Missão da ONU bombardeia rebeldes
A Missão das Nações Unidas na República Centro Africana (RCA) lançou no domingo um ataque aéreo contra um grupo “fortemente armado” perto de Bambari (centro), anunciou ontem uma fonte oficial.
“Cerca de 40 elementos da coligação dirigida pela Frente Popular para o Renascimento da Centro África [FPRC] fortemente armados com [espingardas] AK47 e RPG [granadas lançadas por foguetes] foram localizados no domingo de manhã a poucos quilómetros de Bambari”, explica no comunicado a Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro Africana (Minusca).
A missão da ONU interveio “entre as 08h00 e as 10h00” (locais e de Angola) “para impedir a progressão ofensiva da coligação”, desconhecendo-se o balanço da operação aérea. Um porta-voz da Minusca disse à agência de notícias France Press que a missão alertou a Cruz Vermelha Internacional para a possibilidade de haver feridos.
É a segunda vez, em várias semanas, que as forças da ONU intervêm contra homens armados que tentam avançar sobre esta cidade no centro do país. A região tem sido palco de um aumento da violência, devido ao conflito entre o FPRC e um grupo rival, a União para a Paz na Centro África (UPC), que se opõem por causa de impostos cobrados a pastores, da etnia fulani, que percorrem o país nesta altura do ano.
Na terça-feira da semana passada, a Minusca anunciou que quatro dos seus militares foram feridos por combatentes do FPRC na aldeia de Ippy, cerca de 100 quilómetros a noroeste de Bambari. No passado fim-de-semana, helicópteros da ONU abriram fogo sobre cerca de 300 homens que avançavam em direcção a Bambari, em carrinhas abertas com armas automáticas.
“A Minusca recorda que vai utilizar todos os meios à disposição para evitar uma escalada da violência que ponha em perigo a vida das populações civis”, lê-se no comunicado. Na sequência da ofensiva, o Conselho de Segurança apelou aos grupos armados para pararem imediatamente os combates e juntarem-se ao “diálogo para a paz e reconciliação.” ONU, Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), União Africana, Organização da Francofonia e a União Europeia emitiram na semana passada uma nota conjunta a condenar actos de violência por grupos armados na RCA.
No documento, estas instituições ressaltam que “todos os ataques à população civil e equipas humanitárias e da ONU podem ser sujeitos a processo judicial” e reiteram a importância da Iniciativa Africana para Paz e Reconciliação.
Actos de violência cometidos pelos grupos Front Populaire pour la Renaissance de Centrafrique e pelo Mouvement pour l’Unité et la Paix en Centrafrique, refere o documento, vitimaram muitos civis e causaram deslocamento significativo da população. ONU, CEEAC, União Africana, Organização da Francofonia e União Europeia exigem no comunicado que os grupos interrompam os combates imediatamente e ressaltam que “todos os ataques contra a população civil e equipas humanitárias e da ONU podem ser sujeitos a processo judicial” de acordo com a legislação da RCA e a lei internacional.
Manifestam “grande apreço” pela “acção robusta” realizada pela Missão da ONU na RCA (Minusca) para proteger civis e ajudar a pôr um fim à violência em áreas ameaçadas pelas milícias, encorajam a Minusca a continuar as suas acções e reiteraram a importância da Iniciativa Africana para Paz e Reconciliação, integrada pela União Africana, Ceeac e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, actualmente liderada por Angola.
Estas organizações manifestam no comunicado conjunto o compromisso de trabalharem juntas pelo sucesso da iniciativa, em apoio às medidas do Presidente Faustin-Archange Touadéra voltadas à promoção da reconciliação e governação inclusiva, em conformidade com as conclusões do Fórum de Bangui.
E advertem que os grupos armados que se envolverem em violência vão ser excluídos da Iniciativa Africana e que lhes vão ser aplicadas novas sanções internacionais.
As Nações Unidas têm cerca de 12 mil pessoas na República Centro Africana para restaurar a estabilidade, após os conflitos de 2013, na sequência da deposição do então Presidente François Bozizé por rebeldes islamitas Seleka.