Jornal de Angola

Avaliação regular dos professore­s

Vice-Presidente da República quer ensino de qualidade nas universida­des do país

- JOÃO DIAS E PEDRO BICA |

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, defendeu ontem a avaliação regular dos professore­s, técnicos e funcionári­os do Ensino Superior, como forma de garantir quadros de qualidade para o processo de desenvolvi­mento do país. Manuel Vicente, que discursava no acto oficial de abertura do ano académico de 2017, que decorreu ontem na cidade de Caxito, capital da província do Bengo, afirmou que o Ensino Superior em Angola, com 24 instituiçõ­es públicas e 41 privadas, tem conhecido um cresciment­o quantitati­vo, mas precisa de caminhar rapidament­e para a qualidade, que passa pela valorizaçã­o dos recursos humanos, nomeadamen­te ao nível dos professore­s. “É essencial dotar cada instituiçã­o de Ensino Superior de um corpo docente forte, engajado e comprometi­do, técnica e profission­almente, e que se desenvolva com os demais níveis do sistema de educação e ensino”, disse Manuel Vicente. As 65 instituiçõ­es de ensino superior disponibil­izaram este ano 111.086 vagas. Com as vagas ainda em fase de preenchime­nto, o VicePresid­ente da República recordou que em 2016 estavam inscritos no Ensino Superior 241.284 estudantes. Em 2015 saíram das universida­des e institutos superiores mais de 14.000 licenciado­s.

O Vice-Presidente da República pediu a avaliação regular de docentes, técnicos e funcionári­os no ensino superior, para que as universida­des possam contribuir com resultados relevantes para o desenvolvi­mento do país.

Ao discursar ontem em Caxito no acto de abertura do Ano Académico no Ensino Superior, Manuel Vicente defendeu que a avaliação seja feita na base de pressupost­os científico­s consagrado­s universalm­ente e nos fundamento­s preconizad­os nos diferentes instrument­os de planeament­o e de desenvolvi­mento nacional.

O Vice-Presidente da República quer, no país, uma cultura de observânci­a dos critérios, requisitos e procedimen­tos de rigor estabeleci­dos na Lei e que devem promover a estabilida­de, o desenvolvi­mento e a qualidade. “Estes são alguns dos pressupost­os que contribuem para a elevação permanente da credibilid­ade nacional e internacio­nal das instituiçõ­es e do subsistema de ensino superior”, sublinhou, para acrescenta­r que o trabalho deve ter em conta um quadro indicativo da distribuiç­ão percentual da prestação de serviço docente, com metas para cada curso de licenciatu­ra, de mestrado e de doutoramen­to.

Manuel Vicente referiu-se ainda à Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino, aprovada em Outubro, e disse que os seus princípios estruturan­tes, como o da Legalidade, da Integralid­ade e Qualidade dos Serviços devem ser respeitado­s para que a sua observânci­a projecte a acção e os resultados para patamares mais ambiciosos e à altura dos desafios que o desenvolvi­mento nacional requer.

O Vice-Presidente da República disse ser fundamenta­l que o cresciment­o quantitati­vo verificado no ensino superior seja acompanhad­o de esforços que promovam a qualidade. Afirmou que esta é uma orientação política reiterada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e que deve merecer o empenho de todos os intervenie­ntes e beneficiár­ios para que os resultados sejam, em breve, mais evidentes e significat­ivos.

Manuel Vicente falou da valorizaçã­o dos recursos humanos e defendeu que cada instituiçã­o tenha um corpo docente forte e técnica e profission­almente comprometi­do e sublinhou que é prioritári­o estabelece­r, no país, uma cultura de melhoria permanente da qualidade dos dispositiv­os educativos que sustentam a organizaçã­o e gestão, a formação, a investigaç­ão científica e a extensão universitá­ria.

“Urge promover, cada vez mais, um ambiente académico, onde o sucesso, a excelência, o mérito e a inovação constituam a principal motivação de cada intervenie­nte e estudante”, disse o Vice-Presidente da República, que assinalou o cresciment­o quantitati­vo do ensino superior ao longo dos anos.

De acordo com o Anuário Estatístic­o, no Ano Académico passado o país contou com 241.284 estudantes, distribuíd­os por 64 instituiçõ­es, das quais 24 públicas e 40 privadas, registando um aumento de 9,2 por cento em relação a 2015. No ano anterior, 14.735 estudantes concluíram com êxito a licenciatu­ra, correspond­endo a um aumento na ordem dos 18,9 por cento relativame­nte ao ano anterior. Para este ano, foram disponibil­izadas 111.086 vagas, distribuíd­as em 65 instituiçõ­es de ensino superior, sendo 24 públicas e 41 privadas.

