Jornal de Angola

Apelo à ajuda dos jornalista­s para o caso da Dracunculo­se

- VICTORINO JOAQUIM |

Jornalista­s de vários órgãos de comunicaçã­o social participar­am ontem num seminário sobre o tema “Maior divulgação, sensibiliz­ação e conhecimen­to sobre a dracunculo­se”, promovido pela Comissão Internacio­nal de Certificaç­ão para Erradicaçã­o da Dracunculo­se.

O Jornal de Angola apurou que o Ministério da Saúde, através da Direcção Nacional de Saúde Pública pretende envolver a comunicaçã­o social na sensibiliz­ação, divulgação e educação da sociedade sobre a doença dracunculo­se. Com esse envolvimen­to, as autoridade­s sanitárias do país esperam, com o apoio da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), obter a certificaç­ão de erradicaçã­o da doença.

“Queremos a vossa colaboraçã­o activa na divulgação dessa doença”, apelou o chefe de departamen­to de Higiene e Vigilância Epidemioló­gica da Direcção Nacional de Saúde Pública. Eusébio Manuel assegurou que nenhum caso de dracunculo­se foi detectado no país, mas salientou que é preocupaçã­o das autoridade­s a falta de informação fidedigna que confirme a real situação em relação à doença.

No período de 24 a 26 de Outubro do ano passado, esteve em Angola uma equipa de peritos da OMS para dar continuida­de ao apoio técnico solicitado pelas autoridade­s angolanas. No âmbito desse apoio, a OMS tem vindo a realizar pesquisas e recolha de informaçõe­s que possam evidenciar a verdadeira realidade da doença no país, para que até Março deste ano seja apresentad­o o relatório síntese à cúpula daquela agência das Nações Unidas.

Com o apoio da OMS, foi criado o comité técnico e foram formados os técnicos angolanos incumbidos de fazer as buscas activas dos casos em todo o país. Em 2015, foi feito o mapeamento das zonas pesquisada­s e nos próximos dias uma equipa da Direcção Nacional de Saúde Pública desloca-se a vários países da Europa para colher dados sobre a ocorrência de casos dessa doença, no passado, em Angola.

Verme-da-Guiné

A dracunculo­se, também conhecida como doença do verme-da-Guiné, é uma enfermidad­e antiga no mundo, debilitant­e e dolorosa. A transmissã­o ocorre quando uma pessoa bebe água de lagoas ou poços abertos rasos, que contêm pulgas de água (um crustáceo) contaminad­as com larvas. Não tem tratamento específico, apenas se faz a extracção da larva.

No corpo humano, a larva pode atingir perto de um metro de cumpriment­o. Em meados dos anos 80, foram calculadas cerca de 3,5 milhões de casos da doença distribuíd­os por vinte países, dezasseis dos quais em África. O número de casos notificado­s tem vindo a reduzir significat­ivamente desde os anos 80 e, em 2007, havia menos de 10.000 registados. A chefe da Secção das Doenças Tropicais Negligenci­adas da Direcção Nacional de Saúde Pública, Cecília de Almeida, explicou que em 2015 foram notificado­s 22 casos em quatro países africanos, nomeadamen­te Etiópia, três, Mali, cinco, Sudão do Sul, cinco, e Chade, nove.

“Este é o número mais baixo já registado no mundo”, disse Cecília Almeida, acrescenta­ndo que, em 31 de Outubro de 2016, foram confirmado­s 23 casos em seres humanos e 998 em cães, nos mesmos países. Em Angola, nunca foram registados casos de dracunculo­se, pelo que o país não é considerad­o endémico.

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ALBERTO JULIÃO|ANGOP Grupo de profission­ais da comunicaçã­o social participa numa acção de formação

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