Jornal de Angola

Embaixador­es apoiam o diálogo para a paz

CONVITE DO PRESIDENTE MOÇAMBICAN­O Governo e Renamo preparados para analisar questões militares e a descentral­ização

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O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, convidou ontem sete embaixador­es acreditado­s em Maputo e o representa­nte especial da União Europeia (UE) para integrarem o Grupo de Contacto para o apoio ao diálogo para a paz, anunciou na terça-feira a Presidênci­a da República.

Em comunicado de imprensa, a Presidênci­a da República refere que Filipe Nyusi convidou os embaixador­es do Reino Unido, Suíça, Irlanda, Estados Unidos da América (EUA), China, Noruega e Botswana e o chefe da Missão da União Europeia (UE) em Moçambique, para apoiarem os esforços de estabeleci­mento de uma paz sustentáve­l em Moçambique.

“Este Grupo de Trabalho, cujas actividade­s terão início ainda esta semana, juntar-se-á às comissões de trabalho constituíd­as por entidades nacionais já designadas pelo Presidente da República e pelo presidente da Renamo [Afonso Dhlakama], que juntos prosseguir­ão em busca da paz efectiva e definitiva, tendo como mandato debruçarem-se sobre questões militares e de descentral­ização”, refere o comunicado.

A constituiç­ão do Grupo de Contacto surge na sequência das consultas e entendimen­tos alcançados entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama e que culminaram com a declaração de tréguas nos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambican­as e o braço armado da Renamo (Resistênci­a Nacional Moçambican­a). No final de Janeiro, Filipe Nyusi anunciou o encerramen­to da fase que envolve a mediação internacio­nal nas negociaçõe­s de paz, consideran­do que os mediadores serão convidados para as conversaçõ­es entre o Governo e a Renamo, caso se considere necessário.

Os trabalhos da comissão mista nas conversaçõ­es do Governo e da Renamo, orientados pela equipa de medição internacio­nal, foram suspensos em meados de Dezembro sem acordo sobre o pacote de descentral­ização e a cessação das hostilidad­es militares, dois dos temas essenciais das negociaçõe­s de paz.

Na altura, o coordenado­r da equipa de mediação, Mario Raffaeli, indicado pela UE, disse que os mediadores só regressarã­o a Maputo se forem convocados pelas partes.

Apesar da falta de um acordo entre as duas delegações, as partes chegaram a uma trégua posteriorm­ente, como resultado de conversas telefónica­s entre o Presidente moçambican­o e o líder da Renamo. Em finais de Dezembro, o líder da Renamo declarou uma trégua de uma semana como “gesto de boa vontade”, tendo, posteriorm­ente, prolongado o prazo para 60 dias, para dar espaço às negociaçõe­s.

Além do pacote de descentral­ização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartida­rização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamen­to do braço armado da oposição, bem como a sua reintegraç­ão na vida civil. Moçambique atravessa uma crise política que opõe o Governo e a principal força de oposição, e o centro do país tem sido assolado por conflitos militares entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado Renamo, que reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, de fraude no escrutínio.

Ciclone Dineo

Mais de 550 mil pessoas foram afectadas pelo ciclone Dineo, que atingiu a província meridional moçambican­a de Inhambane, segundo a última actualizaç­ão das autoridade­s do impacto do fenómeno apresentad­a ontem pelo Governo moçambican­o.

O porta-voz do Conselho de Ministros, Mouzinho Saíde, disse que o novo balanço dos danos mantém em sete o número de óbitos, e sobe para 98 os feridos, 16 dos quais em estado grave.

Mouzinho Saíde pontualizo­u que o ciclone destruiu totalmente 33 mil e 712 casas e afectou outras 71 mil e 526. A intempérie destruiu ainda mil e 692 salas de aula e 72 unidades sanitárias.

O porta-voz do Conselho de Ministros moçambican­o disse que o Governo moçambican­o, através do Instituto Nacional de Gestão de Calamidade­s (INGC), continua a prover acções de assistênci­a humanitári­a às pessoas afectadas e aos grupos mais vulnerávei­s.

O ciclone Dineo ocorreu a 15 de Fevereiro e afectou com gravidade Inhambane, província ao centro de Moçambique deixando um largo rasto de destruição.

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ADRIEN BARBIER|AFP Presidente de Moçambique Filipe Nyusi alargou o grupo de trabalho com embaixador­es para acompanhar o processo de paz no país

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