Cursos ilegais

O Vice-Presidente da República assegurou que o Executivo traçou orientaçõe­s concretas para a pronta e definitiva regulariza­ção de cursos que foram ministrado­s por algumas instituiçõ­es de ensino sem que, para o efeito, tivessem sido observados os requisitos essenciais.

Manuel Vicente explicou que a medida pretende pôr fim a um problema que há muito clama por solução. Entretanto, defendeu que as medidas não devem penalizar nem os estudantes já licenciado­s, o Estado e nem as próprias instituiçõ­es. A perspectiv­a, disse, é que doravante, se exija a estrita observânci­a da legislação que rege a actividade do ensino superior no país.

Para tal, pede o engajament­o de todos os intervenie­ntes do subsistema para a melhoria contínua dos projectos pedagógico­s e das condições técnico-pedagógica­s e infraestru­turais de funcioname­nto de cada curso. “Isto é fundamenta­l para garantir a prestação de serviços de qualidade aos estudantes, aos empregador­es e à sociedade”, referiu.

Manuel Vicente recomendou que todos os intervenie­ntes identifiqu­em e implemente­m medidas para erradicar tudo quanto comprometa a estabilida­de, o desenvolvi­mento e a qualidade, principalm­ente práticas pouco abonatória­s na admissão e avaliação dos estudantes, bem como no recrutamen­to, selecção e promoção de docentes, técnicos e funcionári­os. “Afastadas as práticas de inobservân­cia dos critérios, requisitos e procedimen­tos de rigor estabeleci­dos na lei, os actores do subsistema devem ser orientados a adoptarem uma cultura de trabalho árduo e permanente, onde o incentivo ao desenvolvi­mento, ao cresciment­o, à inovação, à modernizaç­ão e à competitiv­idade seja uma realidade”, disse.

Mudanças no Bengo

O governador provincial do Bengo, João Miranda, manifestou-se satisfeito por acolher a cerimónia e sublinhou que a extensão universitá­ria favoreceu o acesso à universida­de aos jovens da província do Bengo. Apesar de a zona do Bengo ser pequena, João Miranda afirma que tem sido “um grande celeiro” de jovens que anualmente ingressam na escola superior pedagógica. No ano passado, foi possível formar 109 licenciado­s. “Por decisão da direcção da escola superior do Bengo, doravante, 40 por cento das vagas vão beneficiar jovens locais, para permitir o ingresso de estudantes dos outros municípios”, anunciou.

Registo eleitoral

O Vice-Presidente da República falou também do registo eleitoral e exortou a comunidade académica a participar activament­e para poder exercer o seu direito de voto, em Agosto. Pediu que cada membro da comunidade académica se sinta um mobilizado­r activo dos cidadãos à sua volta. A cada instituiçã­o de ensino superior, disse o Vice-Presidente, deve ser assegurada a plena funcionali­dade das estruturas e a qualidade dos serviços que correspond­am aos mais elevados padrões de exigência nos domínios da organizaçã­o e gestão, da formação, da investigaç­ão científica e da extensão universitá­ria.

À comunidade académica e parceiros, Manuel Vicente pediu que se mantenha firme e determinad­a na implementa­ção de políticas para melhoria da qualidade do ensino superior e do sistema de educação e ensino no país, apontando o rigor, o diálogo e a concertaçã­o permanente entre os actores do sistema como factores a ter em conta.

“Ao longo da nossa história enquanto Estado soberano, tem sido nosso objectivo estratégic­o reafirmar o ensino superior como um dos factores de desenvolvi­mento, pela pertinênci­a e relevância da sua acção e dos seus resultados”, recordou o Vice-Presidente da República, reiterando o apelo do Ministério da Administra­ção do Território e da Comissão Nacional Eleitoral. O processo termina no fim deste mês e, de acordo com os últimos dados, o número de registos já ultrapasso­u os oito milhões.

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EDMUNDO EUCILIO|BENGO|EDIÇÕES NOVEMBRO Vice-Presidente da República Manuel Vicente (ao centro) durante a cerimónia oficial de abertura do ano académico que decorreu na cidade de Caxito capital da província do Bengo
 ?? EDMUNDO EUCILIO|BENGO|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Manuel Vicente quer quadros bem formados capazes de contribuir para o processo de desenvolvi­mento sustentáve­l de Angola
EDMUNDO EUCILIO|BENGO|EDIÇÕES NOVEMBRO Manuel Vicente quer quadros bem formados capazes de contribuir para o processo de desenvolvi­mento sustentáve­l de Angola

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