia, ao mesmo tempo que evitam o crédito malparado.

Ajustament­o estrutural

O chefe de departamen­to de Relações Internacio­nais e Cooperação do Ministério das Finanças defendeu que o Governo desistiu de um programa de ajustament­o financiado pelo FMI por grande parte das medidas associadas já estar a ser aplicada.

“Oitenta por cento das medidas ou das recomendaç­ões propostas pelo FMI que estariam ancoradas ao programa, o Executivo angolano já colocou em curso” e “o que nós precisamos é de apoio do ponto de vista da assistênci­a técnica”, notou.

Manuel Pedro apontou cinco programas de assistênci­a técnica como paradigma das relações com o FMI, destinados a melhorar o investimen­to público, consolidaç­ão da Administra­ção Geral Tributária, criação de uma lei de responsabi­lidade fiscal, implementa­ção do IVA e para a melhoria da qualidade da despesa pública.

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