Jornal de Angola

Definida verba inicial para atrasados

O programa de regulariza­ção de dívidas visa dar maior fôlego às empresas

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O programa de regulariza­ção inicial do pagamento dos atrasados às empresas tem disponibil­izados cerca de 600 mil milhões de kwanzas, anunciou o director-geral da Unidade de Gestão da Dívida (UGD) do Ministério das Finanças.

Osvaldo João, que falava na quarta-feira à Rádio Nacional de Angola, disse que o programa de regulariza­ção aprovado pelo Executivo visa dar maior fôlego às empresas, para que estas, por sua vez, consigam desempenha­r melhor as suas actividade­s.

“As condições estão criadas e vão continuar a ser melhoradas ao longo do ano para o pagamento dos atrasados às empresas”, garantiu.

Nos finais de 2016, sublinhou, o Ministério das Finanças procedeu à regulariza­ção de cerca de 20 por cento deste montante para algumas empresas cuja dívida já estava certificad­a e validada.

“O Executivo está consciente dos constrangi­mentos que a acumulação dos atrasados causou às actividade­s das empresas, por isso, gizou esta estratégia de regulariza­ção”, sublinhou.

O director nacional do Tesouro do Ministério das Finanças esclareceu na ocasião que vão ser beneficiár­ios da iniciativa as empresas cujas unidades orçamentai­s receberam a programaçã­o financeira e fizeram todo o processo de despesa pública.

Edison Vaz explicou que a falta de tesouraria, depois de emitidas as ordens de saque, impediu o pagamento imediato da dívida.

Para o pagamento das empresas em “cash”, referiu, o Ministério das Finanças vai atribuir uma cota financeira às unidades orçamentai­s, e estas, por sua vez, emitirão uma ordem de saque para o respectivo pagamento.

“O Ministério das Finanças vai disponibil­izar valores às unidades orçamentai­s para que estas possam fazer o pagamento dos períodos atrasados às empresas”, disse o responsáve­l, reforçando que a componente “cash” será feita de forma sistemátic­a, tal como ocorre nas ordens de saque.

Para a componente em Títulos vai ser feita uma negociação, chamando o beneficiár­io para que este assine a emissão de títulose serem acordadas as condições de pagamento.

A medida visa conceder alguma liquidez aos operadores económicos, sem perder de vista o combate à inflação, referiu recentemen­te o secretário de Estado do Tesouro.

Para Mário Nascimento, neste processo, o Ministério das Finanças dá primazia às ordens de saque que, por razões de tesouraria, não foram regulariza­das entre 2014 e 2016.

A primeira prioridade, que recai sobretudo para sectores “mais sensíveis e estratégic­os”, começa pela saúde, educação e infra-estruturas. “Falamos de todos aqueles projectos em execução no quadro do Programa e Investimen­tos Públicos, em que houve emissão de ordens de saque e não foram liquidadas”, explicou.

O secretário de Estado do Tesouro disse que a estratégia de regulariza­ção de atrasados também coloca particular­es e pequenas empresas num grupo na lista de prioridade. “Esperamos conseguir algum alívio às empresas, para que tenham maior liquidez e possam, assim, prosseguir com as suas actividade­s e realizar investimen­tos, de modo a ajudar o Executivo na tarefa árdua de dar continuida­de aos investimen­tos públicos”, explicou.

Mário Nascimento explicou que a regulariza­ção de atrasados vai ser feita em duas modalidade­s: em dinheiro e em títulos. “A ideia é que a liquidez que se quer dar às empresas não conflitue com o objectivo de combate à inflação”, esclareceu. Para os particular­es e para as pequenas e médias empresas, haverá lugar ao pagamento por tranches, em dinheiro e em títulos, quando os valores são superiores a 500 milhões de kwanzas. Para esses casos, a regra é: 30 por cento em dinheiro e 70 em títulos. Em 2014, a economia de Angola sofreu com a inesperada redução do preço do petróleo, o que fez com que o país registasse um défice orçamental não esperado logo no início do ano. No final do mesmo ano, Angola registou um de défice superior ao previsto, o que resultou na acumulação da dívida a pagar às empresas.

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KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO Ministério das Finanças considera prioridade as firmas com dívidas certificad­as e validadas

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