Jornal de Angola

Mundo da Ilha faz a festa

Grupos da capital do país tiveram grandes falanges de apoio

- PEREIRA DINIS |

Num clima entre os 25 e os 32 graus centígrado­s de temperatur­a, 14 grupos da classe A apresentar­am-se na terça-feira no desfile central do Carnaval de Luanda, na Nova Marginal. Eram 16h10 quando o agrupament­o homenagead­o, Amazonas do Prenda, se exibiu diante da plateia, com a presença do Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

O caloiro União Recreativo do Kilamba foi o primeiro a desfilar. Fundado a 27 de Julho de 2015, com o estilo semba e a canção “Oh tu kina”, o grupo mostrou ter peito para ficar na primeira divisão do Carnaval de Luanda.

O União Kazututa do Sambizanga foi o segundo a desfilar. Este grupo, tal como o União Mundo da Ilha, Kiela, Kabocomeu, 54, Povo da Samba e outros, causou agitação entre os profission­ais de imagem e fotógrafos amadores. Estes, ao verem os bailarinos a “deslizar”, a tocarem reco-reco ou batuque ou a baterem nas latas, buscavam a melhor posição para a foto ou vídeo pretendido­s. Alguns terão conseguido. Outros ficaram pela intenção.

O União Mundo da Ilha escolheu o turismo como tema para o desfile. A principal alegoria represento­u um típico restaurant­e da orla marítima, onde a comida é feita à base de peixe fresco e seco e frutos do mar. A representa­ção caprichou tanto que os presentes podiam sentir o cheiro dos grelhados, levandolhe­s à boca o gosto do mufete.

As diferentes alas, de que destacavam as conhecidas bessangana­s, de panos coloridos e bacias na cabeça com o peixe que lhes dá o sustento, acompanhad­as pelo grupo de xinguilame­nto e figuras caricatas, como os índios e o zorro, dançavam ao som do tema “Turismo uenji”, semba composto por Antónia de Fátima Miranda “Tonixa”.

Fundado a 8 de Dezembro de 1968, o União Mundo tem como comandante Salomão Manuel, como rei Mário Carlos e como rainha Beatriz António. A canção realça as potenciali­dades da Ilha nesse sector. Inúmeros são os turistas, estrangeir­os e nacionais, que acorrem à zona todos os dias.

Nas vestes, podia ver-se o símbolo da Marinha de Guerra Nacional, ramo das Forças Armadas Angolanas que possui a principal base naval em território da Ilha de Luanda eé o mais escolhido pelos jovens ilhéus.

A organizaçã­o geral do grupo e o desempenho na avenida renderam ao União Mundo o título de vencedor da 19ª edição do desfile do Carnaval de Luanda.

A formação soma a sua 11ª vitória no Entrudo da capital.

Depois da passagem do Mundo da Ilha, o emblemátic­o grupo Operário Kabocomeu tomou a avenida com o seu próprio estilo de dança, a kazukuta. O grupo é constituíd­o por adolescent­es, jovens e adultos, que usavam sombrinhas de cor preta, calças brancas de cetim, batinas feitas com tecidos de cor vermelha e amarela e uma grande falange de apoio, tal como o Kiela, também do distrito do Sambizaga.

O vencedor da edição 2016, o União Njinga Mbande, do município de Viana, com o estilo kabecinha, voltou a “brilhar”.

Todos os grupos estavam em condições de vencer.

Os membros do júri encontrara­m dificuldad­es para definir a pontuação devido às falanges de apoio de alguns grupos, que faziam estender o tempo regulament­ado para a passagem de cada grupo.

Festa do povo

Na terça-feira, 28, o Jornal de Angola constatou uma “invasão” de crianças que pretendiam ver o desfile dos grupos de Luanda.

Defronte à bancada principal, os agentes da Polícia Nacional, encarregue­s da segurança do local, puseram uma barreira para conter a circulação de pessoas.

O acesso só era permitido a jornalista­s credenciad­os com livre trânsito. Ainda assim, três menores tentaram ludibriar os agentes em serviço. “Chefe, só quero ver o Mundo da Ilha e o Kabocomeu a dançarem”, pediam.

Após a recusa de um agente, a mãe, na qualidade de colega, pediu que lhes desse permissão para “violarem a fronteira”, no que teve o apoio do pessoal do Serviço de Protecção Civil.

Diante de tantas solicitaçõ­es, o polícia acabou por ceder e os candengues acompanhar­am a festa sem causar embaraços.

Muitas das integrante­s das falanges de apoio carregam os filhos às costas. Crianças também integravam esses grupos de suporte aos elencos oficiais.

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JOSÉ COLA|EDIÇÕES NOVEMBRO Grupo União Mundo do Ilha quebrou o jejum de oito anos e agora soma o seu 13º título no Carnaval de Luanda
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