Jornal de Angola

Questões de entendimen­to

- ARNALDO SANTOS |

Rumo à Festa em que segundo o entendimen­to do Presidente da Unita, Isaías Samakuva se transforma­rão as nossas próximas eleições gerais - este ponto de vista foi expresso por ele, em entrevista concedida recentemen­te à Tv Zimbo - rumo então a essa Festa, absorvi-me em outros entendimen­tos.

Acudiram-me à mente coisas de somenos como por exemplo, a opinião dos outros angolanos. No entanto, O Presidente Samakuva estava convicto do melhor quando afirmou. - As eleições… é uma festa!

As nossas anteriores experiênci­as deixaram sempre azedumes e muitos mambos piores e os augúrios da sua própria vitória eram tão patentes que se calhar por isso, manifestou estranheza sobre as reportagen­s da TPA, sobre o estado organizati­vo da nossa Polícia e Exército. O que é que uma coisa tem a ver com a outra, pergunteim­e? Depois da sua já propalada vitória nas próximas eleições, estaria receoso sobre a eventualid­ade um golpe de Estado?

Ele não deixava de ter razão. Esse espectro não era de todo uma fantasia, por estas bandas. O Presidente Samakuva é um político com experiênci­a comprovada. Passado e presente tendem sempre a ser coetâneos. - Fazer mais como?

Na nossa curta tradição democrátic­a, estamos ainda a vivenciar a historia de os outros países mais calejados nessas lides tormentosa­s referentes as eleições gerais, e do comportame­nto daqueles que não gozam a Festa.

O Presidente da Unita não tinha dúvidas sobre essa eventualid­ade. A sua opinião procedia da certeza que venceria as eleições e se isso não acontecess­e, a sua organizaçã­o “tomaria as medidas adequadas.” A festa das eleições, era para si, inevitável.

Falei num meu mais-velho de idade e vivências comuns sobre a Festa. Tinha dúvidas…, pois, são muitas e diferente entre si, o entendimen­to que se pode ter sobre as festas. - Questionei dos sotaques…, e deambulei. Temia uma kilapanga, festa de confusão, e bordoada ou algo parecido mas não denunciei os meus receios.

Lembrei no mais-velho, um missosso de Óscar Ribas, mas ele custou de relacionar os casos. “Elela eie, uazele o maju*…” O provérbio não lhe conduzia directamen­te para o concerto entre Festa e eleições. Ele olhou-me pensativo e não respondeu. Cogitava na demora ajustada ao completo entendimen­to. Então no seu rosto foi-se desenhando um sorriso, quando ele mesmo retomou o provérbio entre dentes.

Era uma questão de sotaque e reapropria­ra de uma maneira mais familiar e até particular, o velho ditado. Ele era um dos que podia rir.

S: * Ri-te tu, que tens os dentes limpos.

Maianga, 2017

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola