Milhares de pessoas recebem alimentos
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas realiza desde segunda-feira a distribuição de alimentos para mais de 36 mil de pessoas refugiadas em pântanos e ilhas da região sul-sudanesa de Thonyor, informou ontem à imprensa uma fonte da organização mundial.
As populações concentradas no condado de Leer, na província de Unidade, procuram auxílio que inclui alimentos, cuidados médicos e tratamento nutricional.
A direcção do Programa Alimentar Mundial para o Sudão do Sul disse que durante a semana os alimentos são lançados por helicóptero pelo Mecanismo de Resposta Rápida da agência, que também transporta médicos e artigos nutricionais para a região.
Os profissionais de saúde vacinam as pessoas contra a cólera e depois seguem para detectar casos de desnutrição em outros locais em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Para as entregas programadas para esta semana foram preparadas áreas para os lançamentos aéreos tanto de alimentos como de suprimentos nutricionais.
O auxílio é dado dias depois da declaração oficial de fome em áreas do Estado de Unidade, feita pelo Governo do Sudão do Sul, que conseguiu mobilizar organizações de carácter social e governos.
O país faz parte das quatro nações que no total têm mais de 20 milhões de pessoas a enfrentar altos níveis de insegurança alimentar. Os outros são a vizinha Somália, a Nigéria e o Iémen. A comunidade internacional está preocupada e pediu o empenho de todos os países para retirar as pessoas da situação de alto risco.
Seca é catástrofe nacional
O novo Presidente somali, Mohamed Abdullahi Mohamed, decretou na terça-feira, em Mogadíscio, como “catástrofe nacional”, a grave seca que assola o seu país, em que, segundo as agências humanitárias, a fome ameaça pelo menos três milhões de pessoas, noticiou a AFP.
“O Presidente apelou à comunidade internacional a reagir com urgência face à catástrofe, a fim de ajudar as famílias a recuperarem dos efeitos da seca para evitar uma tragédia humanitária”, refere a Presidência somali num comunicado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu na segunda-feira que a Somália corria o risco de conhecer uma terceira situação de fome em 25 anos. A última foi registada em 2011, resultado de uma anterior grave seca no Corno de África, agravada pelo conflito armado com os terroristas islâmicos shebab que matou 260 mil pessoas.
Situado no Corno de África e privado de um Estado digno desse nome há mais de duas décadas, a Somália é, tal como o Iémen e a Nigéria, um dos três países à beira de uma catástrofe humanitária causada pela fome, já declarada no Sudão Sul, onde o flagelo atinge 100 mil pessoas. Mais de 20 milhões de pessoas correm o risco de morrer de fome nestes quatro países.
A OMS estima que na Somália mais de 6,2 milhões de pessoas, ou seja, metade da população, necessita de uma ajuda humanitária de urgência, incluindo quase três milhões de pessoas que sofrem de fome. De acordo com a agência da ONU, mais de 363 mil crianças estão gravemente malnutridas, entre as quais 70 mil gravemente desnutridas necessitam com urgência de ajuda.
A seca provocou a propagação da diarreia aguda, da cólera e do sarampo, e pelo menos 5,5 milhões de pessoas estão em risco de contrair doenças transmitidas pela água. Segundo um sistema de classificação, a escala IPC, a fome é declarada em mais de 20 por cento da população de uma região com acesso bastante limitado aos alimentos básicos.