Chefe da diplomacia egípcia em breve em Angola
REFORÇO DA COOPERAÇÃO NO DOMÍNIO POLÍTICO Detalhes da visita foram abordadas no Cairo durante um encontro entre Sameh Shoukri e Georges Chikoti
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Egipto, Sameh Shoukri, efectua, nos próximos meses, uma visita oficial a Angola, no âmbito do reforço da cooperação bilateral, informou o Ministério angolano das Relações Exteriores em comunicado citado ontem pela Angop.
Detalhes sobre os preparativos da primeira visita oficial de Sameh Shoukri foram discutidos no sábado, durante um encontro que o chefe da diplomacia egípcia manteve com o homólogo angolano Georges Chikoti, que se encontra de visita ao Cairo.
O estado das relações entre os dois países foi analisado no encontro, durante o qual foi abordada a situação no Médio Oriente, o fenómeno do terrorismo internacional e a concertação de posições sobre a actual situação na Região dos Grandes Lagos.
O Egipto foi dos primeiros países a abrir uma Embaixada em Angola, em 1976, depois da proclamação da Independência Nacional, em 11 de Novembro de 1975. A cooperação e coordenação com os movimentos africanos que lutavam para alcançar a Independência do continente foi uma das prioridades da agenda política do Egipto, o que deu lugar à abertura, no Cairo, do escritório do MPLA, em 1965.
O embaixador do Egipto acreditado em Luanda defendeu, este mês, maior intercâmbio entre Angola e o seu país no domínio político. Khaled Hassan Abdelrahman falava à imprensa no final de uma audiência que lhe foi concedida pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, com quem avaliou as vias para o estabelecimento da cooperação parlamentar.
O relançamento da cooperação parlamentar, disse, deve passar pela troca de visitas dos deputados para que possam conhecer as potencialidades de cada um dos países nos mais variados domínios, e pela formação no domínio da diplomacia económica e jornalismo, através das comissões que versam sobre as relações exteriores de cada um dos parlamentos.
Khaled Hassan Abdelrahman considerou a relação entre Angola e o Egipto “bastante forte”, mas acredita que a troca de visitas de deputados irá tornar a amizade ainda mais sólida. No domínio comercial, o diplomata expressou a necessidade de expansão dos negócios entre os dois países.
Khaled Hassan Abdelrahman ressaltou o interesse manifestado por empresas egípcias em participar no processo de diversificação da economia angolana, nos mais diversos sectores, destacando as áreas do turismo e do desporto, uma vez que esta última contribui para a união dos povos.
Grandes Lagos
O ministro das Relações Exteriores, que é igualmente presidente do Comité Interministerial da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), está no Cairo para participar, hoje, num seminário com o tema “Rumo a uma resposta colectiva mais eficaz às ameaças de paz e segurança nesta região”. O Egipto não é membro da CIRGL mas acolhe o seminário pelo facto de ser um acompanhante muito atento à situação prevalecente na Região dos Grandes Lagos.
São membros da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, Angola (que actualmente preside a organização), Burundi, República Centro-Africana, Congo, República Democrática do Congo, Quénia, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.
A história da CIRGL começou no ano 2000, quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu uma conferência internacional sobre a paz, segurança, democracia e o desenvolvimento na Região dos Grandes Lagos. Mais tarde, a Secretaria da Conferência Internacional estabeleceu-se em Nairobi. Em Novembro de 2004, onze Chefes de Estado e de Governo dos países membros aprovou, por unanimidade, a Declaração sobre a Paz, a Segurança e o Desenvolvimento na região dos Grandes Lagos, em Dar es Salaam, Tanzânia. Este documento apresentou-se como uma declaração política com a intenção de abordar as insuperáveis causas profundas dos conflitos e limitações para o desenvolvimento regional.
Os Chefes de Estado e de Governo reuniram-se uma vez mais em Nairobi em 2006 para assinar o Pacto de Segurança, Estabilidade e Desenvolvimento da Região dos Grandes Lagos. O pacto incluía a Declaração de Dar es Salaam, os programas de acção e os protocolos. Isto marcou o final da fase preparatória e o começo do período de aplicação.