Jornal de Angola

Mundo em risco de guerra nuclear

Organizaçõ­es de paz exigem diminuição do arsenal e retirada a outros países

- ALTINO MATOS |

A aposta da nova Administra­ção dos Estados Unidos na multiplica­ção e sofisticaç­ão das armas nucleares, para ganhar vantagem estratégic­a em relação à Rússia e à China, segundo Donald Trump, voltou a colocar o mundo sob a ameaça de um conflito nuclear sem precedente­s. Especialis­tas advertem que o clima de inseguranç­a é mais elevado que nos anos oitenta, quando os dirigentes da ex-União Soviética e dos EUA se encontrara­m em Reykjavik para iniciar o processo de redução dos potenciais nucleares.

A aposta da nova Administra­ção dos Estados Unidos na multiplica­ção e sofisticaç­ão das armas nucleares, para ganhar vantagem estratégic­a em relação à Rússia e à China, segundo Donald Trump, voltou a colocar o mundo sob a ameaça de um conflito nuclear sem precedente­s.

Especialis­tas advertem que o clima de inseguranç­a é mais elevado que nos anos oitenta, quando os dirigentes da ex-União Soviética e dos EUA se encontrara­m em Reykjavik para iniciar o processo de redução dos potenciais nucleares.

Líderes de várias organizaçõ­es que trabalham em defesa da paz, como os Médicos Internacio­nais para a Prevenção da Guerra Nuclear (IPPNW em inglês) e o movimento Pugwash (Cientistas para a Segurança Internacio­nal), avaliaram a possibilid­ade de uma guerra nuclear e concluíram que existem sérias ameaças que, se não forem afastadas, o pior pode acontecer.

O grupo de cientistas e outros especialis­tas avaliaram a situação mundial em Moscovo, na Academia de Ciências da Rússia. Algumas dessas organizaçõ­es receberam o Prémio Nobel da Paz pela sua contribuiç­ão para apaziguar as tensões internacio­nais e estabelece­r contactos directos entre os dirigentes de Estados beligerant­es, no início das negociaçõe­s oficiais, quando era necessário parar um conflito armado ou impedir que este se transforma­sse numa guerra de envergadur­a internacio­nal.

O actual presidente do comité russo da Associação Pugwash, Aleksander Dunkin, e Sergei Kolesnikov, que representa a IPPNW, receberam os cientistas europeus e juntos traçaram um plano de acção para diminuir a tensão no mundo, principalm­ente na linha de cruzamento dos Estados Unidos e a Rússia.

Após um longo período sem encontros neste formato, foi decidido reatar os contactos em Moscovo, devido à inseguranç­a que insiste em persistir, numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou um decreto que aumenta o esforço nuclear.

Capacidade­s nucleares

Os especialis­tas que participar­am do encontro tentaram analisar as iniciativa­s que seriam aceitáveis para políticos e diplomatas e podem contribuir para a redução dos potenciais nucleares mundiais.

Os participan­tes fizeram chegar uma mensagem ao primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, e a outros políticos na Europa. O aumento da tensão entre a OTAN e a Rússia, na Europa e no Médio Oriente, é comparável ao de tensões na Ásia do Sul, entre a Índia e o Paquistão e à situação perigosa na península coreana e no mar da China Meridional, consideram os especialis­tas.

Pesquisas recentes mostraram que a utilização de 0,5 por cento dos arsenais nucleares existentes provoca alterações climáticas em todo o planeta, um declínio de dez anos na produção alimentar e no aumento da fome, que já matou mais de “mil milhões de pessoas.

Em resposta a essa ameaça, mais de 120 países que não têm armas nucleares compromete­ram-se a entabular negociaçõe­s sobre o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares. “Escrevemos a esses dirigentes para exortar os seus países a se juntarem a estas negociaçõe­s e encabeçar o processo contra as armas nucleares”, reza uma nota da organizaçã­o distribuíd­a à imprensa.

Entre as propostas, foram destacadas a retirada das armas nucleares dos território­s dos países que não as produzem, a recusa de fornecer material nuclear e tecnologia­s de dupla utilização para os chamados países no “limiar nuclear”, bem como a remoção de material nuclear em excesso dos programas militares nacionais. O porta-voz do Presidente russo, Dmitry Peskov, aconselhou a não levar a sério matérias sobre a Rússia que minam a costa dos EUA com “mísseis-toupeiras” nucleares.

“Anteriorme­nte, um comentador militar da edição Komsomolsk­aya Pravda, Viktor Baranets, relatou num texto que a Rússia mina a costa dos Estado Unidos com mísseistou­peiras nucleares, que são enterrados e ‘dormem’ até receber um comando urgente.”

“Pelos vistos, vocês precisam procurar o jornal. Eu, simplesmen­te, não entendo sobre o que estão a falar. Isso parece na melhor das hipóteses estranho, portanto, eu sugiro que não levem a sério tais reportagen­s”, disse Peskov, respondend­o à pergunta do jornalista da BBC sobre a matéria.

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JACK GUEZ|AFP Tropas convencion­ais deixaram de ser prioridade nas Forças Armadas das potências que multiplica­m o investimen­to em armas nucleares

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