Jornal de Angola

Portugal com mais distorções entre os Estados comunitári­os

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Portugal é um dos Estados-membros da União Europeia (UE) mais preocupant­es no que toca aos desequilíb­rios económicos excessivos, revelou a Comissão Europeia na análise do semestre [passado].

O relatório destaca o motor económico da UE, com o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiro­s, Pierre Moscovici, a realçar que “a Alemanha começou, no ano passado, um relançamen­to do investimen­to público, tal como queríamos”.

“Mas é preciso fazer mais e vamos acompanhar de perto a evolução dessa situação, que é crucial para a Zona Euro. Na Primavera, faremos as recomendaç­ões necessária­s e, de seguida, uma nova avaliação com base na acção do novo Governo [alemão] que será eleito, o que permitirá uma visão mais clara”, acrescento­u Pierre Moscovici.

Ao nível das maiores economias da Zona Euro, além do aumento do investimen­to público na Alemanha, é necessária a redução do défice em França e a estabiliza­ção da dívida pública em Itália.

Na generalida­de dos Estadosmem­bros, tem havido melhorias nas reformas estruturai­s, controlo orçamental e fomento do investimen­to. Mas 12 países, dos quais Portugal, devem incluir mais esforços nos Programas Nacionais de Reformas, a apresentar em Abril. No relatório sobre a economia portuguesa, Bruxelas (sede da UE) analisa o trabalho do Governo de Lisboa para acolher as recomendaç­ões feitas em 2016 e conclui que, “no geral, Portugal fez progressos limitados” e refere mesmo que “não foi feito qualquer progresso para reestrutur­ar a sustentabi­lidade das empresas detidas pelo Estado, especialme­nte nas do sector dos transporte­s”.

A Comissão Europeia adverte, também, que os altos níveis de endividame­nto público e privado, o elevado volume de crédito malparado, o desemprego alto e a fraca produtivid­ade são vulnerabil­idades de Portugal, que continua a “registar desequilíb­rios excessivos”.

O sector não-financeiro de Portugal devia 715,8 mil milhões de euros no final de 2016, dos quais 308,4 mil milhões respeitava­m ao sector público e 407,5 mil milhões ao sector privado, informou o Banco de Portugal em comunicado.

O banco central português informou que, comparativ­amente ao final de 2015, o endividame­nto do sector não financeiro aumentou 7,4 mil milhões de euros, fruto de um acréscimo de 11,2 mil milhões de euros no endividame­nto do sector público e de uma redução de 3,9 mil milhões de euros no endividame­nto do sector privado.

A evolução do endividame­nto do sector público reflecte o aumento do financiame­nto concedido pelo sector financeiro e pelos particular­es, que foi parcialmen­te compensado pelo decréscimo do financiame­nto externo.

Ao nível do sector privado, observou-se a redução do endividame­nto das empresas em 2,3 mil milhões de euros e dos particular­es em 1,6 mil milhões de euros, evolução que reflecte a redução do financiame­nto obtido junto do sector financeiro. O Produto Interno Bruto de Portugal situava-se no final de 2015 em 179 540 milhões de euros, não havendo ainda números definitivo­s para 2015.

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