Azevedo admite tempos difíceis
O director-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo, reconduzido hoje por quatro anos no cargo, afirmou que o Mundo está perante “tempos difíceis” e observase um regresso ao proteccionismo.
A recondução deste diplomata, com uma vasta experiência na Organização Mundial do Comércio, não surpreendeu ninguém em Genebra, onde está a sede da OMC, até porque mais nenhum candidato tinha concorrido ao cargo.
Roberto Azevedo, de 59 anos, disse aos jornalistas que a organização que dirige estava “mais forte hoje do que em 2013”, data em que passou a liderar a OMC, substituindo o francês Pascal Lamy. “Estes são tempos difíceis para o multilateralismo comercial”, disse Roberto Azevedo, sem se referir a Donald Trump, o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), prosseguindo que “a ameaça do proteccionismo não pode ser ignorada”.
Questionado pelos jornalistas sobre a nova política comercial dos EUA, o director-geral da OMC recusou-se a fazer qualquer comentário, embora numa entrevista dada ao semanário alemão Bild tenha dito que, “sem livre comércio, os americanos nunca serão grandes”, numa alusão ao “slogan” da campanha eleitoral de Donald Trump, que lembrava “devolver a grandeza à América”.
Durante a campanha eleitoral, Donald Trump ameaçou tomar medidas ao nível do comércio internacional contra a China e o México, além de excluir os EUA das negociações sobre o Tratado de Livre Comércio Transatlântico. “Não deveríamos utilizar palavras que nos levassem a uma guerra comercial”, advertiu o director-geral da OMC.
Comércio no G-20
O comércio externo dos países do G-20 continuou a crescer nos últimos três meses de 2016, o que acontece pelo terceiro trimestre consecutivo, avançou ontem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Apesar do aumento dos preços das matérias-primas e da recuperação das exportações na China, o comércio externo dos G-20, grupo das principais economias do Mundo, manteve-se na ordem dos dez por cento, embora abaixo do nível anterior à crise de 2008, refere a instituição em comunicado.
Segundo os dados hoje publicados pela OCDE, as exportações do G-20 aumentaram 1,5 por cento no quarto trimestre do ano passado, depois de ter registado um crescimento de 0,3 por cento no trimestre anterior. As importações, por seu turno, subiram 0,8 por cento, a um ritmo ligeiramente superior aos 0,7 por cento observados no terceiro trimestre de 2016.
A China, o primeiro exportador mundial, exportou 0,9 por cento nos últimos três meses do ano, depois de quatro trimestres consecutivos de queda. As importações chinesas, por sua vez, cresceram a um ritmo superior, a 3,6 por cento, o que levou ao menor excedente comercial desde o terceiro trimestre de 2014. As exportações cresceram 1,3 por cento na Alemanha no período em análise, subiram 0,8 por cento no Japão, aumentaram 0,8 por cento nos EUA e cresceram 0,7 por cento na Itália.